Unholy Assassin

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Havíamos evitado Gortash desde nossa chegada à cidade, andando com disfarces, ilusões, poções de invisibilidade, capas com capuzes longos, atravessando a cidade através dos portais, enfim, todo recurso disponível para evitar conflito com aquele que detinha todo o poder da cidade no momento. A Guarda de Aço, os Punhos de Ferro e o próprio Duke Ravengard. 

Eliminadas as latarias com espadas maiores que o meu corpo e agora descansados, fomos ao encontro de Gortash na Wrym's Rock. Não houve tempo para negociações ou ameaças, já fomos recebidos com ataques e surpreendidos com o próprio Duque já não parecendo reconhecer seu filho Wyll. Foi uma luta difícil, de participar e de assistir e de superar após seu fim.

Punhos de Ferro não eram nada perto do nosso poder juntos que vai além de golpes e magias, mas muita estratégia e conexão. Wyll enfrentava seu pai com lágrimas nos olhos, clamando por seu nome, mas sem efeito devido o controle de Gortash sobre ele. Quando Ravengard morreu, Wyll parecia se arrepender amargamente e sentiu ter perdido sua honra. Ele abandonou a luta para continuar ao lado do corpo de seu pai, ele precisava disso e nós precisávamos dar esse espaço. Karlach furiosamente direcionava todo seu foco ao antigo patrão e quando tudo acabou presenciamos um momento um tanto emocional, parecido com o que Astarion viveu após matar Cazador. Com a diferença que Astarion ganhou sua liberdade, mas Karlach... Não ganhou nada. A morte e Gortash não altera sua condição infernal, não reconstrói o buraco que uma confiança destruída traz para a alma, não lhe dá direito a uma vida nesse plano e não acalma a dor de perder isso. 

Saímos de lá de coração partido para minha casa. Tanto sofrimento. Penso no nosso almoço em família e minha mente questiona novamente como pudemos esquecer da gravidade da nossa situação naquele momento. Lembro da imagem do Cérebro Ancião a caminho de Baldur's Gate. Ele está aqui em algum lugar e nós o ouvimos gritar quando Gortash morreu. Ouvimos também nosso velho "amigo" Imperador retomar contato. Já quase me esquecia dele... Erro que não posso me dar ao luxo agora tão perto da última Netherstone. Ainda temos que rever a situação quanto à Orpheus.    

Baldur's Gate agora viveria um período caótico sem um governante e com boatos sobre Wyll que não contemplam a situação como ela realmente é. Em parte Wyll começou a nos culpar por tudo... Eu posso imaginar o conflito em sua mente e pelo que conheço de seu caráter, ele irá se recompor e assumir suas responsabilides. Ele e Karlach precisam colocar a mente no lugar. A minha, eu penso estar focada, mas sinto o gosto enferrujado na boca que quer me guiar nos próximos passos. 

Já em casa, à noite uma carta de Orin passa por baixo da porta. Após ler eu já sei o que fazer.

- Eu preciso ir ao Tribunal. Eles podem ficar... Você viria comigo? - pergunto à Astarion, afastada do grupo.

- Shadowheart... - Ele começa, mas eu não o deixo continuar. 

- Não. Só nós. Confia em mim. 

- Certo.

Nós saímos sem armaduras, apenas com algumas armas fáceis de carregar para não levantar suspeita do grupo. Do lado de fora Astarion me questiona.

- Querida, por mais que eu adore dar uma escapada com você no meio da noite, eu gostaria de saber qual é o plano. A menos que você tenha enlouquecido também em Wrym's Rock. 

- Eu não irei derrotar Sarevok, não será necessário. Eu só preciso do Amuleto para entrarmos no Templo de Bhaal e ele me dará de bom grado. Ao menos minhas memórias me fazem crer nisso.

- E se não...

- Daí estamos fodidos. - Ele solta uma risada preocupante e aguda com a minha resposta, mas eu prossigo. - Mas eu estou certa. - minha expressão não me deixava mentir. Não exalei medo ou desconfiança do meu plano, estava séria e determinada. - Nós só teremos chance com a bênção de Bhaal. 

Amando uma Estrela: AstarionOnde histórias criam vida. Descubra agora