Capítulo 01

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"Quando pensei se realmente valia a pena"

E quem é o garotinho indefeso que foge da Igreja de novo? De fato, não podia ser Hwang Hyunjin. Ele já não era um tremendo pecador? E continuaria a pecar? Que pequeno estorvo.

Suas lágrimas voavam de seu rosto uma vez que corria rápido o suficiente para que não escorressem devidamente, apenas sendo arrastadas por seu rosto fino e pálido e deixando sua pele grudenta, morreria de nojo se tivesse tempo, mas agora só pensava em o que aconteceria se pulasse aquela cerca de novo, o que aconteceria se a maldita freira falasse à sua mãe que estava matando cultos pela pressão psicológica que era colocada em cima de si apenas por ser inocente, por se apaixonar de uma maneira pura quando tinha apenas oito anos? Ele com certeza teria que aguentar agressão, física ou psicológica, e as palavras más de sua genitora.

Essa foi a primeira vez que Hyunjin pensou: "Vale a pena mesmo?"

Só que isso se tornou algo além de uma opção quando avistou ao longe a burca preta e branca, a saia longa, aquela mulher raivosa que corria em sua direção com a mesma régua quebrada que mais cedo havia uma partido o objeto de madeira em sua própria mesa após bater algumas vezes em suas mãos, não tinha porcentagem de desgraças que acabassem com seu medo agora, ele pulou a cerca com tanta rapidez que sequer acreditou, o efeito da adrenalina era assim tão... Poderoso? Enfim, tinha que ser o suficiente para que nos próximos 30 segundos sumisse no morro verde e rural que havia direto. Felizmente, funcionou. Ele chegou ao topo do morro e correu mais um pouco, das vezes que passou tardes e manhãs ali naquele bosque relativamente grandes já sabia o caminho de sua árvore favorita pra chorar, a árvore que chamava carinhosamente de "cantinho da decepção", onde refletia se todos os seus pecados tinham a chance de um dia serem perdoados, em que questionava a existência de Deus por deixá-lo sofrer tanto e que às vezes machucava a si próprio por duvidar de seu criador, era o lugar que ele se sentia limpo quando não era o ser humano mais sujo do mundo.

Parando de correr aos poucos quando não escutou mais os gritos afobados da freira no qual o nome nem gostava de ouvir, ele foi com cautela até o lugarzinho verde, olhando apenas o chão cheio de mato macio, aquele que havia se arrependido em ter pisado quando estava de bermuda pois causou uma coceira e vermelhidão Insuportáveis nas panturrilhas no dia seguinte, observando o vento leve levar algumas folhas caídas no chão, bem verdes e cintilantes já que era a época delas. Quando finalmente chegou perto, pôde ver que seu cantinho não estava solitário como sempre. Lá tinha um jovem sentado abaixo da árvore, um suéter amarelo e blusa social totalmente branca com manchas de terra, uma calça preta e, o mais marcante, chorando...?

Ao chegar mais perto, notou que não só seu rosto estava vermelho, seus olhos, orelhas, ponta dos dedos, ele parecia depressivo, mas na verdade estava se irritando consigo próprio já que, por mais que coçace o nariz e tentasse aliviar-se um pouco, era totalmente inútil, continuava igual e até ficando pior.

Que menino idiota.

Uma vez que Hyunjin se aproximou e seus olhos vermelhos e inchados de choro se encontraram com os olhos felinos, nenhum dos dois teve coragem de se pronunciar primeiro. Uma vez que o garoto de suéter amarelo estava todo vermelho, os olhos irritados e parecendo estressado, normal. O moreno tirou da visão o cabelo que o atrapalhava de enxergar precisamente a situação que, se não fosse chata demais, seria engraçada. Encarou o desconhecido tirar da bolsa um colírio e pingar nos olhos enquanto choramingava, era tão fofo. Hwang ficou estático ali e pareceu não se importar em quem era o real estranho da situação, ele quem estava encarando em silêncio um jovem passando por uma crise alérgica por ter roubado seu cantinho do choro ou o jovem que apenas reclamava e xingava de forma quieta, a real era que nenhum deles estava cem por cento incomodado, o moreno alto ainda menos, já que foi o primeiro a tirar o silêncio de sua dominância.

— É uma alergia? — A reação do jovemde suéter amarelo foi de supresa, o coreano deixou um sorrisinho escapar ao vê-lo fungar para não passar vergonha com ranho escorrendo pelo nariz na frente de um desconhecido, parecia que segurava os espirros também.

— O pólen... Eu tenho sinusite.

Oh...

Por que diabos está num lugar como esse tendo alergia ao pólen?!

Era casual e desrespeitoso de certa forma, e por sorte o jovem não se ofendeu. — Eu precisava ficar um pouquinho longe do mundo, então vim pra cá... Não tive outra opção.

Não podia ser... O jovenzinho tinha os mesmos motivos, então?

— Eu entendo.

— Entende?

Mais do que ninguém. — Ao notar a bolsa pequena em formato de violino antes escondida de sua visão, alguns fios se conectam em sua cabeça. A igreja tinha uma orquestra, e Hyunjin queria há tempos saber quem era o garoto que o padre sempre reclamava pelos atrasos frequentes. Observou suas mãos roxas, um dos dedos com um curativo mal feito, provavelmente feito pelas mãos que julgou serem desastradas, seu cabelo bagunçado, pôde reparar até nas pequenas manchas de acne, linhas de expressão e tudo de mais normal e não natural que o adolescente em sua frente tinha, uma mistura de puberdade e agressão. — Violinista, você? — Perguntou sem medir os filtros, queria saber se seus parafusos realmente estavam soltos.

E o homenzinho corou. — Oh... Sim, mas não por vontade própria... — Parecia se sentir patético por estar se abrindo para um adolescente, mas o que perderia com isso? — Toco na igreja...

— Se ficar aqui vai se atrasar de novo. — O viu gelar, mas Hwang por outro lado continuou tranquilo. — Como é que é seu nome? Sou Hwang Hyunjin

— É... Yang Jeongin, me chamo Yang Jeongin. É um prazer...

O nome não lhe caiu desconhecido, Hyunjin estava mais que certo que aquele encontro faria de sua fuga um pouco mais divertida. O moreno jogou a mochila que carregava nas costas no chão, amassando algumas das lindas flores amarelas que enfeitavam o chão, tirou do bolso pequeno um pacote de lenços e entregou ao Yang. — Pegue o tanto que precisar. — Gentil, ele se sentou na terra verde, colocou a cabeça acima dos joelhos e esperou do jovem uma reação.

— Eu tenho lenços...

— Tem? Oh, mesmo assim. Caso precise, eu os tenho.

— Gentil... — Jeongin lançou a frase sem fim nem começo, mesmo ainda afetado pela alergia, ele sorriu tal qual uma criança. E, santo Deus, o quão fofo ele era sorrindo fazia Hyunjin ter vontade de pecar de novo, tanto que corou. — Muito obrigado, mesmo.

E de nada...?

☪︎ 𝐒𝐈𝐍𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora