CAPÍTULO 4

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—Foi minha irmã caçula que escreveu a carta— O menino repetiu, uma gargalhada estrondosa saindo de sua garganta— Eu não acredito que ela pediu uma namorada para mim ao Papai Noel.

Aurora segurou a risada, realmente as crianças eram capazes de pedir as coisas mais absurdas a seu pai, talvez fosse esse o motivo para que ela gostasse tanto de seu trabalhando lendo as correspondências. No fundo, Holly estava até aliviada de saber que não havia sido Elliot o remetente da carta, não que ela estivesse com ciúmes, ela tentou convencer a si mesma, mas era estranho saber que ele se dizia apaixonado por ela e pedia uma namorada em suas cartas.

—Bom, preciso lembrar de agradecê-la um dia— Elliot disse, rindo tanto que precisou limpar uma lágrima que escorria por sua bochecha.

—Acho que resolvemos o mal entendido agora— Aurora respondeu e olhou para o Conta Tempo, duas horas até a manhã de Natal, ela precisava ir embora, mesmo não sentindo tanta vontade de fazer isso—Então, já posso...

—Você não vai para casa— Elliot interrompeu, havia parado de rir— Quer comer alguma coisa? Minha avó fez uma rabanada incrível.

A menina sabia que deveria negar, apertar o botão em sua pulseira e ir embora, mas adorava rabanada e não era um prato muito comum em sua casa, já que Klaus era um inimigo declarado do doce.

—Não posso ficar muito tempo— Ela disse.

—Só mais alguns minutos, eu prometo— Elliot respondeu com um sorriso tão amplo que deixou suas covinhas à mostra.

O menino saiu do quarto e guiou Aurora pela cozinha, os dois andavam com o máximo de cuidado possível, não que a menina precisasse, a função do abafador de ruídos do Multitarefa funcionava tão bem que era impossível ouvir seus passos, mas, talvez por questão de hábito, ou apenas para não precisar explicar a Elliot sobre sua pulseira multifuncional, ela o acompanhou com a mesma cautela.

Quando chegaram à cozinha, grande e arejada com um balcão e armários de madeira, o menino acendeu a lâmpada e foi até a geladeira, tirando um prato de vidro branco com algumas rabanadas envolto em plástico filme, Aurora se sentou no banco de madeira que encontrou, ansiosa pra comer uma daquelas torradas douradas e açucaradas.

—Elas estão com Nutella, espero que você goste— Ele disse e, tirando o plástico, passou o objeto para ela.

Aurora pegou um pedaço do pão frito com o creme de avelã e levou à boca. Na primeira mordida, Holly sabia que aquela era a melhor coisa que ela já tinha comido em toda a sua vida, e só foi perceber que estava quase acabando com o prato quando Elliot soltou uma risada.

—Sua avó deveria vender isso— Ela disse, um pouco sem graça, e largou sua sexta, talvez sétima, fatia no prato.

—Vocês não tem rabanada no Polo Norte? É a comida mais natalina que eu conheço.

—Não é Natal o ano todo no Polo Norte, sabe disso, não é?— A menina disse com humor e sorriu—Mas não, apenas quando eu peço e sou um pouco descontrolada com doces então todos evitam fazer para que eu não acabe com todo o estoque de açúcar da casa.

—Você é uma verdadeira formiga— O menino disse sorrindo e se sentou no banco ao lado de Aurora, pegando uma rabanada para si logo em seguida.

—Então, como os sonhos começaram?— Holly perguntou e pegou novamente a fatia do doce no prato, enfiando na boca logo em seguida.

—No Natal do ano passado eu realmente perdi a paciência com minha família perguntando sempre sobre minha namorada inexistente— Elliot começou a contar— É engraçado como eles ficam um ano inteiro sem me ver e quando me vêm ao invés de perguntar sobre a faculdade ou qualquer coisa do tipo eles só querem saber se eu estou ou não namorando.

Meu presente de Natal é VocêWhere stories live. Discover now