Capítulo 2 - Rei

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César Alessandro Lakis

Durante minha adolescência sempre apreciei a história de Helena de Troia, uma mulher cuja beleza foi responsável por uma guerra, dividida entre o amor e a vida de uma nação. Uma mulher que não se importava com as outras pessoas apenas consigo mesma.

Mas o que realmente me chamou a atenção foram seus olhos sem vida. Continuei me perguntando sobre os motivos que a levaram a tal extremo com tão pouca idade. Muitas ideias surgiram em minha mente, mas esperava que nenhuma delas fosse realidade e ela me surpreendesse. Como Helena desejava meu poder, eu deveria receber algo em troca e queria ser entretido, afinal fazia muito tempo que ninguém me despertava interesse.

O modo como ela me avaliava, seus comentários cheios de espinhos e seu receio apenas fez com que eu quisesse entrar em sua mente e descobrir o motivo de seu ódio. No começo estava preparado para enganá-la e recusar o casamento, mas sua ausência de expressão e a sua indiferença fez com que eu considerasse novamente.

Meus olhos pousaram em seus lábios e em seus olhos raivosos.

— E como pretende deixa-lo sem esperança? — Questionei realmente curioso em como Helena pretendia lidar com ele. O fato dela ser nova demais apenas lhe dava uma confiança exagerada ao ponto de acreditar ser inteligente o suficiente para lidar com o Rossi, um homem sem escrúpulo e desonesto.

— Tirando seu dinheiro, suas conexões, reputação e sua família. — Suas palavras eram diretas como se tivesse analisado cada passo antes de afirmar com tanta segurança. Há quanto tempo Helena havia tramado tudo? E há quanto tempo me tornei sua peça de xadrez?

— E como fará tudo isso? Dar-lhe-ei o meu poder, mas isso não será suficiente.

— Para mim será o bastante.

Sua arrogância apenas me fez imaginar quanto tempo ela duraria antes de implorar por ajuda. Sorri com desdém sem desviar meus olhos dela. E, apesar de sua imprudência e confiança exagerada, e a probabilidade em falhar miseravelmente, senti que observá-la de perto seria divertido.

— Você está sendo cegamente confiante. — Alertei dando de ombros. — A única que perderá será você, lembre-se disso. — Minhas palavras pareceram fazer algum efeito. — Além do mais, deveria me apresentar formalmente. — Estendi a mão em sua direção. — César Alessandro Lakis Volkov.

Helena me olhou durante um tempo até seus olhos pousaram em minha mão. Não sabia o motivo, mas ela hesitou antes de apertá-la. Seus dedos tocaram minha mão com superficialidade, e nos breves segundos em que nos tocamos senti a frieza em sua mão. Ela estaria nervosa ou ansiosa?

O silencio preencheu o veiculo, enquanto ela fazia o possível para me ignorar. Seus olhos vagaram para a janela, admirando as luzes no lado de fora e os inúmeros veículos que circulavam tarde da noite. E um sorriso surgiu em meus lábios ao considerar as surpresas que Helena me reservava.

Talvez eu devesse apenas assisti-la até que ela implorasse pela minha ajuda. Isso acabaria me trazendo muito mais satisfação. Passei a língua pelos lábios ao olhar para o perfil do rosto dela.

— Não deve precisar do meu endereço. — Helena disse após longos minutos em silencio, atraindo minha atenção novamente. .

— Sei que ainda mora na residência deixada por Romeo Rossi ou pretende morar comigo? — Perguntei curvando meus lábios ligeiramente. Seus olhos eram como uma lamina afiada prestes a me matar. Ela me divertia e isso era muito bom.

O rosto franzido dela fez com que eu quisesse provoca-la ainda mais.

— Casar com você é apenas para atingir o meu objetivo.

— Sim, mas quem nos proibiu de nos divertimos?

Segurei o riso diante de seu olhar cada vez mais frio. Helena ainda precisava aprender muita coisa, especialmente, em relação a provocação. Ela era mais parecida com um filhote ansioso para desbravar o mundo.

Helena permaneceu em silencio, me ignorando, acreditando que tal comportamento poderia ter qualquer influencia em mim. Suspirei levemente ao menear a cabeça. Se ela quisesse destruir Romeo ainda precisaria crescer muito.

Aos meus olhos, seu comportamento imprudente era como um preludio de sua própria morte, mas, inesperadamente, continuei curioso em como Helena poderia escapar ou morrer nas mãos de Romeo.

Havia escutado alguns rumores sobre o modo desleal e desonesto de Romeo Rossi em seus negócios e sobre os inúmeros casos amorosos, todos terminando da pior forma possível, e alguns pararam na policia, apesar das denuncias serem retiradas poucos dias depois.

Apesar da rápida investigação, a conexão entre Helena e Romeo apareceu tornando as coisas ainda mais interessantes. De acordo com o histórico de Romeo, Helena deve ter apanhado ou sofrido coisas piores em sua mão, mas sua determinação em destruí-lo não era de uma vitima indefesa buscando justiça, mas de um inimigo tentando matar o outro.

— Tem certeza que não deseja ver a nossa futura casa? — A provocação foi inegável. Apreciei a raiva estampada em seu rosto e sua frustração, segurando o riso continuei. — Estou curioso sobre algo, minha futura esposa. — Continuei a provocando, sem me preocupar com sua raiva ou que me esmurrasse novamente. — Meu poder deve ser suficiente para conter o Rossi, mas por qual motivo escolheu se casar comigo?

Seus olhos esquivos apenas fazia a certeza crescer. A certeza de ser considerado um de seus peões há muito tempo. Como Helena soube minha identidade?

A cada segundo ficava ainda mais interessado nela.

CONTINUA

Minha ObsessãoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora