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Lena afundou o pé no acelerador. O coração batia tão rápido quanto o carro e a pressa de chegar em casa estava lhe angustiando. Avançou três sinais vermelhos e continuou a medida que sua respiração foi falhando. A primeira coisa que pensou foi que teria um ataque cardíaco. Seria prudente estacionar o carro e ligar o pisca alerta, mas seu medo era tanto que chegar em casa parecia ser a melhor solução para aplacar seu pânico. Precisava estar em seu quarto. Em segurança.

Ao chegar em sua rua, largou o carro de qualquer jeito na calçada. Tamanha sua pressa que a chave ficou esquecida na ignição. As mãos trêmulas lutaram para destrancar a porta que fechou em seguida com um estrondo ensurdecedor. Subiu as escadas com o barulho das buzinas, carros, vozes e mais vozes zunindo em seus ouvidos.

Ela mesma não conseguia compreender o que se passava por sua mente. Os pensamentos turbulentos e invasivos lhe tiravam todo o controle e estabilidade quando bombardeavam seus melhores pensamentos com desgraças absurdas e às vezes, até irreversíveis. Não sabia se este era o processo para perder a noção, mas tinha certeza que os passos eram semelhantes ao que vinha vivendo.

Furiosa consigo mesma por não controlar as infinitas caixas, se fechou no banheiro a fim de que o isolamento ajudasse a se regular ou ao menos a respirar melhor. O som de todo ambiente parecia ter se transformado em várias pessoas gritando em seu ouvido. Desesperada arrancou violentamente o aparelho auditivo de si o jogando longe e tampou os ouvidos como se fosse ajudar a cessar todo barulho, infelizmente, ele estava somente dentro de sua cabeça. A pressão de não compreender o que se passava a derrubou e sem se importar com a quantidade de germes, Lena deslizou até se sentar no chão do banheiro, pressionando cada vez mais os ouvidos até começar a bater nos mesmos.

"Estou com defeito! Estou com defeito! Estou com defeito!" Repetia em voz alta. A cada golpe aplicava mais força, não percebendo a presença da esposa.

- Zhao?! - Kara ajoelhou desesperada na frente da amada - Meu deus, Lena! - Parou os pulsos da menor que se esperneou para que a largasse - Amor pare! - Sentou sobre as coxas pálidas com um joelho de cada lado de a abraçou prendendo seus braços - Lena por favor - Sentiu os olhos lacrimejar sem entender o que diabos estava acontecendo - Amor... - Subiu uma mão até os cabelos negros, até o ouvido esquerdo. Seu coração errou ao sentir o líquido quente. Olhou aterrorizada a ponta dos dedos manchadas pelo sangue - Droga - Procurou pelo chão o aparelho  espatifado e logo o encontrou em pedaços. Kara sentiu o corpo tremer embaixo de si. A morena chorou de forma audível sendo embalada pela maior que não podia fazer nada além de chorar em silêncio. Impotente.

Alguns minutos depois o corpo da menor parou de tremer, agora ela apenas soluçava. Kara contou até cinco para se certificar de que solta-la já era algo seguro. Recuou para poder olhar a mulher. Lena sequer levantou a cabeça para vê-la, tamanha era sua tristeza no momento. Kara ergueu o queixo da mesma para que a visse mas a mão da menor a afastou.

"Eu estou bem aqui, e não vou a lugar nenhum"

Sinalizou. Lena respondeu com uma lágrima solitária e fechou os olhos, exausta.

***
Oi...
Volto logo com o próximo, não se preocupem!

Extremos R#004 - SUPERCORPWhere stories live. Discover now