III. Evan

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Vanessa era a minha irmã cinco anos mais velha. Era como um anjo da guarda, minha protetora, ela me criou melhor que nossa mãe, que mais trabalhava do que nos cuidava. Eu, Margaret, era uma bobona com a cabeça no mundo da lua, vivia tão focada com minhas coisas e com minha arte, tentando romantizar todo mínimo detalhe dessa vida, que perdia facilmente o rumo sem Vanessa.

Desde que me mudei pra morar sozinha em São Paulo, minha vida virou uma verdadeira bagunça! Porém, foi sempre divertido - ou eu tento me divertir - porque conquistei a bolsa de estudos do meu sonho, fazia graduação de artes. O único problema era... ele.

Não que eu tivesse medo dele

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Não que eu tivesse medo dele.

Não me parecia ameaçador. Eu achava que aquele menino era carente, igual a um bicho assustado e ferido que não sabia pedir ajuda, que ficava de cabeça baixa procurando alguém que pudesse vê-lo e socorrê-lo.

Às vezes pensava em me aproximar... uma vez ele estava me perseguindo no supermercado e eu virei o rosto, sem querer, acabei encarando. Tive que contar até dez pra não ir até lá, abraçá-lo e falar "Calma, calma, tá tudo bem. Você gosta de mim, não é? Vamos nos conhecer? "

Mas me contive. Ele não sabia que eu sabia, imagino sua reação se descobrisse! Ficaria apavorado!

Eu descobri que estava sendo espionada há alguns meses, quando cheguei da aula e tirei minha roupa. Senti um peso, uma presença, alguma coisa no ar. Quando observei pela janela, logo na janela da casa ao lado vi o reflexo de um par de lentes no escuro. Eram binóculos! Eu ri sozinha, primeiro achei graça e me exibi. Contudo, virou constante.

Todos os dias, todas as noites, ele me observava, ele me assistia. Nunca coloquei cortinas, porque esse moço bonito de cabelos tingido de azul e pele pálida vivia uma platônica e estranha paixão por mim, fazia eu me sentir especial. Era muito esquisita por pensar assim?

Acho que no fundo, eu até gostava. Devia ter um lado exibicionista...

Só que eu era muito burra! Fiz a besteira de abrir a boca pra minha irmã... Pra que??

Ela, super preocupada, acabou pegando um avião e veio até São Paulo! Queria me levar de volta pro Sul, queria que eu abandonasse a graduação, largasse tudo... ela falava que tinha um louco me perseguindo.

Sinceramente, tentei convencê-la que era bobagem, que estava exagerando, que não tinha louco nenhum, que era só um vizinho bobo. Inventei uma desculpa pra ela não achar que tinha a ver com o rapaz. Só que Vanessa era esperta, se ela o encontrasse, capaz que batesse no coitado.

Percebi que era a hora de eu ir falar com ele...

Voyeur || Evan PetersWhere stories live. Discover now