La Luna - Pablo Gavi

024

Victoria

Estou em Manchester a cerca de um mês e confesso que estou me adaptando bem.

O curso é maravilhoso, aprendi tanta coisa em pouco tempo que estou até orgulhosa.

Eu não sou nem de longe a aluna mais talentosa, e nunca vou ser, as pessoas daqui são outro nível. E isso me desanima um pouco.

Ainda bem que tenho Paige, a menina com quem divido um apartamento, ela vem sendo um ótima amiga. Se não fosse por ela, acho que teria desistido no primeiro dia.

Só de lembrar que deixei Xavi, Pedri e Valentina para trás, me dá um aperto no coração.

—Vick, Vick. Você está bem? —Diz Paige balançando as mãos na frente dos meus olhos. Me tirando do transe.

—Oi, estou bem.

—Então tá. Temos cinco minutos para sair. —Diz voltando para seu quarto.

—Ah meu Deus. —Corri para o meu guarda- roupas e peguei a primeira roupa que vi pela frente.

Um short de alfaiataria preto, uma camiseta branca básica, um sobretudo e um coturno.

Até que não estava tão ruim.

Paige e eu fomos correndo, estávamos mesmo muito atrasadas.

⊰✯⊱

Ao final da aula, Paige sairia com seu atual namorado, Garnacho.

Iria ter uma espécie de jantar do time e ela implorou para que eu fosse.

Sinceramente, não estava com um pingo de coragem de sair hoje. Queria apenas ficar deitada em meu quarto maratonando séries a noite toda.

Seria uma ótima ideia, na verdade.

—Por favor, sabe que eu vou ficar sozinha, e eu odeio ficar sozinha. —Isso era mentira,Paige nunca ficava sozinha.

Se Alejandro não dava a atenção necessária a ela, ela arrumava outro jogador, ou alguma de suas namoradas. Mas sozinha ela não ficava.

—Sabe que isso não é verdade. —Digo entrando no carro.

—Para de ser chata, você precisa sair, ver pessoas novas. —Nisso ela estava certa. Eu não saia muito. —Sabe que eu tô certa. Não aceito um "não" como resposta. —Deu partida no veículo e seguiu até a casa de seu parceiro.

Eu não estava pronta para ver esse bando de jogadores novamente. O último que eu vi, já foi o suficiente.

Chegando na casa de Alejandro, Paige desceu e lhe deu o volante.

Imediatamente fui jogada para o banco de trás. Deus, por quê?

—Está gostando daqui, Vick? —Pergunta ele focado na estrada.

—Sim, está sendo bem legal. — E se instalou um silêncio.

Nunca tive uma proximidade com ele. Lógico que praticamente não nos conhecemos, mas não temos facilidade em prolongar uma conversa.

Nossos breves diálogos eram sobre o clima, minha adaptação e sobre os estudos.

Chegando no tal restaurante, seguimos até uma mesa extensa e cheia de pessoas, jogadores e suas parceiras.

Me sentei ao lado de Paige, porém um pouco afastada, próxima da ponta da mesa.

Eles ainda não aviam feito os pedidos dos pratos, mas de entrada eles haviam pedido uma rodada de cervejas.

Óbvio que aceitei. Uma cerjeva agora era tudo o que eu precisava.

Depois de um tempo de muita conversa,  entre eles pois eu não falava nada, um dos jogadores de cabelos castanhos claros e olhos escuros se sentou ao meu lado.

Por um minuto achei estranho, mas acredito que tenha sentado ali para conversar com alguém.

—É irmã de alguém? —Pergunta assim na lata.

—Não. —Respondo com um sorriso tímido.

—Então é namorada?

—Não, eu sou colega da Paige. —Aponto para a loira.

—Ah sim. Não tinha nada mais interessante hoje para vir a esse jantar chato?

—Pois é, na verdade não. —Soltamos um breve sorriso.

—Me desculpe, nem me apresentei. Sou Mount, Mason Mount. —Estende sua mão.

—Sou Victoria, mas pode me chamar de Vick.

—Vick, mora aqui a quanto tempo?

—Um mês, na verdade. Estou fazendo um intercâmbio de um ano aqui.

—Que legal, está cursando o que?

—Pintura.

—Jura? Você é o que? Tipo uma Picasso?

—Uau, deixa Picasso longe dessa história, não estou nem perto de ser uma.

—Bem que você poderia me mostrar seus quadros algum dia.

—É, quem sabe.

E foi assim que nossa conversa durou a noite toda.

Ele até pediu meu número. 

Não sei se estou preparada para passar por isso de novo. Mas quem sabe dessa vez dá certo.

Só se preparem...