Abismo do Silêncio

5.5K 305 313
                                    

"So many wasted nights with you

I still could taste it I hate it,

Wish I could take it back, 'cause

We used to be close, but people can go

From people you know to people you don't

And what hurts the most is people can go

From people you know to people you don't"

Selena Gomez

Draven

Explorando os recantos sombrios dos corredores desabitados, o eco de minhas pisadas percorria o mármore, dissipando as trevas ocultas. Apenas meu álter ego persistia, proporcionando conforto e familiaridade.

O constante aperto no peito, o suor nas mãos e têmporas.

A cada esquina, um espectro do passado parecia espreitar, curioso sobre meu destino.

Para onde eu estava indo?

Dirigia-me para enfrentar o maior demônio do meu passado: minha culpa.

Minha respiração ofegante misturava-se às passadas sólidas enquanto minha mente viajava para o passado, antes de tudo dar errado. No desfecho dessa história, meu maior arrependimento era ter sido um covarde.

Fui covarde. Não encarei a cruel verdade, deixei-me levar pelo amor, e agora permitia-me levar pelo ódio.

Algo dentro de mim gritava que era uma péssima ideia, mas a besta falava mais alto. Clamava por vingança, por uma garantia de que, dessa vez, faria tudo para evitar a repetição da história.

Não permiti que minha mente divagasse mais sobre o assunto, enquanto a tensão se esvaía de minha pele. A magia escorria, caindo ao chão como arrastada pela gravidade. A névoa negra deixava meus poros, dissipando-se pela atmosfera, como se os espíritos do lugar sentissem minha presença.

Todos sabiam da minha presença, algo expulso séculos atrás para nunca mais retornar.

No entanto, ninguém podia me impedir. Eram tolos aqueles que achavam que algum dia conseguiriam me deter. Me aprisionaram, mas nunca me derrotaram.

Pouco a pouco, fui me sentindo mais eu mesmo.

Não sentia mais aquele peso sobre minha pele, ocultando a escuridão que por baixo dela jazia.

Minhas passadas tornaram-se mais ágeis; eu não emitia mais ruídos enquanto caminhava pela extensão do corredor. Minha pele formigava com a hipersensibilidade e alta percepção dos meus arredores.

Respirei fundo, sentindo o ar gélido entrar em meus pulmões e escapar pela minha boca junto com mais sombras; a escuridão dentro de mim era infinita, mas para sempre conexa. Libertei meus poderes, permitindo que vagassem à minha frente, analisando o caminho, garantindo que nada desse errado dali em diante, assumindo um grande risco, libertando-me de minhas próprias amarras no território inimigo.

Tudo isso beirava a estupidez quando o guarda real de Umbralia estava nesse mesmo prédio que eu. Talvez tivesse enlouquecido, talvez tenha perdido o pouco de noção que me restava, mas me preocuparia com isso mais tarde, quando não estivesse parado na porta de uma mulher idêntica à outra que jurei matar caso a visse nesta ou em outras vidas.

Meus pés fixaram-se ao chão, de frente para a porta de madeira maciça na qual a havia deixado da última vez. A moça de cabelos escuros, contrastando com sua pele clara cheia de sardas, que um dia me encantaram de tal forma que perdia toda a razão.

Caminhando Em Direção Às SombrasWhere stories live. Discover now