Capítulo 39

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Inês
Já são quase horas de jantar e o Eduardo ainda não compareceu cá em casa. Eu não sei o que se passa com ele e nem consigo pensar ou imaginar o que seja. Antigamente desabafávamos tudo um com o outro, não havia segredos, não havia faltas de respeito, mas há uns dias para cá, parece que é assim a nossa relação. Antes éramos como aqueles casais “goals” agora somos apenas, duas pessoas que esperam um filho ou uma filha, que discutem à mínima coisa e que o homem sai de casa e a mulher fica sentada à sua espera. Mas será que isto tem algum sentido? Algum nexo?
Porquê que também ficou chateado por ter comprado a mobília? Que eu saiba, não comprei tudo e sim algo que achei bonito e maravilhoso para o nosso bebé e ainda tem a lata de dizer que deveria lhe ter pedido permissão. Mas ele agora manda em mim?
De repente, o meu telemóvel começa a tocar. Vou a correr em direção do mesmo para saber quem era, até que vejo, que era o meu pai. Respirei fundo e atendi.

- Olá pai – disse.

- Olá filha! – Disse com um enorme sorriso – queria saber uma coisa.

- Sim pai, diz.

- Já jantaste?

- Não, eu ainda não fiz o jantar nem o Eduardo está cá em casa – respondi – mas porquê?

- O meu pai está em Lisboa e queria saber se gostarias de vir jantar fora comigo.

- Pode ser – provavelmente eu não deveria dar para já uma confirmação, mas eu mesma não sei nada do Eduardo, muito menos posso confirmar que vem jantar comigo – a que horas nos encontramos? – Perguntei.

- Vai despachar-te que o pai irá até aí buscar-te.

- Está bem pai – desliguei o telemóvel.

Não sei se fiz bem em ter aceitado o convite do meu pai sem pensar duas vezes, mas eu também não posso ficar à espera do Eduardo, quando não sei de nada. Não sei se vem jantar, não sei a que horas chega, não sei onde está, não sei absolutamente nada! Provavelmente isso não é bom numa relação, eu sei disso, mas não posso fazer nada, quando eu mesma não sei o que se passava. Comecei a vestir uma roupa básica e quente, enquanto o fazia, todos os meus pensamentos iam dar ao Eduardo e à forma como a nossa relação se encontra. Eu não sei até que ponto a mesma não está prejudicada.

*

- Olá pai – disse enquanto entrava no carro do meu pai – como é que estás?

- Isso pergunto eu – olhou para mim – a tua cara e a tua voz não demonstram que estejas bem.

- Isto passa – disse-me – a que devo a honra deste jantar?

- Eu descobri uma coisa – sorriu – e, acho que vais ficar bastante feliz.

- Agora vais me dizer o que é, porque estou com uma enorme curiosidade, tal como o teu futuro neto ou neta.

- Quando chegarmos ao restaurante irás ver – disse o meu pai enquanto saía do estacionamento do meu prédio – posso saber onde o Eduardo está para estares sozinha em casa?

- Eu não sei do Eduardo – disse ao meu pai – hoje eu fui com a Marta às compras e a mesma comprou uma cómoda para o meu bebé – o meu pai sorriu – e quando o Eduardo chegou, ele deparou com uns senhores a montar a caminha do bebé, a cómoda e alguns sacos, fora roupa que tinha comprado e estava estendida para secar, mas isso ele não viu – suspirei – ficou completamente enxofrado porque não lhe disse nada e ainda, me disse que deveria ter pedido a sua permissão, depois me disse que a Cláudia tinha razão quando mencionava que eu era ingénua e depois saiu de casa.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora