Capítulo 11

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"Parte de mim se pergunta se qualquer um desses problemas existiria se tivéssemos conseguido ter uma boa relação" - Pensava Amélia enquanto desligava a luz e se agachava atrás da escrivania. Respirando fundo para acalmar os nervos, mantendo-se agachada, tentando conter a torrente de ansiedade que corre por sua mente e corpo. Se perguntando a todo momento, sobre as possíveis conexões entre as peças soltas deste quebra-cabeça que é sua vida.

Os passos se aproximam, ecoando pelo corredor. Amélia sabe que não pode ser pega ali, revirando os segredos do casal. Sua mente corre em busca de uma saída, uma desculpa, qualquer coisa para explicar sua presença no escritório.

Os pensamentos de Amélia são interrompidos pelo som da porta se abrindo. Com o coração batendo descontroladamente, ela segura a respiração, preparando-se para enfrentar o que quer que esteja do outro lado. Enquanto observa, Mildred entrar sozinha no escritório e acende a luz. Seus músculos estão tensos, prontos para agir no momento certo. Ela se mantém perfeitamente imóvel, escondida atrás do móvel de madeira antiga, esperando que Mildred não perceba sua presença.

Seu coração martela sobre o peito enquanto ela acompanha os movimentos de Mildred com os olhos, sua mente girando em busca de uma desculpa plausível caso seja descoberta, sabendo que precisa agir com calma e cautela para evitar qualquer suspeita.

Enquanto Mildred se move pelo escritório, a jovem menina apenas se concentra em manter-se invisível. Cada segundo parece uma eternidade enquanto espera que Mildred saia do ambiente e a deixe novamente sozinha.

Finalmente, após o que parece uma eternidade, a mulher parece satisfeita com o que quer que estivesse fazendo e se encaminha para a saída. Amélia solta um suspiro de alívio quando a porta se fecha atrás dela, deixando-a sozinha novamente no silêncio do escritório. Aproveitando tal oportunidade para retomar sua busca pelos tais segredos, sabendo que o tempo está se esgotando e que ela precisa descobrir a verdade antes que seja tarde demais.

Mas antes que possa tornar esse desejo uma realidade, seu coração salta pela garganta quando ouve novamente a porta sendo aberta. Mildred se vira de repente, como se tivesse apenas se esquecido de algo. Antes que possa reagir, seus olhares se encontram e Amélia se vê presa pela intensidade de seu olhar.

Com um calafrio percorrendo sua espinha, Amélia lentamente se levanta da posição agachada, incapaz de desviar o olhar da expressão séria de Mildred. Ela se sente como um animal encurralado, sem saída possível.

Mildred se aproxima com passos lentos e deliberados, com os seus olhos fixos em Amélia. Ao que a própria, tenta encontrar palavras para explicar sua presença ali, sua mente está em branco, paralisada pelo medo, ao que finalmente, Mildred quebra o silêncio, com a sua voz fria e controlada cortando o ar tenso do escritório. "O que você está fazendo aqui, Amélia?" - ela pergunta, ao que sua expressão se torna implacável.

Amélia, sentindo-se encurralada pela expressão de Mildred, tenta reunir suas últimas reservas de coragem e clareza mental para responder. Com a respiração controlada, ela decide enfrentar a situação com determinação.

- Eu... eu estava perdida na casa e acabei entrando no escritório sem perceber. Sinto muito Mildred. Não foi minha intenção invadir sua privacidade. - Responde a jovem, mantendo-se firme apesar do nervosismo que a consome.

Mildred observa a menina com atenção, avaliando sua resposta, não totalmente convencida pela explicação recebida, especialmente considerando a posição agachada da jovem, mas por um momento, parece que ela está prestes a dizer algo, mas então seu olhar se suaviza ligeiramente.

- Entendo. - Diz Mildred, ao que sua voz mantém-se objetiva, - Mas o que exatamente você estava fazendo agachada atrás da escrivaninha, meu bem ? Parece um tanto incomum para alguém que está apenas perdida dentro de casa. - Amélia sente um calafrio percorrer sua espinha ao perceber que seu argumento não é tão convincente quanto esperava. - Amélia, há algo que você gostaria de me dizer ? - Mildred arqueia uma sobrancelha, claramente cética a tudo que acabaste de ouvir.

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