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Sunny Leclerc
Suzuka, Japão

Caminho pelos boxes tentando não chamar tanta atenção das câmeras afim de chegar até o da redbull. Todos estavam comemorando a vitória de Charles mas eu estava preocupada com Max. Sabia que ele estava arrasado porque tinha simplesmente sumido após Russell o tirar das pistas e as corridas eram importantes para ele. Não que para os outros não fossem, mas Verstappen levava tudo um pouco mais a sério do que todo mundo. Minha mente que não parava por um segundo apenas ficava recriando imagens do loiro chorando com sua derrota mesmo que eu soubesse lá no fundo que Max jamais derrubaria uma lágrima.

Adentro no Box da redbull de forma cautelosa e com poucos passos consigo ver Max em meu campo de visível. Ele estava virado des costas e tinha as mãos apoiadas na parede enquanto sua respiração estava totalmente irregular, conseguia ouvir. Ele solta um gruninhido alto e afasta seu punho da parede, apenas para segundos depois deixar um soco na parede que me fez arregalar com o barulho e sua ação. Estava estática e sem reação, sabia que a coisa era feia mas não imaginava que seria assim.

— Inferno! — Ele vem a xingar dando um chute na parede e começo a pensar se deveria intervir. Ele estava mais irritado do que abalado, tanto que nem minha presença ele havia percebido.

— Max! — Falo em um tom alto, chamando sua atenção pra mim. — Que caralhos você tá fazendo? Vai acabar se machucando.

Ele vira para mim e vejo seu rosto completamente vermelho com gotas de suor escorrendo pelo mesmo. Seu maxilar tenso e seu olhar de ódio estavam o deixando ainda mais intimidador.

— Quem te chamou aqui?! — Ele questiona ainda com a respiração ofegante. — Por que você não me deixa em paz?

— Não foi sua culpa, sabia? Você não teve culpa do que aconteceu lá na pista. — Falo mais baixo dando alguns passos para a frente.

Ele da uma risada totalmente sem graça e eu engulo em seco. Acho que nunca tinha o visto tão zangado assim como agora.

— Sai daqui, Sunny. — Ele fala sem emoção alguma em seu tom de voz. — Não preciso da sua pena.

— De novo você com essa história de pena, não sinto pena de você, Max. — Na verdade sentia um pouco, mas não falaria isso. — Qual o seu problema em aceitar ajuda de vez em quando?

— Eu não preciso de ajuda. Já deixei isso mais do que claro. — Ele fala totalmente ríspido e nega com a cabeça várias vezes seguidas. — Não quero sua falsa empatia.

O olho me sentindo cada vez mais atingida com suas palavras egoístas.

— Falsa empatia? Não sei como tem coragem de olhar pra minha cara e falar isso. — Digo e dessa vez quem estava negando com a cabeça era eu.

Ele fica em silêncio por longos segundos apenas me olhando sem expressão alguma no rosto e seus olhos tão profundos no tom de azul claro mas também tão vazios e sem emoções. Queria saber o que se passava pela cabeça dele.

— Sai. — Ele fala apontando para a porta de saída e desviando o olhar do meu.

— Me obrigue. — Cruzo os braços o desafiando. Não iria me tirar dali, ia apenas agir como se não se importasse com nada, já o conhecia o suficiente.

Ele arqueia as sobrancelhas enquanto me olha e vem a cruzar seus braços também a altura de seu peito.

— Você está mesmo me desafiando? — Ele questiona parecendo não estar acreditando no que estava vendo.

— Sim. E pelo visto sou a única pessoa aqui que se importa o suficiente pra fazer isso. — Respondo o encarando e dou mais alguns passos em direção a ele.

— Pensei que seu irmão tivesse te mandando ficar longe de mim. — Ele volta a falar com um sorriso cínico nos lábios.

— Não consegue tirar isso da sua cabeça, né? Toda vez que nos vemos trás esse assunto a tona. — Reviro os olhos soltando uma bufada. Não aguentava mais esse assunto do Charles voltando toda hora.

Max me olha de um jeito indiferente e passo as mãos em meu rosto. Por que ele tinha que ser tão difícil assim? Não estava fazendo nada de errado, apenas tentando ajudar.

— Não quero que minha amizade com Charles seja afetada por causa de você. — Ele volta a falar quebrando o silêncio com suas palavras frias.

— Você não conhece Charles como eu conheço, pode ter certeza que a amizade de vocês não será afetada. — Falo e reviro os olhos, sorrindo para Max em seguida. — Está mais calmo?

Há cinco minutos ele estava quase quebrando a parede, e agora está preocupado com a amizade dele com meu irmão. Vai entender.

— Oque faz você pensar que eu estou calmo? E quem disse que estava fora de controle? — Ele dispara tudo de uma única só vez e de forma rápida, me deixando até mesmo meio perdida.

— Calma Max, não precisa se descontrolar. — Respondo soltando uma risadinha baixa, mas logo volto a ficar seria. — Sempre que apareço te deixo mais calminho, minha presença te faz bem.

Ele da uma risada irônica e eu franzo as sobrancelhas enquanto o olho, não havia entendido.

— Você não tem importância alguma para mim, se é o que está achando. — Ele volta a falar e dessa vez me deixa sem reação em meu lugar.

— Mas isso você deixa bem claro, não tinha dúvidas. — Respondo dando de ombros. Detestava ouvir essas coisas que Max falava.

— Então porque continua me procurando e agindo como se eu quisesse ser seu amigo? — Max vem a ser idiota mais uma vez e fecho meus olhos enquanto respiro fundo.

— Eu ajo como se eu quisesse ser sua amiga, não ao contrário. E te procuro porque gosto de você, quando não está tentando me afastar costuma ser uma pessoa legal. — Respondo abrindo meus olhos e olho fundo nos de Max, pareciam estar cada vez mais azuis.

Ele fica em silêncio por alguns segundos e remexe seus lábios parecendo confuso.

— Eu não vou te dar um passe livre para minha cama, Sunny. — Max vem a disparar e sinto suas palavras me atingirem mais uma vez e a vergonha cair em meu corpo.

Não estava acreditando no que tinha acabado de sair da boca de Max, estava sem reação.

— Vai se foder. Você não tem o direito de falar assim comigo. — Nego com a cabeça dando alguns passos para trás, ainda encarando Max incrédula. — A culpa não é minha se você não sabe o que é ter alguém que genuinamente se importe com você sem segundas intenções. Mas parabéns, seu pedido foi atendido, não irei mais forçar uma amizade que não existe.

— Agora está dizendo que eu não tenho família e amigos? — Ele vem a falar distorcendo tudo o que havia dito e fazendo ser sobre ele e sua vida pessoal novamente.

Charles estava certo.

— Se essa foi a primeira coisa que veio na sua mente quando ouviu o que eu disse, deveria repensar suas atitudes. — Dou de ombros dando mais algumas passos para trás. — Passar bem Max.

Digo rápido e saio do box sem nem dar oportunidade pra ele responder. Estava até agora sem reação. Não queria mais ver ou ter que lidar com Max.

daylight !¡ max verstappenOù les histoires vivent. Découvrez maintenant