capítulo 1

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  CASSIANO ALENCAR

Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós’’

            Antoine de Saint-Exupéry

 – Céus, seria possível um pouquinho de paz só pra esquecer a quantidade de trabalho que eu tenho pra fazer neste abençoado dia! 

Já não está fácil conviver com a saudade de todas as mudanças na minha vida, ainda tenho que vestir as minhas roupas de homem grande e ir a luta ou tudo irá ladeira abaixo. 

  – Que saudade meu pai, nenhum de seus ensinamentos me preparou pra viver sem o senhor e essa missão tá sendo quase impossível, mesmo eu sabendo que a minha realidade hoje é entender que não existirá mais um colo seu pra eu chorar e nem que na primeira tentativa falha minha, o senhor estará ao alcance de um abraço ou ligação.

   – Seu Cassiano! Ô Cassiano! O homem, eu too falando com você há horas! Está com a cabeça onde?

   –  Fala Zeca, o que você veio fazer aqui, por acaso não tá me trazendo mais pepino pra eu resolver né? Se for, pode dar meia volta e pegar uma ficha pra amanhã, hoje eu to..  Sei nem como eu estou, só diz que não.

 –  O patrão, aqui os trabalhos estão acumulados e o senhor tem que acertar logo tudo se não só piora, eu tenho pouco estudo, consigo dar conta do serviço braçal, mas os negócios da processadora e do silo já não é comigo, não sei pra onde vai e o senhor tem que encontrar alguém com competência e que também não fuja como o último fez. 

 –Tá certo então, vamos ao que interessa. O que diabos aconteceu para o Edu simplesmente juntar as traias e ir embora? 

   – Olha seu Cassiano, eu não sei dizer direito como foi a coisa toda, por esses dias estive em outras bandas e só cheguei semana passada, quando recebi a notícia de que seu Norberto já não estava mais entre nós e que o senhor não tava por aqui e como tenho muito apreço por sua família logo arrumei um jeito de tá aqui para o que a sua avó precisasse e ser o homem grato que meus pais criaram para eu ser. O senhor seu pai foi de muita consideração e respeito com todos nós que já pisamos os pés nessas terras e eu jamais deixaria de vim até aqui presta as minhas condolências e gratidão ao homem de honra que seu Noberto sempre foi…

E lá se vai a minha pose de homem durão, que cai por terra quando alguém fala do meu pai e a saudade dói mais forte, meu exemplo de vida, Era homem nascido e criado nessas terras, apegado a lida e mesmo com um diploma nas mãos nunca deixou de trabalhar arduamente nos campos. Sabia tudo sobre a labuta e costumava dizer que são os olhos do dono que engorda o gado, quem ninguém melhor do que o dono pra saber como as suas terras estavam sendo tratadas e com toda certeza estaria aqui me aporrinhando por eu não saber o que fazer da vida em um momento desse Só me atolando com esse tanto de problema.                            

Eu sei que é você Where stories live. Discover now