Epílogo.

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— Ela não te disse mesmo para onde está nos levando? — Draco perguntou, secando o suor que se acumulava em sua testa.

— Sei tanto quanto você. — Harry respondeu, continuando a espantar os mosquitos e abrir caminho entre as plantas.

— Se nos perdermos no meio desse matagal, — Draco deu um gritinho quando um pernilongo tentou morder sua canela. — Não terei outra escolha senão cometer canibalismo com seu corpinho lindo. Sobrevivência do mais forte, sabe como é.

— Você é uma máquina de falar merda. E, convenhamos, caso nos perdêssemos, eu seria o sobrevivente final. Tipo o Peeta em Jogos Vorazes.

— Eu nunca entendi esse livro! — Malfoy bufou, irritado e com sede. — Por que seria divertido assistir adolescentes lutarem até a morte em uma arena?

— Essa é, literalmente, a crítica que o livro faz. — Potter revirou os olhos. — Acho que estamos chegando.

— Graças a Merlin. Eu estava prestes a dar meia volta e estrangular a Granger.

Era o verão após o fim do ano letivo. Eles haviam finalmente se formado, após oito longos e inacreditáveis anos. Ainda não haviam aceitado completamente o fato de que nunca mais estudariam em Hogwarts. Nunca mais pegariam o expresso na plataforma Nove Três-Quartos ou comprariam materiais no beco diagonal. Eram adultos; pessoas plenamente formadas e preparadas para o mundo corporativo, para a faculdade e o trabalho.

Bom, na teoria. Porque Draco e Harry ainda se sentiam duas crianças imaturas.

Hermione, naquela manhã quente de começo de verão nA Toca, interceptou Draco e Harry dizendo que havia uma surpresa para os dois. Os namorados estavam ajudando Molly Weasley a preparar torradas de natal em formato de toucas do Papai Noel. Potter mal podia acreditar que já era aquela época do ano novamente. Antes tão triste, e agora tão cheia de vida e das pessoas que ele amava.

Os últimos meses foram nada mais nada menos que intensos. A volta súbita de Draco e o início conturbado mas feliz do namoro fez com que a rachadura que já existia em seu relacionamento com Lucius se tornasse uma completa separação. Ao contrário de Narcisa, que acolheu Potter como se fosse um filho, o Senhor Malfoy não aceitava o relacionamento de jeito nenhum, dizendo que o loiro só seria bem vindo na mansão da família caso terminasse com Harry.

O resultado daquele ultimato frustrou as expectativas de Lucius, pois no mesmo dia Draco fez suas malas e partiu para A Toca, onde estava morando temporariamente junto a família Weasley. Rony e Draco discutiam o tempo todo, concordando em discordar, e só não colocavam a casa abaixo porque Gina estava sempre lá para intervir.

Ela e Luna Lovegood haviam se tornado grandes amigas de Draco, o que surpreendeu a todos. Eles saíam para comer, faziam pulseiras e cozinhavam juntos, e o loiro dava aulas de Oclumência às garotas sempre que as mesmas insistiam.

Quando Harry apelidou o trio de Mean Girls bruxas, levou uma mordida no pescoço de seu namorado e um tapa na testa da ruiva Weasley.

Estava tudo tão maravilhosamente perfeito que o Grifinório sempre temia o dia seguinte. Dormia nos braços de Draco, e mesmo assim acordava procurando por ele; com medo de que tivesse desaparecido de novo.

Seus traumas sempre o acompanhariam, perceberam os garotos. As cicatrizes emocionais e físicas da guerra, do abuso e das incontáveis vidas perdidas para que eles estivessem respirando naquele momento. E em nome de tais sacrifícios, os garotos continuavam.

Era impossível apagar o passado, mas era possível suportá-lo.

— O que ela disse mesmo? — Draco ajudou Harry a pular sobre um tronco de árvore caído no meio da floresta.

O Garoto Que Foi Esquecido • DrarryWhere stories live. Discover now