02. [ACE, SABO, LUFFY] - Hope

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One Piece
Portgas D Ace
Monkey D Luffy
Sabo

Original Characters
Gail
Joy
Hope

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Contém: Violência contra mulher, violência contra criança

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Os garotos foram tão bonzinhos com a Hope. Se curtir, deixa seu comentário e sua estrelinha ;D

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Sinto os raios de sol passar pelas frestas das paredes, diretamente no meu rosto. Sento na minha cama de papelão e cobertores velhos para dar uma longa espreguiçada, hoje, como sempre, seria meu dia de sorte. Gosto de pensar assim, porque nunca sabemos quando iremos encontrar algo realmente incrível. Sinto o aroma do café forte que minha mãe costuma fazer pelas manhãs. Não é minha bebida favorita, mas ajuda a engolir o pequeno pedaço de pão duro e já meio mofado.

Num pedaço de espelho quebrado, tento ajeitar da melhor forma os meus cabelos castanhos. Pode parecer atípico, mas mesmo sendo uma garota tão nova gosto de ser um pouco vaidosa. Viro o rosto de um lado e outro observando meus traços de criança. Aposto que meu rosto seria mais redondinho se eu comesse direito. Noto que uma nova sarda surgiu na bochecha direita e minha boca abre-se de surpresa por causa de seu formato peculiar, um trevo de quatro folhas. Eu ouvi do senhor Gideon que trevos de quatro folhas dão sorte. Ele é o nosso vizinho, sempre dizendo algumas coisas que não consigo entender.

Tiro a poeira do meu vestido surrado e sigo para a cozinha bem ao lado. Minha mãe ajeitava a mesa de tábuas de madeira com uma linda toalha florida. Três pratos, três canecas e três cadeiras indicava que ele estaria de volta.

- Bom dia, minha querida, vamos, me ajude aqui, coloque esses pães na mesa. Tivemos sorte, estes são de apenas dois dias atrás e eu também consegui esses restos de embutidos. - Minha mãe, Joy, reflete em si mesma o próprio nome. Mesmo com a pele mal tratada, alguns dentes em falta e bem abaixo do peso, mostra um sorriso que me contagia. Queria eu saber fazer isso. Ajudo ela a colocar o banquete na mesa e espero, sentada na cadeira que está com uma das pernas remendadas. - Hoje temos suco de laranja, o seu preferido, não é? - Aceno com a cabeça e ela sorri ainda mais.

A casa treme quando a porta abre e um homem forte, vestindo um macacão azul todo sujo se pronúncia.

- Olá, querida, estou de volta. - Meu pai sorri, com seus dentes amarelados, sua barba por fazer o deixava com uma aparência animalesca. Gail abraça minha mãe, que o recebe com carinho e afeto, como se nada de ruim tivesse acontecido antes. Eu me retraio quando ele volta sua atenção para mim. - E então, filhota, não vai dar um abraço no seu pai?

A contra gosto, levanto silenciosamente da cadeira e me aproximo do homem, que me envolve com seus braços, me fazendo sentir o cheiro de suor e peixe. Antes isso do que cheiro de álcool. Volto para meu lugar e começamos a comer. Saboreio lentamente a acidez e a doçura do suco de laranja, refrescando minha garganta seca, enquanto os dois adultos conversam algo sobre dinheiro ou algo assim. Não dou muita bola já que não entendo nada sobre isso.

- Está tudo bem querida, é pela nossa família, não ficarei com ciúmes ou nada parecido. - Volto para a superfície, percebendo que divaguei um pouco e eles mudaram de assunto. Noto que minha mãe está sem graça, me olhando de lado.

- Eles não estão pagando tão bem. Mas falemos sobre isso depois, certo? Hope, hoje é terça-feira, não se esqueceu do seu compromisso, né? - Meu pai me olha curioso e eu apenas aceno com a cabeça negativamente. Minha mãe fala animada, toda sorridente. - Ela está estudando, querido, está aprendendo a ler e escrever, não é incrível?

