Don't Overlook

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Não se falaram durante o restante do dia.

Era domingo, segunda-feira estava chegando, que seria o dia de seu trabalho (que supostamente era fazer reportagens). Em outras palavras, seria o dia em que ela teria que começar a ajudar Bill.

Ele estava na cozinha, sentado em uma das cadeiras enquanto falava no telefone com alguém:

“onde você está, cara? A mãe e o pai estão com saudade de você” — disse o homem do outro lado da linha.

“eu já falei, Tom, meu trabalho é extremamente confidencial. Também estou com saudade mas não posso fazer nada! Prometo visitá-los no natal.”

“Você sempre diz isso e nunca aparece”.

“Espera, Tom…”

A ligação foi cortada.

Bill colocou o telefone em seu bolso e ficou olhando para o além. Pensando nas palavras de Tom. Estava tão distante assim? Estava mesmo com saudades da família? Gostava de viver com a fama.

Se levantou e foi até a janela. Eram 8h35, conseguia ouvir os pássaros cantando. O sol mal aparecia por conta das nuvens, uma chuva estava por vir.

Pensava se ele realmente gostava da ideia da fama no crime. Sentia falta do irmão e dos pais , principalmente do garoto. Afinal, ninguém sabia que ele era o assassino. Na vez que matou aqueles adolescentes, estava usando uma máscara que cobria sua boca, aquelas que usamos quando estamos doentes. Toda preta, mostrando apenas seus olhos. Suas mãos estavam cobertas por luvas enquanto apontava para os jovens.

— Por favor… Não fizemos nada — Um garoto loiro, bem penteado e arrumado falou enquanto chorava.

— Se ajoelhem, agora. — Bill ordenou, e eles obedeceram.

Se agacharam em uma fileira, eram 5 adolescentes de até dezenove anos. Uma delas chamou sua atenção: Cabelos escuros e longos, era a única que não aparentava estar nervosa. Ao contrário de seu namorado, Richard, ele estava tentando mostrar que tinha coragem.

— Seu bosta! Eu vou te matar! — disse aquele cara com força na voz.

Bill riu.

A única iluminação que havia naquele beco era de um poste, que frequentemente piscava. A qualquer momento aquela energia iria acabar. Não havia ninguém ali, ninguém ousava atravessar aquele lugar na verdade.

— O QUE QUER DA GENTE?! — Richard gritou, fazendo Bill temer que alguém escutasse.

Ele atirou na perna do rapaz uma vez. Se agachou na altura dele, ficando cara a cara com ele.

— Não grite comigo. — disse Bill, deu uma risada e levantou novamente. — Vocês todos fizeram uma merda muito grande. E vão pagar por isso. — ele levantou o revólver, logo em seguida apontou para cada um dos 5 — começando por você. — apontou a arma para a testa de Richard.

— Por favor, cara, minha mãe está doente e meu pai…

— Ahh, sua mãe está doente? então por que não pensou nela antes de cometer um crime? Hum?

— Eu precisava da grana, eu só estava…

Bill não o deixou terminar. Atirou no cara. Uma bala foi o suficiente para fazer um estrago na cabeça dele. Ouviu em seguida o grito de desespero da namorada de Richard, “NÃO!”.

— Quem vai ser o próximo?

Bill piscou repetidas vezes seus olhos. Estava lembrando de coisas que gostaria de esquecer. Olhou para o relógio, já eram 9h05.

Ele era um assassino ou um herói?

Caminhou até o quarto, Caitlyn ainda estava dormindo em sua cama. Pegou o celular em seu bolso e adicionou um alarme para que ela acordasse daqui alguns minutos. Nomeou como “hora de acordar”.

Não demorou para que despertasse. Caitlyn fez a mesma coisa de todos os dias. Olhou para os lados sonolenta, tentando compreender se estava em sua casa e todo aquele resto não passava de um sonho (pesadelo).

Pegou o celular de Bill e foi até a cozinha. Mas não ouviu o barulho das panelas dessa vez, achou estranho. O viu em pé na sala, olhando na janela enquanto bebia café.

— Bom dia — ela falou, caminhando até ele — seu celular.

Ele o pegou e guardou em seu bolso novamente.

— Está tudo bem?

— Só estou pensando. — respondeu — você não lembra mesmo de como veio parar aqui?

— Não, por que não me conta o que aconteceu?

— Quero que você mesma se lembre.

Bill foi até a pia da cozinha e largou a xícara lá. Estava se preparando para lavar a louça, até sentir Caitlyn o puxando por trás e fazendo ele a olhar.

— Por que esconde isso de mim? — ela falou com raiva, estavam próximos um do outro.

— Eu já disse, você mesma tem que se lembrar.

Caitlyn não respondeu. Juntou seu rosto no dele e deu um selinho longo no mesmo. De surpresa, sem nenhum aviso. Bill não reagiu, ficou imóvel e com os olhos abertos.

A garota soltou sua camisa e caminhou até o banheiro sem dizer mais nada a ele. Já Bill, na verdade, ele não sabia o que dizer ou fazer. Estava atordoado, não esperava aquilo, nem sequer cogitou que aquilo fosse acontecer.

Mas ele gostou, e desejou que acontecesse de novo.

Mas não falou sobre isso no restante do dia, e nem ela. Ambos fingiram que aquilo não aconteceu. Caitlyn não sabia por qual motivo havia feito aquilo.

Estava querendo sentir os lábios dele no seus a quanto tempo?

Pensou em Andy, seu namorado (ou ex). Onde ele estava? Estaria a procurando? O que faria quando (se) encontrasse ele novamente? Se sentia atraída por Bill, e se culpava por isso. Mas não podia evitar.

Ela queria aproveitar, talvez aqueles dias fossem seus últimos. Estava presa na casa de um assassino, não havia mais nada a perder além de sua própria vida. Mas não achava que Bill a mataria.

De certo modo, ela acreditava que Bill jamais a machucaria.

E ela estava certa... De certa forma.



DARK ROMANCE - Bill KaulitzWhere stories live. Discover now