Capítulo 14

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Anesthesia

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A música pulsante, as luzes cintilantes e o burburinho das (muitas) pessoas preenchiam a casa enorme de Hakkai. Eu dançava o som de Bad boy da Cascada. Aqueles marmanjos também estavam dançando essa música de menininha.

Mitsuya dançava sensualmente com Hina ao meu lado. Me senti uma vela ambulante, até lembrar que talvez não precisasse estar assim. Saí de lá e fui até o caixote de isopor pegar uma cerveja e uma ice pra mim. Mikey amava cerveja, e eu não entendia como, aquela merda era horrível.

Andei por lá com as latas na mão. Nos separamos porque eu queria aproveitar a festa com minha melhor amiga, mas ela me trocou por homem depois de uma hora.

Quando finalmente encontrei ele, ele estava jogando baralho com umas mulheres de biquíni sentadas no sofá ao seu lado. Elas esfregavam os próprios seios nele vez ou outra. O loiro não parecia muito interessado nelas, parecia que as garotas eram uma decoração no meio dos quatro homens, Mikey, Mutto, Takemichy e Chifuyu.

Não estava a fim mesmo de ir lá pedir pra ele ficar na festa comigo. Com certeza ele tinha mais o que fazer com aquelas putas. Porra, é horrível ter ciúmes quando você e a pessoa tem alguma coisa, mas é agonizante não ter nada e sentir isso mesmo assim.

Respirei e fui arrumar outra coisa pra fazer, mas sem antes jogar a cerveja dele no lixo que nem uma louca. Foda-se, era uma festa, todo mundo fodendo com a casa do cara e eu só joguei uma cerveja e ela explodiu.

Continuei andando até a parte de fora do local, procurando um conhecido que eu poderia grudar, beber junto e fingir que sou a melhor amiga dessa pessoa. Simples.

Uma cabeleira ruiva apareceu no meu campo de visão, era Smiley, mas quando me prestei a ver o que ele estava fazendo, ele estava muito louco ao lado de uns amigos do Kisaki. Aquilo estava pra além do normal. Me aproximei um pouco do balcão que eles estavam atrás, e vi umas carreiras de cocaína, junto à balinha.

Interessante.

Um homem de cabelos rosados se aproximou de mim, era um dos drogados dali.

- Opa gatinha - sorriu ladino - quer se juntar?

Que jeito estranho de chegar em alguém

- Ih, o Mikey não vai gostar disso Sanzu - Smiley riu

Como se eu fosse alguma coisa dele. Manjiro é tão confuso que eu não sei se ele só quer me comer ou se ele me quer de verdade.

- Eu até que gosto disso - seu sorriso se alargou - e então?

Seus olhos se fixaram em mim. Aquelas orbes intensas e cheias de expectativas, principalmente por parecer ter uma tara pela atenção do Mikey. Eu não sei nem se ele conhece esse cara.

Pensei por uns segundos na pergunta. Isso não adiantou de qualquer forma, eu sei que sou inconsequente.

- Não tô afim de gastar meu dinheiro com droga, valeu

Se eu der mole, isso é golpe de traficante.

- A droga é minha, usa o quanto quiser - levantou a cabeça, dizendo cada palavra com firmeza.

Aquilo pareceu suspeito. Muito suspeito. Olhei para Smiley novamente, não parecia que ele estava morrendo nem nada do tipo, só meio diferentinho. Vou apostar que isso não vai me matar.

- Então talvez eu queira experimentar - falei

sinceramente foda-se que era suspeito

Ele sorriu e me levou até a parte de trás do balcão. Vi que tinham outras coisas do outro lado também. Isso se tornava meio que um comércio dentro da casa do cara. Nunca tinha visto nada tão escancarado em uma festa antes.

- Aí Yuna - Smiley disse - cadê o Mikey?

- Não sei, deve estar com os amigos - falei e voltei a me concentrar em rejeitar o fato que cheirar era uma péssima ideia

- Como assim não sabe? - indagou novamente

- Não nasci grudada nele pra saber

Ele franziu o cenho

- Você pode não ser mas sua buceta com certeza - riu.

Os homens ao lado dele acompanharam seu divertimento. Só pensei como ele foi um babaca do caralho. Me pergunto se aquilo era porque ele estava alterado.

- Relaxa - disse Sanzu, provavelmente percebendo meu desconforto - esses caras estão doidões, só faz o que você tem que fazer e ignora eles

"O que eu tenho que fazer". Essa frase foi até mais estranha que a atitude dele em si. Quase fui embora dali, mas estava muito longe pra desistir de qualquer coisa

O homem ajeitou duas carreiras do pó na mesa e cheirou uma delas, deixando espaço para que eu fizesse aquilo também. Me coloquei ali, tapei uma das minhas narinas e inalei a substância.

Doeu pra caralho. Quando vi, meu nariz estava sangrando, mas aquilo parecia tão pouco importante perto da adrenalina que eu estava sentindo naquela hora. Acho que não havia felicidade maior que aquela, é como se eu tivesse descoberto que eu nunca fui feliz de verdade até aquele momento.

Todo o peso que eu carregava da minha existência, tristeza, ódio próprio, meus traumas, agonia, desaparecesse. O mundo parecia irreal aos meus olhos.

Sanzu me observava assustado, mas foda-se esse cara. Eu era feliz pra caralho. Eu fui... anestesiada

Então de repente lá estava eu, dançando com desconhecidos falando da minha vida e cheirando pó de novo. O prazer era tão momentâneo e poderia se comparar à voar e logo depois se jogar do alto. Era bom, mas quando passava, era como se eu precisasse de mais.

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐘𝐨𝐮 𝐓𝐨 𝐃𝐞𝐚𝐭𝐡 - Manjiro SanoWhere stories live. Discover now