25. Truths I

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Não Revisado

Quatro cabeças circulam a mesa de jantar, observando o amontoado de retângulos de madeira, empilhados em uma torre precária, incrivelmente torta, apenas esperando para cair e anunciar a perdedora da rodada. Atrás delas, Nigel cronometra o tempo de jogada de uma delas, regra inventada de última hora justamente por causa de sua amiga que demoraria quase meia hora tirando uma das peças e outra meia hora para colocar isso no topo, nada novo a se esperar de alguém tão competitivo. Não é como se as outras jogadoras ficassem para trás nesse quesito, as gêmeas estrategicamente retiram as mais fáceis para obter vantagem e a caçula Princhek acumula o maior sucesso em movimentos, algo que a mesma passou a contabilizar com orgulho.

- Não temos o dia todo, Em. - ele brinca, olhando para os milissegundos que correm contra a tentativa - 10, 9, 8, 7, 6, 5...

- Ahh!

A madeira bate contra o vidro do móvel e no piso laminado com força, fazendo um pequeno estrondo, era a maior que haviam conseguido erguer, e Emily dá um passo para trás, mãos levantadas ao ar em pura derrota. Já é a quarta vez consecutiva e desistiria se a vontade de derrotar as carinhas presunçosas de suas adversárias não fosse maior do que o senso de preservação. As meninas tentam esconder as risadas, conhecendo a ruiva muito bem ao ponto de saberem que ela vai se irritar mais ainda e apesar de ser divertido provocá-la é melhor não arriscar cutucando onça com vara curta. Antes que a assistente possa ter alguma reação, braços macios a rodeiam por trás e no momento seguinte está inebriada em um perfume doce, o mesmo que vem sentido incessantemente nos últimos dias, desde que divide o quarto com a irmã de sua chefe. Os dedos longos e suaves acariciam seus ombros antes de descerem até a cintura, a levantando do chão para rodopiar pela sala, a distraindo da afronta juvenil. Elas giram e quase tropeçarem nas pernas uma da outra. Esther gargalha ao sentir o próprio corpo bater contra a parede e ter que usar a superfície como apoio para não cair, a este ponto a mais nova se junta a ela, esquecendo-se das humilhantes derrotas no jogo.

- Vejo que estão se divertindo muito. - Miranda entra no cômodo, concentrada em colocar as luvas, essencial para lidar com o frio que começa a se estabelecer para a neve que virá a cair no mês seguinte – Mas já é hora de irmos.

- Estou quase pronta. - Emily se recompõe e ajeita a roupa, lhe falta apenas o casaco e alguns acessórios.

- Hoje não preciso de vocês. - ela responde indiferente e de forma despreocupada, mesmo que esteja sentindo certo frio na barriga temendo que desconfiem de suas razões, a intimidade gradual abriu a porta para questionamentos pessoais, às vezes pode ser algo bom, outras vezes simplesmente irritante - Vocês estão de folga. Emily, após fazer... aquilo, está livre.

- Milagre! - Nigel solta sem nem perceber e logo se arrepende pelo olhar que recebe de todos – Vou calar minha boca antes que eu tenha que esfregar o banheiro com uma escovinha de dentes.

- Não é má ideia.

Ele ri com nervosismo, se não fosse contra os direitos trabalhistas com certeza já estaria fazendo isso há tempos. Já a outra se mantêm calada, sabendo que não há qualquer tipo de direito que a salve de ser punida por ter língua grande e também quer garantir suas horas livres, mesmo que apenas para dormir um tempinho a mais.

- Estamos indo. - ela anuncia e se agacha na altura das filhas – Se comportem, meus amores. E cuidem bem de Andrea e da princesinha.

- Pode deixar, mamãe. - Caroline responde prontamente, animada com a pequena responsabilidade, adora ajudar com a irmãzinha e mal pode esperar para que elas acordem.

- Nós podemos fazer café da manhã para elas? - é Cassidy quem pergunta, pensando em formas de agradar.

- Apenas com supervisão de um adulto.

Loving and Protecting - MirandyWhere stories live. Discover now