Capítulo X. Guardiões do ar e da terra

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I.

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Izuku tem que esperar porque a última chuva da temporada começa ao entardecer. Ele passa os dias próximo à fonte. Tsuyu desce para fazer companhia quando as horas se tornam demais. Ochako é quem o convence a subir para jantar. "Você não pode viver de uma imagem agora", ela diz. "A chuva passará logo". Katsuki não diz nada. É estranho vê-lo tão calado. Izuku também. Ele o abraça e tenta, em um abraço, condensar o que sente, mas é impossível. Todo o relacionamento deles fica em pausa por sua preocupação. Por ver sua mãe, que nunca esteve realmente doente.

No último dia de chuva, previsto por Denki, há um banquete do qual Izuku se retira cedo. Ele fica sentado em um dos pátios. Também não tem vontade de ficar sozinho em seus aposentos. Katsuki o encontra um tempo depois.

—Ei, príncipe — ouve Izuku. — Quer dormir comigo? — Katsuki pigarreia. — Só dormir.

Izuku solta um suspiro de alívio.

—Por favor.

Ele acha muito fácil se encaixar no corpo de Katsuki. É simples se aninhar em seu peito e fingir que nada está acontecendo.

Katsuki passa a mão pelo cabelo dele, solta um suspiro — e é estranho ouvi-lo suspirar tão cansado e exausto — e então sim, fala:

—Você parte amanhã — ele diz. — Eu sei que a viagem leva mais de duas semanas porque nosso território não é exatamente seguro e há muitas paradas a serem feitas, mas... Eijiro pode fazer o percurso em dois dias.

—Katsuki, você não pode...

—Não vou discutir isso. Eijiro vai te levar. Ele concorda. Ele vai te trazer de volta. Se quiser. — Katsuki solta um grunhido. — Isso porque não confio em seu pai. Eijiro impõe respeito. Então... Eu sei que você não é fraco. Mas. Mesmo assim. Eu ficaria mais tranquilo... — Katsuki suspira. — Você não precisa voltar, mas, se quiser...

—Kacchan. Vou voltar.

Mas ele pode ouvir a dor em sua voz. O quanto custa dizer isso a ele. "Vá, vá ver sua mãe". O tom de Katsuki corta o ar entre eles. Izuku não menciona nada sobre isso.

—Eu entenderia se você se atrasasse. Ou se não... — Katsuki suspira novamente. — É sua mãe, Izuku.

E a maneira como ele diz isso.

Izuku suspeita que há muitas coisas ali. Muitas coisas relacionadas a Mitsuki Bakugo, à própria mãe do Rei Bárbaro. Ele não pergunta. Nesse momento, não há tempo. Não há nada. Apenas Katsuki e ele, aninhados em seu peito, e a terrível certeza de que na manhã seguinte deixarão aquele palácio.

"Duas semanas", ele pensa.

Isso teria que ser suficiente.

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A manhã avança lentamente e rapidamente demais. O tempo corre e se move com languidez ao mesmo tempo, confundindo Izuku, que empacota algumas coisas que Katsuki, posteriormente, o ajuda a amarrar a uma das escoras das asas de Eijiro.

— Lá vão todos devidamente protegidos.

Entre as roupas — apenas duas trocas leves para a diferença de clima — há um presente para sua mãe. Uma joia feita por Mina, com magia, usando as escamas de Eijiro como base e um colar que aparentemente Katsuki mesmo deu. Izuku não tinha ideia até que o segurou em suas mãos, e Katsuki disse que não seria um bom genro — embora ainda fosse uma mentira — se não enviasse um presente para Inko Midoriya.

Olhos verdes, olhos vermelhos (BAKUDEKU-Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora