୧ PRÓLOGO.

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A luz do sol dourado pintava a janela, dançando nas cortinas ao sabor do vento tranquilo, criando um refúgio temporário da realidade apocalíptica lá fora. Entre as páginas de quadrinhos resgatados do chão do orfanato, eu buscava um breve alívio para minha mente sobrecarregada.

A harmonia do silêncio foi abruptamente rompida pelos tiros sinistros ecoando do andar inferior, seguidos pelo eco agudo de um grito feminino desesperado. Com cuidado, depositei a revista no chão e empunhei o revólver que, outrora, meus pais haviam destinado para emergências, uma promessa silenciosa de usá-lo com sabedoria.

Navegando pela sala com uma tensão silenciosa, dirigi-me à porta, girando a maçaneta com uma delicadeza tensa. O revólver firme em minhas mãos, avancei pelos corredores do orfanato, meu coração pulsando em compasso com cada passo. Inspirei profundamente, buscando manter a calma, repetindo para mim mesma: "Não é nada, Lilith. Não aconteceu nada."

À medida que me aproximava da escada, minhas mãos tremiam, mas persisti, insistindo internamente para manter a serenidade. Descendo os degraus, vozes e soluços desesperados ressoavam, uma cacofonia desesperada tentando abafar a verdade. "Não é nada, Lilith," ecoava em minha mente.

O revólver erguido ao alcançar o último degrau, me deparei com a terrível cena diante de mim: meu pai sem vida, sua cabeça deformada e o sangue escorrendo como testemunhas cruéis. Do outro lado, minha mãe soluçava ao seu lado.

Lágrimas encheram meus olhos quando percebi a presença de quatro homens, suas máscaras animalescas ocultando a humanidade por trás da crueldade. Antes que eu pudesse erguer o revólver, um deles desferiu um tiro certeiro na nuca da minha mãe, deixando-me paralisada diante da brutalidade da tragédia que se desenrolava.

O revólver escapou das minhas mãos, atraindo a atenção dos sádicos assassinos. Meus olhos, dilatados e cheios de lágrimas, testemunhavam o terror enquanto eu colocava a mão sobre a boca, as lágrimas inundando meu rosto.

── Droga, eles tinham uma criança.

O homem ágil agarrou uma mochila do chão, fazendo um gesto para os outros.

── Vamos, vamos embora.

── E essa garota? ── questionou um deles.

── Que se dane ela. Viemos aqui pelos suprimentos, lembra?

Perdida em meu próprio mundo de desespero, meus ouvidos zuniam e minha visão se obscurecia. Eu não podia desmaiar antes de pelo menos vingar meus pais.

Agarrei o revólver do chão, mirando para um dos homens em discussão, e atirei, acertando em cheio sua cabeça.

O tempo parecia desacelerar ao meu redor, os zumbidos em meus ouvidos intensificando. O outro homem, chocado, segurou o companheiro alvejado, lançando um olhar furioso na minha direção.

── Desgraçada!

Ele gritou, desferindo um soco que me fez cair. Estava claro que eu não tinha chance contra quatro homens armados, mas eu não podia deixá-los impunes. No chão, senti os golpes continuarem, meu nariz sangrando, a cabeça latejando, o corpo enfraquecido. Mantive meus olhos abertos, focando no corpo inerte do homem que havia atirado.

── Caralho, ela matou o Chris!

── O Ivan vai surtar com isso. Estamos ferrados.

A visão escureceu.

Os socos cessaram, e eu estava prostrada, sentindo o sangue escorrer do nariz, a cabeça latejando. As vozes dos homens desapareciam lentamente, minha visão se apagava, e eu me via à beira da morte.


DREAM OR NIGHTMARE?, ellie williams Where stories live. Discover now