𝐂𝐀𝐏 𝟎𝟏: ༻ 🍓 𝐃e volta aos campos de morangos !

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FINAL DO SOLSTÍCIO DE INVERNO

— ★ Se houvesse algum robozinho capaz de arrumar as malas sozinho, tenha a certeza de que seria meu. Não suporto arruma-las. Ainda mais com minha irmã gritando "Vou me atrasar para o colégio e a senhorita não terá carona alguma!" feito um papagaio. Ela ganha o prêmio de voz mais aguda e irritante do planeta, nem precisa de esforço. Ok, poderia dizer à ela: "Eu pego um ônibus para que a vossa alteza não se atrase" mas não seria justo. Quando terminei de fechar o último zíper de uma das mini malinhas, ela apareceu com os dois pés juntos na porta do meu quarto. Seu rosto se tornou tão vermelho que podia jurar uma certa semelhança com um pimentão.

— Stacey, já são 08:00 horas! O que você tanto enfia nessas malas? Por Deus, que bagunça. — reparou encarando minhas coisas espalhadas pelo chão do quarto.

— O mérito da bagunça é seu, você me ensinou assim. — senti seu olhar fuzilando a minha pessoa. É, consegui irritá-la. — Quer dizer, nem está tão bagunçado assim...

— Quero você pronta em CINCO MINUTOS! — gritou e fez o número 5 com a ajuda de seus dedos da mão. Que bonitinho, você sabe contar, Emma.

E não é que fiquei pronta em cinco minutos? A troca de roupa mais rápida da minha vida. Emma ainda parecia brava quando desci para a sala de estar, mas não a olhei nos olhos, não sabia do eram capazes, talvez raios lazer? Ou controle mental? Não descobriria isso hoje. Peguei as malas e as coloquei em cima do banco de trás, o que deixou Emma possessa pois sujaria o carro mas a mesma já desistira de ficar com raiva. Quando entramos no carro, papai veio se despedir com duas caixas brancas, elas continham um laço lilás enorme na tampa. Eram presentes.

— Só os abra quando estiver no acampamento. Segura. Entendido? — pediu colocando os presentes no meu colo. — É uma lembrança pequena para se lembrar de casa.

— Pai, o senhor não...

— Shhh! Não comemoramos seu aniversário do jeito certo, então vamos consertar isso. — ele pegou nas minhas bochechas as acariciando suavemente, deixando o que parecia ser, manchas de tinta branca no meu rosto. A tinta pertencia as caixas. — Ah, acho que te sujei de tinta, querida.

— Não tem problema. — peguei a mão que havia mais tinta, posicionando seu dedo na minha bochecha e traçando uma linha, ficou meio torta mas não importava. — Pronto, agora estou pronta para a guerra!

Ele me olhou incrédulo, nem sequer riu da piada. Talvez tenha pego pesado com o coração do velho. A última coisa que meu pai queria era que sua filha se envolvesse em uma guerra, com monstros e deuses descontrolados.

— É... Estou brincando, pai. — soltei uma risada meio sem graça tentando quebrar aquele clima antes que fosse embora.

— Ah, que bom. — suspirou — Digo, você fica melhor com cores escuras. — Não fico não, pai. Ele fez o mesmo que eu tentara fazer, quebrar o clima. Mas sempre fico melhor com cores pastéis.

— Talvez. — sorri para ele da maneira mais singela possível. — Quando chegar peço para Quíron avisar o senhor, combinado?

— Combinado. Lembrou de pegar o colar de contas no criado mudo? — perguntou analisando meu pescoço em busca do colar.

— Sim, vou colocá-lo no acampamento.

Esse colar serve como uma forma de dizer *"Parabéns, você sobreviveu por mais um ano!"*, se não fosse de contas diria exatamente isso. Ele é feito a partir de um pedaço de couro, contendo contas de argila de cores diferentes. As contas são representadas por bolinhas, você as ganha no mês de agosto, no último dia da sessão de verão. Eu ganhara a quinta no verão passado, iria ganhar a sexta em breve — bem, teria de sobreviver até agosto primeiro —.

- ★ 𝐀 𝐇𝐄𝐑𝐃𝐄𝐈𝐑𝐀 𝐃𝐎 𝐆𝐄𝐋𝐎 | 𝐏𝐄𝐑𝐂𝐘 𝐉𝐀𝐂𝐊𝐒𝐎𝐍 Where stories live. Discover now