01 ▪︎ Apollo e Darius

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Corte Primaveril

     Apollo não conseguia acreditar que o seu irmão recém-nascido já demonstrou nos primeiros segundos de vida todos os sinais necessários para ser o futuro herdeiro da Corte Primaveril.

Morgane, sua tia-avó, que era irmã de Helion e uma vidente há séculos, teve uma visão do Atlas herdando o título de Grão-Senhor no momento que o menino deu o primeiro choro ao mundo.

Já Apollo? Era nada.

Ele estava aliviado que a sua mãe estava bem após passar por um parto de risco, mas não poderia ignorar a frustração consigo mesmo. O feérico saiu porta afora da esplêndida mansão onde vivia para tentar respirar um pouco.

Os sons de passos e gritaria enchia a mansão com as luzes feéricas iluminando toda a extensão do pátio. Aquela corte foi reerguida por Elain e Lucien décadas antes após a morte de Tamlin.

E agora, os feéricos inferiores estavam cantando e assando javalis enormes no lado de fora em homenagem ao nascimento de mais uma criança dos seus Grão-Senhores.

Com o bebê Atlas eles eram seis filhos nascidos na primavera, exceto Apollo. Quando criança, escutou uma vez sua mãe contar para o pai deles que ela tivera uma visão no passado e que eles iriam ter apenas sete filhos.

O número da perfeição e da beleza da criação. Apollo era o quarto filho do casal; número péssimo, diga-se de passagem.

Apollo caminhou para longe da mansão se afastando dos convidados, familiares e de seus outros irmãos.

Aurora era a mais velha dos irmãos e havia se tornado meses atrás herdeira da Corte Diurna. A segunda irmã, Alyssa, estava sendo treinada há décadas para ser uma das comandantes do exército do seu avô Helion.

Apollo teve a esperança de se tornar Grão-Senhor da Corte Outonal, através da ligação de sangue com a sua avó, Ginna e do seu tio, Eris. Mas... o seu tio teve um filho com a sua parceira, Alys, duas décadas atrás.

Irritado, Apollo chutou um pedaço de galho e soltou um rosnado de raiva. Passou pelos jardins deslumbrantes da sua mãe e se embrenhou em meio a entrada da Floresta do Sol.

O ar estava fresco e agradável ao tocar sua pele bronzeada. Seus cabelos ruivos e curtos na altura das orelhas balançavam com o vento agradável daquela noite.

Seu irmão caçula nasceu uma semana antes do Calanmai. Ele realmente era filho da primavera, enquanto Apollo nasceu prematuro em pleno inverno um dia depois do aniversário da sua tia Feyre.

Foi o único dos irmãos que nasceu na época mais fria e menos feliz para sua família que celebrava sempre os aniversários de todos os filhos na mesma estação.

Apollo também era o único dos irmãos que tinha os olhos azul-acinzentados como os olhos das suas tias e da sua avó materna. Alyssa, Aella e Atlas nasceram com os olhos castanhos e grandes da sua mãe. Aurian e Anyra nasceram com os olhos castanho-avermelhados do seu pai. Já Aurora tinha os olhos castanho, puxados para tom de âmbar como de seu avô, Helion.

Apollo se não tivesse o cabelo vermelho, diria que era filho de outra pessoa. Aquilo seria um desrespeito com a sua mãe, pensou, frustrado.

Tinha o porte físico, a voz e o queixo do seu pai. No canto esquerdo do lábio superior tinha uma pinta que os seus amantes diziam ser atraente.

Enfiando as mãos nos bolsos da calça, Apollo admirou o extenso rio. Ninfas nadavam e pulavam na água dando risadinhas e abanando para ele. O macho sorria sem humor e abanava para elas.

Court of Legacy | acotarWhere stories live. Discover now