CAPÍTULO 3

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A filha caçula do Papai Noel olhava para Elliot em profunda confusão, o menino parecia ainda mais atordoado do que ela, ainda parado, e a olhando fixamente a uma distância mínima de seu rosto.

—Não sei do que está falando— Aurora sussurrou para o garoto, torcendo para que ele parasse de olhá-la como se ela fosse uma assombração e começasse a explicar o que estava acontecendo.

—Tenho sonhado com você há um ano— Ele repetiu— Eu achei que você não existia, procurei por você em todos os lugares.

—Elliot, deve haver algum engano, eu não conheço você, eu nem moro...

—Você é Aurora Holly, não é? Trabalha separando a correspondência nos correios.

A menina o olhou espantada, ela se lembrava de ter dito seu nome, mas não o nome do meio, e muito menos onde trabalhava, mesmo que ele não tivesse sido muito específico com sua profissão, ela realmente trabalhava separando correspondência, talvez não uma correspondência normal, mas mesmo assim ainda eram cartas.

—Eu...como você sabe?

—Sonhei com você— Ele respondeu simplesmente, como se já não tivesse repetido isso várias vezes.

—Você já disse isso— Ela retrucou, já ficando impaciente com as respostas vagas do menino— Quero que me explique agora.

Elliot a olhou desconfiado, ainda parecia achar que estava sonhando, mas Aurora não podia culpá-lo, não era todo dia que uma pessoa que ele não conhecia e com quem havia supostamente sonhado caia do teto de sua casa vestida com roupas similares as do Papai Noel, bom, pelo menos ela achava que não era um acontecimento comum.

—Eu...—Ele começou a dizer finalmente, se afastou um pouco da menina, e se sentou no chão de frente para ela— Começou no Natal do ano passado, é um sonho que se repete todos as noites, às vezes com algumas modificações, mas sempre começa com você lá, sentada em uma mesa de madeira de um tipo de escritório, separando cartas que tem uma luz dourada muito estranha e na sua mesa tem uma placa de metal com seu nome, é por isso que sei como se chama.

A confusão de Holly apenas se intensificou com o relato, como ele poderia conseguir definir o lugar e a luz das cartas? Parecia que ele realmente havia visto aquilo.

—O engraçado é que o lugar que você fica parece sempre muito...natalino e seu sobrenome definitivamente não pode ser real, Aurora Holly Noel, quem se chama assim?— Elliot continuou  e soltou uma risada ao dizer o nome completo da menina, o que a fez ficar um pouco irritada— Eu procurei você em todos os correios, do Brasil e da Inglaterra, já que o cenário parecia mais do exterior do que daqui, nenhum deles tinha uma funcionária chamada Aurora, mas você parecia tão...real, eu não consegui simplesmente deixar para lá.

—Não acredito em você— Aurora respondeu, porque a história dele era completamente absurda. E ela era filha do Papai Noel, convivia com elfos e magia, se ela estava surpresa com um sonho de um garoto de dezenove anos, é porque era realmente algo muito estranho.

Elliot parou de falar e a encarou, parecendo pensar no que deveria fazer. Então, ele se levantou em um pulo e estendeu a mão para a menina, querendo ajudá-la a levantar.

—Venha, vou te mostrar uma coisa.

Aurora decidiu confiar no menino, afinal, era mais arriscado para ele ficar em um ambiente com ela e sua pulseira Multitarefa do que para ela com...seja lá qual arma ele achasse que tinha. A menina aceitou a mão de Elliot, e assim que suas mãos se tocaram, era como se pura eletricidade percorresse o corpo de ambos, e essa sensação foi uma das melhores que Holly já havia experimentado, mas durou pouco, porque o menino a levantou com um puxão rápido e logo soltou sua mão.

Meu presente de Natal é VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora