09

301 40 6
                                    

— E seu pai e seu irmão? — Bagi questionou, Tina continuou calada. — Desculpa se foi uma pergunta ofensiva ou pessoal de mais, você não precisa responder.

— Meu pai foi embora quando eu era criança e meu irmão quando completou a maior idade.

— Sinto muito.

— Tudo bem, faz muito tempo. Eu nem lembro mais da voz dele. — Tina disse, sorrindo fraco.

Um silêncio confortável caiu sobre as duas, Bagi aproveitou para tirar algumas fotos do céu estrelado e das luzes da cidade. Tina a observou , achava a mais velha linda , ainda mais fotografando a luz do luar, o cabelo reluzindo na luz natural e sua concentração impecável enquanto segurava a câmera.

Tina não percebeu a hora em que Bagi virou e prendeu os olhos nela, ficaram ali, apenas trocando olhares. Bagi então, ergueu a máquina e fotografou a amiga. Que riu quando escutou o clique da câmera.

— Olha , você ficou linda. — Bagi inclinou a câmera para Tina, mostrando a foto que havia acabado de tirar.

— Você é uma ótima fotógrafa!
— Tina exclamou.

— A fotografia só fica boa quando a modelo tem beleza. — Bagi disse, sorrindo de canto. Ela viu o exato momento em que as bochechas de Tina tomaram a coloração avermelhada, a mesma desviou o olhar para sua mão, Bagi a acompanhou, notando a cicatriz ali.

— Como você conseguiu essa cicatriz? — Bagi questionou.

— Me cortei com a faca, foi sem querer.

— Esse "sem querer" foi tão forte que atravessou sua mão?

Tina ergueu o olhar para Bagi novamente , encarando fortemente suas iris verdes , ela estava analisando as expressões de Bagi, que se manteu inexpressiva , era uma pergunta genuína afinal.

— Você acha que outro alguém provocou isso? — Tina devolveu a pergunta, parecendo mais grossa do que o normal.

— Eu tenho que achar?

Bagi questionou, não era uma pergunta retórica e Tina não tinha que responder. Então o silêncio voltou, dessa vez tenso , ambas continuavam se encarando enquanto uma analisava o olhar da outra. Bagi foi a primeira a escorregar e deixar seu olhar cair para os lábios de Tina, que seguiu o olhar de Bagi e encarou os lábios da mais velha.

Quando Bagi ameaçou se aproximar. Tina pulou da mesa e foi em direção a bicicleta.

— está ficando tarde, vamos embora. — Tina disse com indiferência , subindo na bicicleta.

— Agora? — Bagi questionou , e Tina assentiu — O que aconteceu? Eu fiz alguma coisa?

— Não , Bagi. — Tina limitou se a dizer , Bagi sem questionar subiu na garupa.

Tina queria muito beija lá naquele momento , seu corpo incendiou quando sentiu o olhar profundo de Bagi em seus lábios. Mas não era esse o objetivo dela, ela queria se aproximar para tentar descobrir oque ela sabe sobre si , e que depois de hoje, teve certeza de que ela sabe de algo.

Tina nunca namorou com ninguém , nem ao menos quis , muito por conta de sua mãe também. Em que mundo ela pensaria em levar alguém lá com um mãe embriagada e violenta? Não tinha como. Tina tinha medo de alguém descobrir da tragédia que é sua vida , e simplesmente a deixarem, como seu pai e seu irmão. Ela não quero envolver alguém na bagunça que é sua vida.

E além do mais , Bagi era outra mulher.
Angelina nunca iria aceitar, Tina podia lembrar do que ela fez quando descobriu sobre ela e Melissa.

[....]

— Até amanhã Tina. — Bagi disse,  descendo da bicicleta e depositando um beijo casto no topo da cabeça de Tina.

— Até amanhã , Bagi. — Tina disse se dirigindo até sua casa.

Ao chegar em casa notou que as luzes estavam acesas. Mas Tina se lembra de tê-las apagado.

Quando chegou na propriedade viu Angelina sentada no sofá segurando uma garrafa enorme de Bourbon. A mais velha imediatamente se levantou , cambaleando e encarou a filha. Tina paralisou no tapete da entrada. Era para sua mãe estar fora , não é?

Tina observou, Angelina se aproximar segurando a garrafa com uma mão enquanto a outra estava fechada em um punho forçado.

— Onde diabos você estava? — Angelina questionou, com a voz falhando notoriamente ébria, e mesmo assim colocava medo em Tina.

— Eu fui a cafeteira , só isso Angelina. Não era minha intenção voltar tarde, me desculpa, por favor. — Tina se desculpou, quase se ajoelhando e implorando por perdão.

— É por isso que a casa está sempre suja , você está trabalhando na biblioteca atarde e ainda saindo a noite. Oque você faz tanto na rua? Ganha dinheiro com seu corpo, é? Sua puta! — Angelina exclamou, largando a garrafa vazia.

— Não! Eu só fui tomar café , eu posso arrumar a casa agora, posso fazer qualquer coisa para você! — Tina disse se embolando.

— Não, eu não quero nada feito pelas suas mãos sujas, sua vadiazinha de merda. Eu já disse que não quero você arranjando problema na rua igual seu irmão.

— Eu não estava....

Tina foi interrompida por um empurrão de sua mãe , fazendo as costas da mais nova irem de encontro com a porta da entrada. Tina gemeu de dor quando sentiu o baque.

— Cala a boca ,infeliz! — Angelina gritou, Tina se encolheu , assustada. — Eu espero que você entenda

893 palavras.

Cinnamon Girl | Teaduo/Shyduo (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora