CAPÍTULO 17

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VERÔNICA WALKER

Fazia muito tempo que eu não me sentia tão mal como eu me senti quando abri os olhos. Minha cabeça ainda estava coberta pelo grosso cobertor e um arrepio cruzou minha espinha quando eu me dei conta de que só ficava assim quando Dante estava por perto. Por um segundo, temi que tudo o que eu tenha vivido nos últimos tempos tenha sido um sonho e que agora eu esteja acordando de volta a realidade em que eu era abusada por Dante. Respirei fundo e tirei o cobertor da cabeça, encarando o teto. Não se parecia nem um pouco com o teto do quarto do Dante, então eu estava à salvo. Estiquei o corpo e virei na cama, me assustando ao ver um braço musculoso esticado no chão, ao lado da minha cama.

"Por favor, não seja o Dante! Por favor, não seja o Dante!"

Devagar, me mexi na cama e arrastei o corpo até a beira do colchão. Como uma criança arteira, eu observei o homem deitado. Luke não parecia dormir profundamente, mas roncava bem baixinho de acordo com sua respiração. Eu sorri ao observá-lo, mas então me lembrei do motivo que o fez estar aqui e os sentimentos dentro de mim de quem estava no auge da cocaína há poucas horas. Ele deixou a filha dele por mim e me viu em uma situação constrangedora.

Me encolhi na cama, cobri a cabeça e chorei baixinho. O pouco de dignidade que eu tinha escorreu pelo ralo agora. Se ele não me olhava com pena antes, com certeza vai passar a fazer isso agora.

A coberta escorregou pela minha cabeça e eu arregalei os olhos ao ver Luke me encarando. Ele parecia preocupado.

— Eu sinto muito. — murmuro

— Eu também. — ele responde

— Me desculp...

— Nem termine essa frase. — ele me interrompeu — Você sabe o que eu quero ouvir de você e não é um pedido de desculpas.

Eu respirei fundo sentindo mais lágrimas brotando nos meus olhos. Meu coração acelerou.

— Verônica. — ele me olha — Eu só posso te ajudar se você deixar.

Eu fecho os olhos por alguns segundos, buscando por coragem. Sinto Luke segurar minha mão e apertá-la firmemente. Abro os olhos novamente, olhando-o nos olhos.

— Eu preciso de ajuda. — minha voz soa forte, embora esteja baixa

Luke respira fundo.

— Tudo bem. — ele confirma — Vamos ajudar você.

Sua mão, embora seja grande, fez um carinho leve nos meus cabelos. Foi estranho, por um segundo. Enquanto ele olhava nos meus olhos, eu senti aquela pontinha de esperança que senti quando o meu menino nasceu. Eu senti que ele estava disposto a ficar ao meu lado e isso causou uma sensação esquisita no meu estômago. Um frio inesperado na minha barriga. Ele é bom demais pra ser verdade.

— Não está pensando que não merece ajuda, não é? — ele estreitou os olhos

— Você não dormiu em casa, com sua filha, por minha causa.

— Eu sei o que eu estou fazendo. — sua mão livre repousa sobre minha testa, enquanto a outra segura firme na minha — E não há o que você possa fazer pra me impedir de ajudar você.

Respiro fundo e fecho os olhos, me sentindo-me envergonhada.

— Dessa vez, eu não vou fazer isso pelo nosso Luke. — o ouço dizer

Abro meus olhos e o encaro. Acho que é a primeira vez que ele se dirige ao meu filho como seu em voz alta, perto de mim. Isso faz meu coração bater mais forte.

— Dessa vez, é por você.

— Por que? — franzo o cenho

— Porque todo mundo merece uma segunda chance.

Laços Proibidos - Coração vs LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora