Dia 2: esclarecimento

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Dia 2: esclarecimento

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Dia 2: esclarecimento

Depois de passar tanto tempo dormindo no banco desconfortável de um Fusca rosa choque, Naruto imaginava sinceramente que a primeira vez que voltasse a se acomodar numa cama o faria ter um repouso como nenhum outro.

Todavia, fugindo de todos os seus planos, ele não havia conseguido dormir quase nada durante a noite anterior e isso não era nenhuma novidade, levando em consideração que havia uma outra pessoa dividindo seu mesmo teto e usufruindo do seu mesmo chuveiro: um rapaz de 1,90, expressões nada simpáticas e um semblante mau humorado que faria com que qualquer outra pessoa pensasse duas vezes antes de se aproximar.

E muito embora não houvesse visto-o desde o fatídico episódio do banheiro, Naruto ainda sabia que ele estava por perto. Fosse no quarto ao lado. Na lavanderia. Na minúscula biblioteca. Na cozinha, ou em qualquer lugar.

No fim das contas, a inquilina da casa também não havia retornado nenhuma da suas mensagens para esclarecer o incidente, mas Naruto já estava desiludido o suficiente para constatar que o que tinha acontecido foi alguma artimanha muito bem elaborada para fazê-los morar juntos e extorquir todo o seu dinheiro, exatamente como nos episódios tragicômicos dos doramas que Kushina assistia.

Dito isso, Naruto ficou muito hesitante sobre o modo como levaria aquele tipo de situação, saindo do quarto na expectativa de pôr os pensamentos em ordem e tentar algum diálogo que pudesse ajudar a ambos. Entretanto, no lugar do *ikemen gostosão, ele encontrou apenas um silêncio mortífero e uma caneca de café repousando no porta copos sobre a mesa.

Ainda aflito, Naruto se sentou no sofá e cruzou as pernas, observando o vapor suave que vazava da caneca enquanto constatou que aquele desconhecido ainda estava em casa, pensando sobre como resolver a situação quando o rapaz de longos cabelos escuros finalmente apareceu.

Assim como no dia anterior, ele carregava uma expressão irritada e distante, passando direto pelo loiro e se trancando na varanda de vidro logo em seguida.

O Uzumaki lhe lançou um olhar cauteloso.

Aquele desconhecido era mais alto do que se lembrava, tinha uma camiseta preta, barba por fazer, olhar cansado, cabelos longos em um rabo de cavalo bagunçado e uma tatuagem no pescoço... Tudo nele era intimidante e lascivo na mesma medida. Em especial, seu temperamento fechado e seu corpo atraente. Todavia, ele também tinha uma expressão muito cruel e cicatrizes muito marcantes para que o Uzumaki o visualizasse sendo qualquer coisa próxima a um modelo. 

"Talvez algo mais parecido com um gangster ou um cobrador de dívidas", o loiro pensou e mordeu os lábios logo em seguida, receoso.

Naruto se encolheu no sofá, o olhar atento sobre a figura máscula enquanto o moreno andava pela varanda de uma lado a outro, com o telefone na orelha enquanto resmungava alguma coisa. Reclamando. Gritando. Claramente esbravejando com quem estava do outro lado da linha.

Mesmo não sendo capaz de ouvir a conversa, Naruto era inteligente o bastante para saber do que se tratava, quase capaz de enxergar a fumaça saindo do crânio do rapaz alterado enquanto ele se queixava sobre a situação com a inquilina da casa: a verdadeira detentora do mau entendido que os levou aquela situação desconfortável.

Quando o rapaz finalmente rompeu a ligação, ele deixou a varanda e Naruto imediatamente prendeu o fôlego, esperando por alguma iniciativa de diálogo, mas se frustrando assim que notou que o moreno não tinha a menor pretensão de conversar consigo, pegando a caneca na mesinha de centro e girando os tornozelos até o outro lado.

Naruto, no entanto, não estava disposto a deixá-lo ir sem que fosse capaz de entender o que estava havendo, e decidiu se aproximar mesmo assim, se esgueirando em direção ao moreno enquanto evitava a expressão perigosa de poucos amigos.

— Você por um acaso é neto da senhora Chiyo?

O desconhecido olhou para Naruto com um olhar cortante, e a pergunta inocente de repente pareceu tão ultrajante que Naruto pressionou os lábios, temeroso de que houvesse dito algo de errado quando, pela segunda vez, o desconhecido bonitão bateu a porta na sua cara e desceu os degraus até o andar de baixo.

— Ok... — Naruto disse para si mesmo, desanimado, e deu meia volta, retornando a cozinha americana para se dar conta de que havia recebido duas novas mensagens.

Senhora Chiyo: Sinto muito pelo inconveniente, querido

Senhora Chiyo: Acho que esqueci de mencionar algo importante

"Jura?" Naruto pensou consigo mesmo, mordendo os lábios.

Senhora Chiyo: Antes de mais nada, gostaria de lhe tranquilizar e lhe assegurar que isso não é um golpe, tudo bem? Se quiser conversar sobre isso, também podemos voltar a nos ver pessoalmente

Senhora Chiyo: Por hora, você tem alguma dúvida?

"Alguma dúvida?" O loiro sorriu, ligeiramente ressentido. Por outro lado, ainda que estivesse chateado o bastante com tudo que aconteceu, sua integridade o impedia de ficar irritado com uma senhorinha com possíveis problemas de memória.

No entanto, os últimos eventos ainda lhe faziam  reconsiderar seriamente se os termos daquele contrato eram — de fato — confiáveis. Afinal... O que lhe garantia de que aquela seria sua única surpresa?

"Por que tinha um homem pelado no meu banheiro?"

"O que ele faz aqui?"

"Onde ele está dormindo?"

"Ele é algum exibicionista?"

"Esse homem é perigoso?"

"Você está abrigando um foragido na sua casa?"

"Devo me preocupar?"

"Nós estamos morando juntos?"

Naruto tinha muitas dúvidas.

Então pensou. Respirou. Digitou.

Naruto: Qual é o nome dele?


———

Quantidade de palavras: 910

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