.03. Chapter Three.

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"Somos levados a hesitar entre uma explicação que não transgride as leis naturais — é um sonho, uma fantasia — e outra que recorre ao sobrenatural — são monstros, demônios.

~ Tzvetan Todorov, Goya à Sombra das Luzes.

J e o n

Normalmente, a conotação sexual é um fator relevante para o assassino. O desejo, mesclado com a sensação de poder sobre a vida e a morte, interfere nos sentidos mais obscuros da mente humana. Onde, ocasionalmente, há o início de fantasias que são, de modo geral, desvirtuadas.

Naquele final de tarde, o quarto reservado do hotel no Pier 67 contava com uma vista prestigiada do rio de Seattle. O agente Park, entretanto, roubou a cena de modo fortuito quando se desfez de suas roupas de marca, e veio até a beirada da cama.

É algo profissional, casual. Faríamos aquilo para não ter que recorrer a nossa própria autodestruição. Sendo assim, foder parecia a melhor opção. Especialmente, com aquela cena pornográfica do agente Park engatinhando pelos lençóis brancos da cama ainda bem arrumada.

Eu já tinha me desfeito do terno há um certo tempo, enquanto enchia as taças com um vinho caro e o esperava escorado na cabeceira

Devo admitir que, apesar de não compactuar muito com a reputação do meu parceiro de investigação, aquela foi uma boa ideia. Tinha um certo tempo, também, que eu não me permitia ter essas distrações. Porque, bem, nesse trabalho, era isto o que sexo significava: uma distração.

— Eu enchi uma taça para você, antes de começarmos. — o alcancei, ele me olhou de um jeito atrevido — O que foi?

— A ideia, agente Jeon, é não depender de nossos vícios. — ele aceitou a taça oferecida, mas afastou a minha — Sejamos o vício um do outro, então.

Sua postura maliciosa fazia jus à arrogância petulante que o agente Park carregava. Por debaixo de suas roupas quentes e sua carreira bem-afamada, há um corpo frio que me tocava aos poucos, necessitando de calor humano.

— Então você bebe, e eu não? — questionei, suas mãos começaram a passear pelo meu peito.

— O meu vício não é o álcool. — argumentou, validamente.

Era um bom ponto, e verdadeiro. Park revelava-se alguém calculista, ordinariamente articulado, à medida que aprofundava seus toques em minha pele, agora rebolando provocativamente em meu colo, eu não pude considerá-lo, no entanto, um hipócrita.

— Você está gelado. — comentei, o vendo bebericar alguns goles da taça e em sequência colocando-a na mesa de cabeceira ao lado.

— Então me esquente, agente Jeon. — respondeu ligeiro, partindo para os meus lábios, os atacando de forma intensa.

Afundando meu peso contra o colchão, senti-lo era algo inevitável. Rodeei sua cintura com os meus braços, deslizando minhas mãos para o tecido que ainda cobria o quadril bem empinado. Completamente gelado.

Àquela altura, eu não sabia se era frio, nervosismo, algo natural de seu sistema biológico ou, ousadamente, uma espécie de abstinência de seu vício, mascarado através da academia, quando na verdade, ambos sabemos que é a dor.

Nossos lábios ainda grudados, minhas mãos apertando o quadril e puxando-os para cima, enquanto o mesmo rebolava no meu colo. Não pude evitar por muito tempo, minha ereção começou a tocá-lo.

— Confesso que eu fantasiei essa cena diversas vezes na minha cabeça. — ele diz entre o beijo.

— Fantasias são coisas perigosas, agente Park.

Modus Operandi  • Jjk + PjmWhere stories live. Discover now