Entre Sombras e Cicatrizes

25 2 0
                                    

Pov: Karol

A atmosfera encantadora de Buenos Aires cedeu espaço a uma tensão palpável. Ruggero e eu, envoltos pela magia da cidade, nos víamos agora imersos em uma situação que ameaçava despedaçar as fibras do nosso amor.

O dia começou com uma energia diferente. Após uma manhã explorando a cidade, voltamos para a casa de Valentina, onde Ruggero e eu estávamos hospedados. No entanto, antes que pudéssemos compartilhar mais momentos juntos, uma mensagem chegou, mudando o curso do nosso reencontro.

Ao ver o nome "Cande" piscando na tela do meu telefone, um arrepio percorreu minha espinha. Conhecendo-a há anos, eu sabia que ela era a ex-namorada de Ruggero, uma figura do passado que agora parecia querer ressurgir das sombras.

Ao abrir a mensagem, as palavras que saltavam da tela formavam uma revelação tão inesperada quanto devastadora. "Estou grávida, Ruggero é o pai", declarava a mensagem.

Meu coração parecia congelar diante da bomba que acabara de explodir. Grávida? A notícia reverberava em minha mente, provocando uma tempestade de emoções. Olhei para Ruggero, que percebeu imediatamente a mudança em minha expressão.

— Karol, o que aconteceu? — Ele perguntou, preocupado.

Respirei fundo antes de entregar meu telefone a Ruggero, deixando que as palavras de Cande falassem por si mesmas. Seus olhos percorreram a mensagem, e o silêncio tenso pairou entre nós.

— Karol, eu posso explicar. — Ruggero começou, mas minha paciência estava esgotada.

— Explicar? Ruggero, isso não é algo que se explica em uma única frase! — Disse, minha voz carregada de dor e incredulidade.

A sala ao nosso redor parecia encolher, e o peso da traição que pairava sobre nós era esmagador. Cande, como um espectro do passado, agora lançava uma sombra sobre o nosso presente.

— Karol, eu cometi um erro, mas isso não significa que não possamos superar isso juntos. — Ruggero tentou se aproximar, mas eu recuei.

— Um erro? Um erro que durou meses, Ruggero! Como você pôde? — As lágrimas que ameaçavam cair finalmente se libertaram, rolando por minhas bochechas.

A revelação da traição era uma ferida aberta, uma marca que mancharia nossa história de amor. O choque inicial deu lugar a uma mistura avassaladora de decepção, raiva e tristeza.

— Karol, eu amo você. Essa situação é difícil para todos nós, mas precisamos enfrentá-la juntos. — Ruggero tentou segurar minha mão, mas eu a retirei bruscamente.

— Juntos? Ruggero, você escolheu trilhar esse caminho sozinho quando decidiu me trair. — Minha voz tremia, mas minha determinação era clara.

As palavras que trocamos naquele momento eram como flechas afiadas, ferindo não apenas o presente, mas também o que acreditávamos ser o futuro do nosso amor. Uma sombra que parecia prestes a consumir cada resquício da nossa história.

A discussão continuou, acalorada e carregada de emoções. Ruggero tentava se explicar, mas cada palavra pronunciada era como um punhal cravado em meu coração. A confiança, uma vez sólida como rocha, agora estava desmoronando, e a dor da traição deixava cicatrizes profundas em nossa história.

Neste momento de turbulência, uma verdadeira tempestade emocional se formava, ameaçando apagar as chamas do amor que um dia arderam tão intensamente entre nós. O futuro, antes tão promissor, agora parecia envolto em nuvens escuras de incerteza e desespero.

O eco da nossa briga ressoava na sala, enquanto sentimentos intensos pairavam no ar. A tensão era quase palpável, e Ruggero e eu nos encontrávamos diante de um abismo emocional que parecia cada vez mais difícil de atravessar.

— Karol, por favor, escute o que tenho a dizer. Eu... — Ruggero começou, mas fui implacável.

— Não, Ruggero. Não há justificativa para o que você fez. Uma traição é uma quebra de confiança irreparável. — Minha voz estava impregnada de dor e ressentimento.

O silêncio que se seguiu era denso, carregado de emoções não ditas. Cada palavra, cada olhar, cortava mais fundo, criando uma ferida que só o tempo poderia começar a curar.

Saber que Ruggero esteve envolvido com Cande por meses enquanto estávamos separados era um golpe cruel.

— Karol, eu sei que errei. Mas eu te amo, e eu quero... — Ruggero tentou novamente, mas minhas emoções transbordaram.

— Não quero ouvir suas desculpas agora. Eu preciso de tempo para processar tudo isso. — Falei, desviando o olhar.

A dor nos olhos de Ruggero era palpável, mas eu não conseguia oferecer consolo naquele momento. A confiança, base fundamental de qualquer relacionamento, estava despedaçada, e a sombra da traição pairava sobre nós como uma nuvem negra.

Decidi sair da casa, buscar o ar fresco da noite para clarear minha mente turva. Andei pelas ruas de Buenos Aires, uma cidade que outrora parecia repleta de magia, agora se transformava em um labirinto de emoções tumultuadas.

Ao retornar para a casa de Valentina, a atmosfera estava pesada. Ruggero estava na sala, seus olhos vermelhos denunciando a batalha emocional que também travava.

— Karol, por favor, podemos conversar? — Ele pediu, mas eu permaneci em silêncio.

A noite se arrastou, as palavras trocadas ainda ecoando em nossos ouvidos. Dormimos em quartos separados, a distância física refletindo a lacuna emocional que agora nos separava.

Os dias que se seguiram foram uma mistura de reflexão e confronto. Ruggero buscava redenção, expressando remorso e um desejo genuíno de reconstruir o que fora destruído. No entanto, eu me debatia entre o amor que ainda sentia e a ferida profunda que a traição causara.

A cidade que antes parecia ser o cenário de um reencontro feliz agora testemunhava uma narrativa mais complexa. Buenos Aires, com suas ruas entrelaçadas de história, agora era o palco de uma batalha entre o passado e o presente, entre o amor e a traição.

À medida que o tempo passava, uma decisão se tornava inevitável. A escolha de perdoar e reconstruir, ou seguir caminhos separados, carregando as cicatrizes de um capítulo doloroso.

Tudo Um Dia VoltaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora