Insurreição do Silêncio

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"Huddled masses talk in whispers

Situation's getting tenser

You should probably pay attention

Boy you know I'm born to win it

When I speak, my people listen

We could start a new tradition

All the children, men and women

Gather 'round to burn it down

We gon' start the kingdom from scratch"

— Tommee Profitt, Jung Youth


Draven

Foi uma sensação estranha quando acordei, eu não sabia onde eu estava, não me lembrava muito bem o que tinha acontecido. A única coisa que eu sabia era que minha cabeça estava doendo para caramba.

Quando abri meus olhos o ambiente estava claro demais, era como se algum Luminae estivesse projetando uma bola de luz acima de minha cabeça, por isso rapidamente fechei meus olhos que reclamaram pela claridade.

Pisquei várias vezes tentando me acostumar com o brilho e pouco a pouco, meus olhos se adaptaram me permitindo acessar o ambiente à minha volta.

Eu estava em casa.

Casa.

Eu estava olhando para um teto do que parecia ser uma casa, mas era um teto muito familiar. Era o teto da casa em que eu cresci.

Casa.

Levantei meu torso do chão me sentando, ainda no chão, e olhei a minha volta.

A pequena casa na qual eu cresci e passei toda minha infância. Nada tinha mudado. Tudo estava do mesmo jeito que eu tinha deixado quando fui embora. Estava tudo igual. Como podia tudo estar igual?

Algo tinha acontecido, eu sabia que sim. Sabia que tinha algo errado, meus instintos gritavam isso. O alarme soava alto para que eu me lembrasse, para que eu identificasse o que estava errado. Como um jogo de sete erros. O que estava fora do lugar?

Levantei-me do chão e olhei em volta. Os móveis, as paredes, o chão, [ID1] estava tudo igual.

Eu me encontrava na sala de estar, um cômodo modesto — igual ao restante da casa —, com paredes desgastadas e um chão de madeira rangente. Uma lareira de tijolos desgastados domina uma parede, enquanto o mobiliário simples, incluindo uma poltrona de couro gasto e um sofá de padrões florais desbotados, preenche o espaço. Uma luz amarelada da antiga luminária de pé cintila cortinados nas janelas, destacando fotografias antigas, livros empoeirados e pequenos bibelôs que contam histórias de décadas passadas.

Eu não entendia como. Nem o porquê. Eu sabia que tinha algo de errado com esse lugar. Essa não era minha casa, era só... visualmente exatamente igual a ela. Mas sensorialmente disparata.

Quando respirei profundamente, a certeza de que aquele não era meu lar tornou-se inegável. O ambiente carecia dos elementos familiares que compunham a essência da casa em que cresci. A ausência do reconfortante aroma de velas de baunilha, que minha mãe adorava acender, a falta dos livros antigos que ela folheava enquanto fingia ler, e a ausência da suavidade do edredom recém-lavado, que ela dedicava especial atenção todo último dia da semana, eram indícios inequívocos.

Caminhando Em Direção Às SombrasWhere stories live. Discover now