Capítulo 43

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               RAPHAEL VEIGA

Eu me senti como um menino de doze anos novamente. Em dois dias, eu iria jogar na porra da final da libertadores. Haveria um estádio  cheio de mulheres que usam o meu nome nas costas, e aqui estava eu me masturbando no chuveiro. Dizer que eu estava frustrado era pouco.

Quando disse a Bruna na semana passada que a bola estava no seu lado, eu não estava pensando em quantas vezes iria vê-la. A semana da final foi um frenesi da mídia, e vi seu lindo rosto todos os dias. Após o nosso
entendimento no vestiário, algo mudou e os sentimentos tristes e a raiva entre nós se foram. Até estávamos amigáveis, o que tornava extremamente difícil manter minhas mãos longe dela.

Na noite passada, ela esteve no campo de treino para entrevistar o treinador. Eu esperei como um maldito filhotinho só para levá-la até seu carro depois que terminou. Quando chegamos ao carro, ela estava com as costas
contra a porta, e eu sabia que, se a tivesse inclinado e reivindicado sua boca, ela não teria contestado. Eu estava mais certo do que nunca de que ela me queria, o que eu precisava agora era que ela estivesse certa de que eu era o que ela queria. Bruna precisava deixar o passado para trás e tomar a decisão de ficar comigo.

Então abordei intencionalmente um assunto que eu queria, sobre como João havia me entregado uma caixa com as últimas coisas da Marlene no Dia das Entrevistas. E casualmente mencionei que eu tinha enviado o crucifixo de Marlene para Yasmin, que agora vivia em outro estado. Ela havia dito que acreditava que nada tinha acontecido entre mim e Yasmin, mas eu precisava que ela soubesse que Yasmin não seria mais parte da nossa vida futura.

Naquela noite no hotel, após o funeral, Yasmin e eu tivemos uma longa conversa. Ela admitiu que tinha ido à minha suíte esperando que nós ficássemos juntos. Apesar de eu odiar ter machucado Bruna, a conversa entre nós dois precisava acontecer. Eu precisava dizer adeus a ela de uma vez
por todas, e ela precisava me ouvir dizendo-lhe para seguir em frente. Foi uma longa jornada para nós dois. Quando lhe desejei boa sorte, não havia mais nenhuma conexão nos mantendo juntos. E eu estava bem com isso. Seja qual fosse a fresta da porta que eu tinha deixado aberta para Yasmin, foi finalmente fechada de uma vez por todas.

Me ofereci para levar Bruna para o estádio hoje para a conferência de imprensa final, uma vez que ambos estaríamos participando, e fiquei extremamente chocado quando ela concordou. Ela me disse para lhe mandar
mensagem quando tivesse chegado, então eu não teria que estacionar, mas uma viagem de carro até o estádio não era tempo suficiente com ela. Então cheguei uma hora antes do combinado e toquei a campainha, fingindo que ela tinha misturado os horários.

— Desculpe. Eu pensei que você tinha dito onze.

Eu tinha.

— Não. Dez.

Quando abriu a porta, era óbvio que ela tinha acabado de sair do chuveiro. Seu cabelo estava molhado, e ela vestia uma calça de agasalho preta  e um top rosa sem sutiã.

— Bonito agasalho. — Bonitos seios. Aqueles benditos peitos estavam me saudando.

Ela se afastou para eu entrar.

— Não estou pronta, mas sou rápida. Terminarei logo.

Levantei uma sobrancelha. Ainda bem que eu tinha me masturbado há uma hora.

Bruna riu.

— Tão pervertido. — Ela acenou em direção à sala de estar. — Fique à vontade.

Assisti o balanço do seu quadril até que ela estava fora de vista, e, em seguida, me senti em casa. O lugar todo cheirava ao perfume dela. Sentei-me no sofá com o controle remoto e liguei a TV. Todas os canais estavam falando sobre a próxima partida. Os atletas são supersticiosos. Eu, por exemplo, não gosto de saber as probabilidades antes de um jogo, então apertei o botão de desligar e olhei em volta.

𝐎 𝐉𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫,𝐑.𝐕حيث تعيش القصص. اكتشف الآن