023. Nunca?

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SP 📍

ALANA MONTEIRO

Coloco Raphael no banco passageiro, ele se ajeita, ajudo ele colocar o sinto e deito o banco um pouco, ele não para de me encarar em momento algum, ele fica ajeitando meu cabelo, me olhando, sorrindo, mas não abre a boca pra falar nada. Dou a volta, entro no banco do motorista, jogo minha bolsa no colo dele, coloco o sinto, ligo o carro, e começo a manobrar.

- Alana?... Tá brava comigo? - Ele fala com uma voz manhosa e rouca, consigo tirar o carro da vaga e saio do Allianz. - Em ?

- Não Rapha, não tô brava, só acho que você não deveria ter bebido muito. - Não desvio o olhar do trânsito.

- Não tô fando disso. Tô falando de eu ter falado que quero você. - Minha respiração fica um pouco pesada. - Você me quer também?

- Qual música quer ouvir? - Mudo de assunto, ele abre a boca pra falar algo mas logo fecha e fica quieto. - Vou colocar Luisa Sonza.

O resto do caminho a gente foi em completo silêncio, ele as vezes olha pra mim, eu aperto o volante, um nó se forma no meu estômago e na minha garganta, sinto um vazio dentro de mim, minha mente confusa, coração apertado, medo, vontade de chorar, já senti isso antes, estou com confusa, assustada. Chego no meu condomínio, estácio o carro numa vaga, desço sem olhar para Raphael, logo em seguida ele sai do carro, dou a volta ajudo ele a andar até o elevador, pego minha bolsa de seu ombro. Aperto o botão as portas se fecham e o elevador sobe.

Raphael não para de me encarar, eu apenas fico de cabeça baixa. Eu tô com muito medo, parece que tudo tá voltando outra vez...

- Por que tá fazendo isso comigo? - Raphael pergunta, e eu levanto minha cabeça e o encaro, meus olhos enchem de lágrimas, ele se aproxima de mim, coloca as mãos em meu ombro e aperta um pouco. - Em? Por que? - Me mantenho quieta. - FALA ALANA, POR QUE? - Ele me aperta um pouco.

- Rapha por favor... - as lágrimas escorrem pelo meu rosto, uma pontada em meu peito, respiração descontrolada, eu abaixo a cabeça novamente e Raphael me aperta mais. - Rapha tá machucado.

- VOCÊ SÓ PENSA EM VOCÊ, SEMPRE SE COLOCANDO EM CIMA DAS PESSOAS. - Ele me solta, se afasta, passa a mão em seu cabelo e se encosta na parede do elevador, ele respira fundo. - Por que você nuca me responde?

Minha respiração fica descontrolada, meu rosto ferve, mais lágrimas escorrem pelo meu rosto, um pedido de socorro grita dentro de mim, estou em conflito comigo mesma.

- Rapha por favor...

- Alana, fala pra mim o que você sente, por favor, fala pra mim. - Eu o encaro, tremendo, com medo.

- Esse é o problema, eu não sinto nada por você. - Desabafo, e vejo suas pupilas dilatadas, sua respiração fica pesada. - Me desculpa...

- Não é sua culpa. - Ele sai de dentro do elevador, eu nem tinha percebido que já tínhamos chegado e que a porta estava aberta, saio de dentro do elevador e vejo Raphael se apoiando nas paredes pra não cair, caminho até ele, tento o ajudar mas ele recusa. - Alana não preciso da sua ajuda, qual é seu apartamento?

- É aquele ali. - Aponto para a porta do meu apartamento. Ele caminha até o mesmo e eu o acompanho, sem encostar nele, abro a porta do apartamento e vejo Mari dormindo no colo de sua babá. - Fica a vontade Raphael.

Ele murmura "obrigada" e entra, eu indico aonde é o banheiro e ele caminha até lá. Mais tarde, Mari está em seu quarto dormindo, Raphael na sala assistindo TV e tomando o chá que preparei para ele, dês que entramos aqui no apartamento não trocamos nem uma palavra, apenas olhares, de dor e confusão. Estou sentada no sofá um pouco longe dele. E o observo com a mão inquieta, provavelmente querendo falar algo.

- Você tem medo de mim? - Ele finalmente fala, vira o rosto para me encarar.

- Não é isso Rapha...

- Não. - Ele nega com a cabeça. - Seja sincera comigo pelo menos uma vez.

- Eu nunca menti pra você.

- Nunca? - Ele me encara mais, a pergunta vaga pela minha mente, e meu coração aperta.

- Rapha por favor...

- Alana, eu cansei tá? - Ele se levanta. - Pode me dar um travesseiro e um cobertor... Eu durmo aqui na sala.

- Não precisa, minha cama tem espaço para nós dois. - Me levanto também.

- Melhor não, não quero confundir as coisas.

- Rapha, o sofá é desconfortável, vem logo.

Ele hesita por um momento, mas depois aceita, nos deitamos na cama, longe um do outro, apago todas as luzes, sem deixar nada de luz por causa da mania dele.

SP 📍

RAPHAEL VEIGA

Estou extremamente confuso, perdido, eu queria saber o que se passa na cabeça da Alana. Fico sentado na cama enquanto observo ela dormir, respiração pesada, está tensa, provavelmente tendo um pesadelo. Passo um tempo a observado, até que escuto um barulho na porta, tomo um susto por um momento, mas logo me levanto abrindo a porta, olho para baixo e vejo Mari, com o cabelo muito bagunçado, pijama de ursinhos.

- O que você tá fazendo aqui tio? - A voz de Mari e de puro sono, ela esfrega os olhinhos, e eu sorrio.

- Vim... Fazer companhia para sua mãe, e você pequena? Tá fazendo o que aqui?

- Ué, eu moro aqui. - Ela da uma risada baixa e eu dou risada também.

- Verdade né. - Pego ela no colo e ela coloca a cabecinha no meu ombro, coloca a mão na gola da minha camisa e fecha os olhos, fecho a porta do quarto, deito na cama com ela em meu colo.

- Tio por que a mamãe tava chorando hoje? - Ela pergunta enquanto se ajeita.

- Sua mamãe tá passando por um momento delicado princesa, mas logo ela vai melhorar. - Faço carinho em seu cabelo, e ela levanta a cabeça e olha para mim.

- Eu amo muito ela tio. - Deita a cabeça no meu ombro novamente.

Depois de um tempo ela adorme completamente e eu passo o resto da noite observando as duas.

- Eu também...

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AUTORA: Gente eu chorei muito, muito mesmo, sei o que a Alana está passando, e não é fácil. Votem e comentem bastante. 😘😶‍🌫️

Instagram: autora_bibia05.

SEDUÇÃO - RAPHAEL VEIGAWhere stories live. Discover now