1 | Owner of a Lonely Heart

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CAPÍTULO EXCLUSIVAMENTE DEDICADO A: stormynch

Diga que você não quer arriscarVocê já se machucou muito antesVeja agora, a águia no céuComo ela dança sozinhaVocê, deixe-se levar

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Diga que você não quer arriscar
Você já se machucou muito antes
Veja agora, a águia no céu
Como ela dança sozinha
Você, deixe-se levar

[Owner of a Lonely Heart - Yes] 


Seus olhos estavam arregalados em pânico conforme observava a cena diante de si. Mesmo que seu cérebro implorasse para correr, não enviava as funções necessárias para que suas pernas o fizessem, então o garotinho permanecia ali, estático, sentindo-se inútil, porém, não fazendo nada para mudar.

"Corra, seu bobo", sussurrou a voz na sua mente, trêmula, recôndita e assustada. "Por favor, corra antes que ele o veja!"

Os grandes e molhados olhos do garotinho se fecharam. Molhados? Ele levou os dedos gorduchos e sujos de chocolate (chocolate, quem diria!) às bochechas, os rastros inócuos e frios das lágrimas expulsando a quentura que tomava seu corpo. Se sentia tonto e amuado, até imaginava se a cena que presenciava era fruto dos delírios pela febre de 40° graus diagnosticada pela mãe do seu amigo.

"É real! O que você está vendo é real, seu burro!". A altura da própria voz mental o assustou e o fez recuar. Só não o fez notar a presença do vaso preferido da avó sobre uma mesinha de mogno. E, como em câmera lenta, o garotinho assistiu o objeto balançar uma, duas vezes, até perder o equilibro e se espatifar no chão.

O menino parou. Não. O coração do menino parou. Tudo ao redor parou. Inclusive, a cena que o fez permanecer ali, para início de conversa.

Tomado pelo desespero, ele se abaixou para tentar juntar os cacos, colá-los, fingir que nunca esteve ali — sumir. Porém, era inútil. Não havia o que fazer pelo vaso; não havia o que fazer pelo garoto. Os olhos moveram-se em pânico para a fresta da porta, e a figura que até ainda pouco estava ali, não estava mais. Isso foi o suficiente para finalmente seu cérebro lembrar de enviar funções motoras para as pernas e fazê-lo correr.

O mais rápido que pôde, o garotinho fugiu dali. Suas pernas queimavam, tal como seus pulmões, e certamente a doença que o acometia iria piorar, mas nada disso importava naquele momento, não com a figura pesada que o seguia soltando berros raivosos, pois sua segurança era o que mais importava. Como sabia que o quarto já não era mais uma opção de confiança, mal perdeu tempo em seguir na direção da porta dos fundos, para sua casa na árvore. Precisava chegar ali... era urgente... necessitado... era seguro.

Ele estava a 3 metros da árvore e sabia que subindo-a estaria a salvo. Seria preciso apenas remover a escada e poderia passar a noite ali, coberto como foi ordenado, espantando mosquitos e ouvindo música na vitrola velha do avô.

Chuva de Vienna | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora