Capítulo 5 - primeiro dia na Mantin Company

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Estou no carro a caminho da faculdade com a Bailly, e só o meu corpo está no carro, a minha mente está na noite de ontem, e vai ser difícil parar de pensar nela, naquele momento.

- Ei.. ei! - Bailly me dá um empurrão no braço.

- Aiii - eu rosno. - Está louca? - eu me viro a ela, retornando a consciência ao carro.

- Não, você que está. Eu estou falando há uns dois minutos e você parece estar em marte. - ela diz, estressada, com os olhos arregalados.

- Desculpa.. - O que foi? - eu tento me redimir, perguntando o que ela estava falando, que a propósito, não ouvi mesmo.

Ela dá de ombros, virando a cara para a janela. A dou um empurrão também.

- Aii.. - ela rosna.

- É bom? - questiono, sendo irônica.

- Não.. - ela responde, quase me engolindo com as feições raivosas. - E você mereceu, por não me dar atenção. - ela completa.

- Desculpa, eu ando meio distraída. - justifico.

- Eu estou vendo, só não sei o motivo dessa distração toda. - ela continua, com raiva.

- Tem a ver com o motivo de ter ído embora do meu aniversário ontem igual uma louca? - ela interroga, e me remói.

- Não. - digo, sem saber o que dizer.

- Eu não acredito em você. Alguma coisa aconteceu ontem. Uma hora você vai me falar. - ela suspeita.

- Não houve nada. O que houve foi você me embebedar. - retruco, fazendo bicão, bufando e virando a cara.

- É sério, você pode me contar tudo. - ela diz, amigavelmente.

Respiro.

- Eu sei. Mas não é nada que eu queira contar agora tá? Outra hora eu te conto. - respondo, praticamente sabendo que não terei coragem de falar.

- Está bem então. - ela compreende, balançando a cabeça, não muito contente, e consequentemente o rabo de cavalo do seu cabelo ruivo se movimentando.

- Você ficou com o Lorran, e está com vergonha de me falar? - ela me espanta com a pergunta.

- Não né.. ele até quis dançar comigo, porém eu não quis. - falo.

- O seu pai foi muito afável em me convidar para dançar. - eu exteriorizo a ela.

- É, o meu pai sempre foi um cavalheiro mesmo. - ela diz, compactuando das minhas opiniões.

Dou um sorrisinho de canto, assentindo emoções e ilustrações que não quero embalar nelas agora.

- É, ele é mesmo. - eu falo, concordando.

- Inclusive, se não fosse ele, você teria passado a noite inteira sem dançar com alguém né? E logo naquela música. Agradeça muito ao meu pai. - ela diz, me fazendo indiretas, que na realidade estão sendo bem diretas.

- Ei.. - resmungo. - Vê se para de ficar me cutucando, eu não quero um namorado, nem ficante, e nem nada disso. - digo a ela, desafogando.

- Eu não vou parar até te ver como eu, namorando, sendo bela e plenamente feliz. - ela complementa, olhando ao vento para a cidade.

Eu reviro os olhos.

- Eu já sou bela, e plenamente feliz. - eu retruco.

- E não adianta revirar os olhos, eu sei que está fazendo isso. - ela aponta, e eu rio.

Vejo um anel de brilhantes no dedo dela.

- E esse anel? - pergunto.

- Ganhei num saco de salgadinhos. - ela satiriza, debochando da minha cara.

Diluição Where stories live. Discover now