Gail está feliz, mas algo nele me incomoda, talvez tenha algum receio? Não sei dizer.

- Hoje também é dia de coleta, não é? Espero que ache coisas bem legais, Hope, minha filha. - Papai diz, comendo a última fatia de mortadela, sem nem perguntar se a gente queria mais.

Ajudo mamãe a tirar a mesa, mas ela não deixa que eu lave os pratos. Coloco minha mochila nas costas e dou um abraço nela, envolvendo seu pescoço magro.

- Hope, tome cuidado e não volte tarde, está bem? - Minha mãe beija minha testa e saio, não me despedindo de papai, que já está dormindo em sua poltrona.

É quente e abafado no lixão, mas logo pela manhã é o horário mais agradável. O ar está um pouco melhor hoje, por isso me alongo e respiro fundo, animada com o dia.

Andando alguns minutos, noto algumas crianças brincando em um morro. Eram três garotos, o maior deles, estava no topo do monte, segurando um cano fino de metal, sorridente. Os outros dois estavam ao seu lado, igualmente felizes. Pareciam estar se divertindo a beça. Tento fazer o que eles fazem com a boca. Será que está bom o suficiente? Escondida, acompanho eles pelo lixão com suas brincadeiras esquisitas.

- Luffy, como você quer ser um pirata se não consegue nem chegar em primeiro lugar na escalada? - O menino maior diz para o menor, que estava emburrado de tanto chegar em último. Só consegui contar até a quarta derrota e depois me perdi.

- Ace, não vale! Vocês são muito maiores do que eu! Mas vocês vão ver só, quando eu for mais velho não vou perder nunca! - O menino mais novo fez uma careta engraçada mostrando a língua. Tentei imitar por que parecia divertido.

- Você, vencer da gente? Como? Tem que comer muita carne ainda, Luffy! - O menino loiro sorria, mostrando sem ter vergonha, o dente que faltava logo na frente. Pelas suas roupas, não era alguém do lixão.

- Sabo, pra falar assim tem que ganhar de mim também. - O tal de Ace coçava o nariz todo convencido até levar um tapa na cabeça.

- Não vem com essa, Ace, estamos empatados, tá legal? E no duelo, estou na frente por duas vitórias!

- Quero ver você ganhar hoje, Sabo! - Os dois garotos mais velhos se encaram e saem correndo.

- Ei, me esperem, eu também vou vencer! - O menino com uma cicatriz também tentou acompanhar os dois, mas acabou tropeçando e caiu, rolando monte abaixo, caindo bem aos meus pés.

Ofereço minha mão para ele. No início ele não entende e fica me olhando, por isso tento sorrir, mas acho que não fiz certo, já que o menino se levantou apressado e saiu correndo. Esquecendo dos meus compromissos, sigo os garotos, sentindo algo diferente em mim.

Me escondo atrás de uma árvore e observo eles lutarem. No início, usavam espadas de madeira, mas depois socos e chutes levaram Ace para a vitória. No fim, o mais velho ganhou quase todas. Olho ao meu redor e vejo um galho fino e não tão pesado. Tento imita-los, porém não sei se estou fazendo certo. Limpo a garganta e me posiciono igual ao menino loiro.

- AHHHHH! - Grito como eles, balançando o galho de qualquer jeito, mas ainda sinto que alguma coisa está faltando. É isso! O sorriso! Vou repetindo algumas vezes, sem notar que estava sendo observada.

O menino mais velho frisava a testa, de braços cruzados.

- Ei, o que pensa que está fazendo? - Olho assustada para ele e os outros dois. - Por que está seguindo a gente? Está atrás do nosso tesouro?

- Já vi ela no lixão. É Hope o seu nome, né? - O menino loiro disse calmo, se aproximando um pouco mais. - Eu sou Sabo. Esses são Ace e Luffy, meus irmãos.

