Capítulo III - A astúcia é o poder mais valioso

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- Está tudo bem? - diz Arthur, estendendo sua mão.

Adriel segura em seu amigo, se levanta, e devido ao seu movimento, pequeninos grãos de areia caem de suas vestes verdes e depois, Arthur passa a mão no rosto dele para também livrá-lo do restante da areia.

- Obrigado, eu estou bem - ele termina de soltar seus cabelos e seu olhar desvia-se, focando no ambiente ao redor deles.

O Sol brilha como uma joia rara, destacando-se no infinito cosmos em que ele esconde com a sua implacável luz e iluminando a interminável areia. As cores do solo são amareladas e alaranjadas, como se estivessem em chamas, o que não seria de surpreender-se nesse escaldante calor. E se o horizonte estivesse mais visível ao invés de parcialmente coberto por montes, seria possível contemplar um deserto sem fim.

- Precisamos de um abrigo, deve ter alguma caverna dentro de algum monte.

- Eu não vejo nenhuma entrada que poderia ser de uma caverna, como a encontraremos? - questiona o garotinho, tentando amarrar seus cabelos em um coque.

- Apenas siga-me.

O deserto é muito familiar para Adriel porque a maior parte do território que a fenda da casa de Hazael poderia teletransportar um absconditus, é desértico, além de que, os costumes humanos desse povo que vive aí, fora uma grande influência para a cultura da casa de Hazael, ao contrário da maioria dos outros absconditus, que influenciaram os povos que têm contato. Ele é rápido em encontrar uma possível entrada e começa a andar em direção à ela, sendo seguido por Arthur. Não demora muito para os dois chegarem perto de uma pequena fresta, Adriel vai na frente e consegue entrar, realmente é uma caverna com sombras frescas, seu amigo também entra e suspira, limpando o suor da testa.

- Espere por mim aqui, eu irei buscar alimentos e encontrar uma comunidade.

- Eu vou junto!

- Vai demorar e um druída não suportaria as condições do deserto por muito tempo, se você for comigo, ou vai me atrasar ou vai morrer no caminho.

- Tudo bem, eu te esperarei.

- Não saia daqui para não nos perdermos.

- Sim, meu rei - e ri.

- Muito bem, meu súdito preferido.

Adriel arruma seus cabelos em uma trança lateral, como de costume, e ajeita o seu tapa-olho, então sai da caverna. A luz solar é crescente, aumentando seu tamanho cada vez mais ao adentrar no deserto, o que não é nenhum problema para ele. Ele caminha, caminha, caminha, e o cenário parece o mesmo, areia, montes e mais areia, montes, areia, calor, entretanto ele não se cansa muito porque apesar de ser filho de uma humana, ele herdara somente o sangue de seu pai, um absconditus.

Horas depois, quando o Sol apressa para esconder-se abaixo do horizonte, criando um belo espetáculo celeste, pintando o céu de cores ternas e aconchegantes, finalmente ele encontra uma caravana de beduínos¹⁵. Ao avistá-los, Adriel corre em direção a esses humanos, para evitar perdê-los e não demora para que ele os alcance.

Eles o recebe com uma extrema cortesia, os povos do deserto sempre são gentis e unidos, afinal essa é a única forma de todos sobreviverem porque a hostilidade do ambiente já é grande demais para haver outros perigos provindos daqueles que poderiam ajudar.

Adriel é convidado para comer com eles - o que é parte da cultura dos beduínos - e aceita a oferta, afinal ele não é retentor de audacia o suficiente para magoá-los negando essas boas intenções¹⁶ e também ele está acostumado com essas regras de etiqueta porque são as mesmas da casa Hazael. Os hospitaleiros anfitriões matam um camelo e preparam uma refeição, que todos compartilham, e mais tarde, Adriel encontra-se com um comerciante para fazer negócios.

O Lado Oculto - Vingança de Ferro e Sangue Where stories live. Discover now