Não consigo dormir

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Juliette ouviu com atenção e sem interromper.

- Não há muito mais a dizer.  Foi isso mesmo e não há como voltar atrás.  É só deixar a vida seguir seu rumo.

Agora o principal não sou eu ou tu.  O principal é a nossa filha que vai nascer e precisa de nós.
Eu quero que tu participes em tudo por isso precisamos arrumar o quarto dela.

Juliette segurou a mão de Rodolffo e colocou-a na barriga.  A bébé dava xutes.

- Que sensação boa.  Não te dói?

- Não.  Ela é calminha geralmente mas hoje está mais arisca.

- Vês Ju!  Eu tenho medo de ir embora e ficares sózinha.

- Seja como Deus quiser.

- Deixa eu ficar aqui.  Só para te dar apoio.

- Mas tu tens os teus espectáculos.   De qualquer modo eu ficarei sózinha.

- Só durante a próxima semana.  Eu não deixei preencher a agenda para os próximos dois meses.
Só preciso cumprir uns três já agendados desde o ano passado.

- Eu não quero atrapalhar a tua vida.

- Não vais, eu te garanto.

- Então está bem.

- Ju, olha para mim.  Deixaste de amar?

- O que achas?  Deixei?

- Eu sei que não mas eu vou esperar o teu tempo.  Só de estar junto a ti já me conforta.

Nessa noite, Rodolffo fez o jantar para os dois enquanto Juliette tomava um duche.  Quando foi a vez dele é que verificou que já não tinha roupa ali.

- Ju, preciso ir a casa buscar roupa.

- Vais amanhã.   Vai lá no meu closet que tem uns shorts e uma camisa teus.

Rodolffo voltou de banho tomado e comentou.

- E aquele moletom branco , não é meu também?

- Era.  Agora é o meu pijama.  Ele tinha o teu cheiro e eu deixei ficar.

Rodolffo foi até ela e deu-lhe um beijo na cabeça.

Terminaram de jantar e cada um foi para o seu quarto.

Era perto da meia noite e Juliette não conseguia pegar no sono.

Vira de um lado, vira do outro e o sono não vinha.
Levantou-se e foi bater na porta dele.

Rodolffo levantou-se assustado mandando ela entrar.
Juliette sentou-se na cama dele com lágrimas nos olhos.

- Eu não consigo dormir contigo aqui.

- Queres que eu vá embora?  Deixa eu vestir-me.

- Não!

- Então Ju, queres o quê?

- Que venhas dormir comigo.

Rodolffo abraçou-a fortemente.  Pegou nela ao colo e levou-a para o seu quarto.

Aconchegou-se juntamente com ela que não tinha uma posição muito boa para dormir mas logo ela adormeceu.
Rodolffo fez conchinha com ela e colocou a mão na barriga dela.  A filhota estava sossegada.
Inspirou o perfume do cabelo dela e por fim adormeceu também.

Levantou-se cedo para preparar o café.

Juliette acordou com o aroma a café vindo da bandeja que Rodolffo trouxe para o quarto.

Sentaram-se os dois na pequena varanda que o quarto tinha para degustar o café e apreciar o dia a nascer.

Não disseram muito mas estavam em paz.

Rodolffo estava recostado com os olhos fechados.

- Um real pelos teus pensamentos.

- Estou a interiorizar como sou grato pelo que tenho.  Houve alturas em que julguei que estava tudo perdido.

- É.  Mas eu sou um coração mole.

Rodolffo puxou-a para a sentar no seu colo.

- Não és nada.  És muito dura mas o amor venceu.

Juliette deitou a cabeça no ombro dele enquanto ele acariciava a sua barriga.

- Tive tantas saudades de nós.  O que aconteceu ontem à noite já tinha acontecido outras vezes, mas das outras vezes tu não estavas.

- Desculpa. Não era para ser assim.

- Já passou.  Agora estás aqui de novo.

- E para sempre.
Preciso ir a minha casa.  Queres alguma coisa da rua?

- Pode ser um açaí com doce de leite, leite condensado e castanhas.  E também mirtilos.

- Mirtilos?

- Sim.  Blueberrys.

- E onde vou achar blueberrys?

- Eu não sei.  Mas a tua filha pediu!

- Está bem.  Vou sair agora e trago almoço.  Não queres mais nada?

- Quero.

- Pede o que quiseres.

- Quero fazer amor contigo,  agora.

- E o bébé.   Não vai magoar?

- Claro que não.

Começaram com um beijo apaixonado e por fim na cama mataram  um pouco a saudade que tinham um do outro.

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