Capítulo 9 - Na Monocrom.

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Aurora narrando:

- E foi basicamente isso que aconteceu. - Termino de contar toda a história para Mia.

- Estranho demais ele ter vindo aqui. - Comenta Mia, pensativa.
- Atrás de você... - Acrescenta.
- E me surpreende ele ter feito tudo isso: ir ao seu trabalho, entrar nesse bairro, e depois de tudo ainda dar essa apunhalada final. - Adiciona.
- Como eu disse antes, esse cara é indeciso, não sabe o que quer. - Finaliza.

- Ele disse que preferia que a Mavie estivesse comigo em vez de com estranhos. - Explico.
- E que essa seria a maior gentileza que poderia ter. - Acrescento sarcasticamente.
- Você está errada, Mia. Está criando expectativas em um cara que rejeitou a filha duas vezes, não importa o que ele faz pelo povo, mas sim o que faz com aqueles que o conhece de perto. - Finalizo.

- E você está bem com isso? - Mia pergunta em geral.

Além de eu ter ficado quase uma hora chorando? Estou bem, sim. Tentei entender a tarde inteira o motivo do meu espanto, Ethan já fez isso antes, de maneira mais ríspida e humilhante ainda por cima.

Talvez, bem no fundo, eu também tenha criado expectativas de algo melhor nele. Mas eu jamais admitiria isso para a Mia, nem para ninguém, me sinto uma idiota.

O que me irrita foi eu ter chorado na frente dele, feito uma otária que não consegue lidar com as próprias emoções, enquanto ele estava aqui, tranquilo, me observando, sem dizer nada, bem acostumado com mulheres emotivas a seus pés.

Eu o odeio.

- Estou bem melhor agora. - Respondo.
- Mas, ainda me sinto mal pela Mavie. - Tento explicar.
- Me sinto culpada por tudo isso, por ter deixado isso acontecer e por não proporcionar uma família para ela. - Finalizo.

Mia estava sentada à minha frente, com a mesa entre nós duas. Assim que ela pisou os pés no apartamento, contei os detalhes de tudo, nem teve oportunidade de tomar um banho e descansar.

- Ei, para com isso. - Segura minhas mãos.
- Ele é o responsável pela situação. - Afirma.
- E a Mavie tem uma família: eu, você e ela. - Finaliza, e eu sorrio.

Sei que em breve Mia pode iniciar um relacionamento com o diretor da universidade IP, Siren, da qual Ethan é dono, e eu ficarei muito feliz por ela.

Os dois não param de fazer ligações pelo celular até pegarem no sono, estão mesmo apaixonados. No final, será eu e a Mavie, e, isso não é ruim!

- E agora temos certeza que você vai finalmente ter a Mavie de volta e contar para ela quem você é. - Comenta Mia, me lembrando do que realmente importa agora.
- Deveria estar feliz. Pelo menos algo bom esse babaca está fazendo. - Finaliza.

- Não sei como vou dizer isso a ela, nem se ela irá me entender. - Trago à tona o medo que sempre tive.

Cuido da Mavie desde que nasceu, Abigail inventou uma história de que a mãe dela faleceu e eu a encontrei recém nascida em frente a minha porta, pedi ajuda a Abigail já que não podia cuidar.
Eu sei, uma história literalmente fictícia e impossível, mas ela só tem seis anos e por enquanto acredita.

Apesar de ser bem esperta, ainda não associou nossos cabelos ruivos, nossas sardas e nosso semelhante rosto. Essa história foi contada tantas vezes que se tornou convicta. Até nome falso a Abigail inventou para a falsa mãe.

Acredito que a diretora seja tão boa nisso porque teve que justificar cada criança lá, para cada uma delas por anos.

Mas quando a Mavie souber, eu não consigo imaginar como irá reagir.

- Será um pouco confuso no início, mas ela é uma garotinha inteligente! Com uma boa explicação detalhada e traduzida para a idade dela, compreenderá. - Mia opine.
- Saberá os porquês, mas talvez se recuará ao Ethan depois. - Finaliza.

Um DescasoWhere stories live. Discover now