new neighbors

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Em uma tarde comum e nublada no pequeno vilarejo Greyville, dez novos habitantes cruzaram a fronteira do distrito prontos para se instalarem no bairro mais evitado do lugar. O caminhão seguido por dois carros estacionou em frente ao casarão e ali desembarcaram os mais novos integrantes da pacata vizinhança.

Takata Minami tomada pela curiosidade se sentou no parapeito da janela de seu quarto e com a cortina parcialmente fechada espiou os novos vizinhos organizando a mudança no outro lado da rua, não queria ser flagrada cuidando da vida de outras pessoas. Sua atenção fora cortada pelas batidas exageradas na porta de seu refúgio.

— Perdeu o sinal outra vez, Takata? Irá ficar sem o jantar. — A diretora exclamou do outro lado da porta tentando abrí-la de forma frenética. — E eu já disse que vocês não devem trancar a porta.

A garota revirou os olhos e suspirou enquanto seguia até a porta. É, era realmente difícil conseguir um pouco de privacidade quando sua casa é um orfanato e a diretora nunca sai do seu pé, já foi difícil conseguir um quarto individual e mais difícil ainda eram os diversos olhos direcionados a ela durante todo o tempo.

— Me desculpe. — Disse fitando os próprios pés após abrir a porta. — Eu já irei descer, acabei me distraindo enquanto lia, diretora.

— Feche a janela antes, essa ventania está trazendo muita poeira.

Minami foi até a janela novamente e observou os vizinhos, suas orbes negras se encontraram com os olhos acinzentados de um dos novos vizinhos e ali foi a deixa para que fechasse a janela e o outro lado da cortina. Ela não conseguia explicar claramente mas seu corpo foi preenchido por uma sensação estranha ao fazer contato visual, talvez fosse vergonha, mas parecia outro tipo de sentimento.

O burburinho das outras garotas comentando entre si sobre os recém-chegados não era nada discreto, os hormônios realmente atingiam as adolescentes com tudo e durante o jantar a Takata manteve seus ouvidos atentos para entender as fofocas, odiava se envolver e preferia não ser próxima de suas colegas de casa, mas também não poderia ser uma completa tapada e não saber das boas novas. Os poucos garotos que habitavam ali pareciam mais entediados do que nunca ouvindo sobre a pauta do dia e foram completamente jogados para escanteio.

— Ele é perfeito. — Uma das jovens falou com um sorriso após engolir o jantar. — Ele tem o cabelo curtinho e é tão alto!

— Ainda prefiro o que tem covinhas. — Outra rebateu.

Os vizinhos eram o único assunto que preenchia a sala de jantar, as vozes animadas e as histórias inventadas pelas garotas fantasiando pelos garotos chegavam a ser irritantes para os ouvidos de qualquer um, então Minami terminou seu jantar o mais rápido que pôde. Ela não era diferente das outras garotas, também os achara deveras interessantes, mas não era do seu feitio tornar isso de conhecimento público.

Andando em direção ao quarto, a Takata viu de relance a diretora conversando com um homem que ela não pôde reconhecer e então apenas seguiu seu caminho. Ao abrir a porta, uma corrente gélida percorreu seu corpo e a fez estremecer, então percebeu que sua janela estava parcialmente aberta. A garota franziu o cenho e coçou o pescoço. Ela não havia fechado antes? O vento deve tê-la aberto, foi o que ela pensou para não se sentir um pouco louca.

No momento que foi fechá-la, a luz acesa do outro lado da rua chamou sua atenção, sua janela agora dava vista para o quarto de outra pessoa, era tão estranho e invasivo. Minami a trancou e dessa vez conferiu para ver se realmente tinha fechado.

Do outro lado da rua, na casa dos vizinhos, K viu o reflexo da garota e fechou a cortina assim como a Takata. Ele se deitou na cama superior da beliche e fitou o teto enquanto fazia um biquinho, o dia de mudança tinha sido cansativo, sem contar invadir o quarto da vizinha sem que ninguém percebesse.

RUNNING W. THE PACK - ANDTEAM.Onde histórias criam vida. Descubra agora