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03 :; "Senti mais saudades tuas do que o esperado"



  Luke



  Observei o pálido rosto da magra e alta jovem a meu lado. Os seus cabelos loiros caíam cuidadosamente pelas suas costas, terminando a meio das mesmas. O seu corpo encontrava-se confortavelmente deitado sobre o meu sofá, as suas pernas no meu colo numa tentativa bem sucedida de Martha não se magoar devido às suas feridas.

  A rapariga fora levada para um leve e pacífico sono à minutos atrás, e eu simplesmente a contemplava desde aí. Os seus lábios rosados, ligeiramente entreabertos de momento, fascinavam-me. O seu corpo, o seu rosto, fascinava-me. A sua personalidade mantivera-se praticamente a mesma pelo que consegui reparar. Martha sempre fora alguém que me fascinara.



    "Lucas, anda! Temos de nos despachar senão o coelho foge, e depois já não o vemos"- exclamou entusiasmadamente a loira de apenas 9 anos, enquanto ambos corríamos ao encontro de um pequeno e inofensivo coelho branco. A rapariga pegou na minha mão e segurou-a firmemente enquanto corria com grande velocidade, levando-me com ela. Ao ouvir a alcunha que me fora atribuída, podia jurar que neste momento as minhas bochechas estavam dominadas por um tom rosado bem notável.

    Assim que nos aproximámos o animal fugiu para o interior da floresta, provocando um olhar de desilusão em Martha devido à ação do mamífero. Esta sentou-se numa grande pedra existente perto de árvores, na zona onde estávamos, e escondeu o rosto com as suas pequenas e pálidas mãos, apoiando os cotovelos nas suas coxas.

    "Não o conseguimos apanhar"- murmurou, soltando um curto suspiro. Admirei o seu rosto sem proferir uma única palavra, apenas permanecendo atento às ações da menina de olhos azuis. Repentinamente o seu corpo foi virado na minha direção, deixando-nos frente a frente.

    O olhar de Martha transbordava tristeza, deixando-me no mesmo estado. Ficara desanimado ao vê-la assim. Sem pensar, aproximei o meu corpo do seu e rodeei os meus braços no seu tronco, puxando-a contra mim para a abraçar. A pequena rapariga com quem simpatizava tanto abraçou-me de imediato, pousando a sua cabeça perto do meu ombro. E assim permanecemos durante longos minutos, abraçados um ao outro, sem nos preocuparmos com absolutamente nada.



  Fui puxado para a realidade assim que vi o corpo de Martha a mover-se. A rapariga virou-se para o seu lado esquerdo, pousando a cabeça numa das suas mãos e rodeando a sua cintura com o seu outro braço. A jovem estava prestes a mover também as suas pernas quando a parei, tendo o cuidado de não a acordar. Esta permaneceu imóvel, ainda adormecida, por isso decidi levá-la para o meu quarto, no primeiro andar da casa, pois na sala a temperatura estava desconfortavelmente elevada.

  Levantei-me lentamente, segurando com delicadeza as suas pernas, pousando-as novamente no sofá quando já me encontrava completamente de pé. Aproximei-me dela e, com cuidado, peguei-a ao colo, iniciando o trajeto para a divisão que eu tanto apreciava.

  Assim que entrei no local onde costumava passar mais tempo pousei Martha na grande cama de casal que me pertencia, fazendo com que a loira permanecesse com as costas contra confortáveis almofadas. Sentei-me num sofá existente junto à parede onde havia uma grande janela, encostando-me à parede.

The Lake House // lrhWhere stories live. Discover now