Recomeçar

52 5 5
                                    

Este conto foi escrito para o desafio conjunto dos perfis WattpadYoungAdultLP e WattpadLGBTQ-LP sobre recomeços, inicialmente num livro individual, agora junto com este conto, uma vez que a personagem principal é a mesma.

Este conto passa-se pouco depois dos eventos de A única carta, daí ter sido aqui adicionado. 

Se ainda não tinhas lido Recomeçar quando era um livro individual, agora tens oportunidade de o fazer e ficar a conhecer um pouco mais da conturbada adolescência desta protagonista! 

Se ainda não tinhas lido Recomeçar quando era um livro individual, agora tens oportunidade de o fazer e ficar a conhecer um pouco mais da conturbada adolescência desta protagonista! 

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

ꜱᴀʟʟɪᴇ ᴘᴏᴜꜱᴏᴜ a caixa de bolos que tinha no colo sobre o tabliê do carro da mãe e saiu em passo apressado, correndo até à porta da oficina de Isaac. O som das máquinas a trabalhar confirmou que o mais velho ainda estava lá dentro.

— Zac, vou embora! — gritou por cima do barulho das máquinas, da porta.

Ele largou a lixa e tirou os auscultadores, olhando para a prancha inacabada sobre a bancada.

— Já vais? Pensei que ainda tivesse tempo de acabar a tua prenda!

Sallie sentiu um misto de felicidade orgulhosa e tristeza.

— Sabes que vou viver num sítio sem ondas. — Ela aproximou-se e passou a mão no objecto. — Mas está espectacular. Devias vender.

— Nem penses. Vai ficar à espera que me venhas visitar.

Isaac aproximou-se para a abraçar com força e Sallie aproveitou para cheirar o aroma salgado do seu corpo masculino. Quando o abraço terminou lentamente, qual onda que se desfaz com suavidade na areia da praia, Isaac tomou o rosto da rapariga à sua frente nas mãos e beijou-a como antigamente. A adolescente, inebriada pelo hábito e pela despedida, correspondeu.

Da primeira vez que Sallie mudou de casa, e de vida, foi por causa do pai. A sua infância na presença dele nunca foi particularmente feliz, mas ele era o seu herói. Isto, até ao dia em que a mãe, Naeva Kalani, sentada num restaurante de fast food depois de fugir de casa com ela, lhe contou a verdade.

O ódio contra o pai por tudo o que ele fez sem a jovem dar conta foi instantâneo. Mal a mãe lhe revelou os vícios do pai e a violência com a qual a tratara por anos, a opinião que Sallie tinha sobre ele — e que ela tinha expresso na carta que enviara 40 minutos antes — mudou completamente. Contudo, a confiança na sua sexualidade, que o pai tinha destruído aos 13 anos ao ver o cartão de São Valentim dirigido a uma menina da sua escola, não veio com a mesma facilidade.

Tinham passado poucas semanas desde a fuga de casa quando Sallie conheceu Isaac, numa praia a menos de 1km daquele estúdio. A paixão pelo surf uniu-os e, em poucos meses, o rapaz declarou-se. Sallie tinha menos três anos que ele e não sentia o mesmo, mas aceitou o pedido de namoro, para tentar ser "normal".

A única carta que alguma vez lerás (⚢)✔Where stories live. Discover now