- Ela não parece malvada, tentou me ajudar quando eu caí. Eu só fugi porque... Bom, ela fez uma careta estranha. - Inclino a cabeça, sem entender que careta era essa. Luffy tentava me imitar, mostrando a língua, retorcendo a boca e esbugalhando os olhos. Algo dentro de mim não aguenta se segurar e explodo em risadas desengonçadas.

- Gahahahahaha... - Sinto minha barriga tremer e minhas bochechas queimarem, até começar a chorar de tanto rir.

- Olha só, até que você sabe sorrir... - Sabo disse, colocando as mãos na cintura. - Sempre quando te via, era tão séria.. - Olho para ele, enxugando o rosto com costas das mãos e ele desvia o olhar, meio vermelho nas bochechas.

- Ela não pode andar com a gente, Ace? Ela parece forte. - Luffy dizia confiante.

- Nada disso, garotas não sabem lutar e são covardes demais. Ai! - Bato na cabeça de Ace com o galho, emburrada com suas palavras. - Tudo bem, retiro o que eu disse. - Massageou a cabeça para aliviar a dor. - Você pode até andar com a gente, mas não pode ir no nosso quartel general. Tem que conquistar nossa confiança! Muito bem, o que acham de caçar nosso almoço?

Os dois meninos mais novos gritam animados e eu imito, levantando os braços. Sentia uma animação crescer em mim, como se a vida fora do lixão fosse muito mais interessante, esquecendo completamente de tudo, até das consequências.

Seguimos todos muito animados, avistando em pouco tempo o nosso alvo. Era um animal enorme e peludo, que dormia na entrada de uma caverna. Meu coração batia rápido e minha mão suava, segurando firme o pedaço de galho.

- Agora! - Ace gritou, pegando o animal desprevenido.

Não posso dizer que ajudei muito, já que no meu primeiro ataque fui lançada para longe. Depois disso apenas ouvi gritos e enxerguei vultos para lá e para cá. Não consigo dizer quanto tempo fiquei assim, mas apenas um cheiro delicioso me fez sair desse estado. Na fogueira perto de mim, Ace cuidava do enorme pedaço de carne que estava sendo assado, enquanto Sabo tratava dos ferimentos de Luffy.

Minha boca começa a salivar e Ace percebe, lançando um sorriso maldoso.

- Você não ajudou em nada, ficou aí dormindo, por isso não vai ganhar nem um pedacinho. E não adianta olhar pra mim desse jeito, que eu não sou trouxa.

- Se é assim, o Luffy também não vai almoçar hoje! - O menino mais novo ficou desesperado, esperneando com a insinuação do mais velho. Eu o imitei, mas silenciosamente, balançando meus braços e pernas. Sabo sorri e entrega para cada um de nós um enorme e suculento pedaço de carne. - É brincadeira. Tó, come enquanto está quente.

Sinto o aroma delicioso daquela iguaria e não demoro a dar a primeira mordida. Eu e Luffy não paramos de comer até nossas barrigas ficarem estufadas. Após o almoço me estiquei na grama fofa, observando as nuvens branquinhas que viajavam lentamente.

- Boa ideia, Hope! - Sabo, sorridente, deita-se ao meu lado. Seus irmãos também acompanham e ficamos lá até a preguiça da comilança sair de nossos corpos.

Pela primeira vez sinto que estou vivendo. Não consigo expressar a minha felicidade de poder brincar com eles, por isso resolvo cantarolar. Deixo que minha voz saia como quer, fazendo cócegas na minha garganta. Mesmo que não sejam palavras, espero que entendam.

Depois de descansar, nadamos no lago, salvamos o Luffy, que por algum motivo não consegue nadar. Sabo me ensinou a mergulhar e Ace me ajudou a subir na árvore. Já estava ficando tarde, quando Ace sugeriu uma última atividade.

- Vamos ver o pôr do sol. Aposto que você nunca viu, Hope. - Andamos até a borda da ilha, passando pela floresta. - É mais bonito daqui do que do lixão. - O garoto sorriu, sendo gentil, por incrível que pareça.

E realmente era lindo. 

Minha Monstrinha e outras históriasWhere stories live. Discover now