22》🇰🇷 ▪︎ 🇰🇵

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— Não precisava mesmo fazer isso, senhora Jung. - rio ainda envergonhada.

— Sempre quis ter uma amiga próxima pra arrumar as unhas. - ela ri empolgada enquanto lixa, aqui não podíamos pintá-las, somente cortar. — E já disse que não é pra me chamar mais de senhora, né? 

— Desculpe, Jung. - sorrio observando a casa, seu marido não estava aqui novamente. — Você fica muito sozinha aqui?

— Sim, mas o tempo passa rápido quando eu faço as tarefas da casa. - troco a mão para a mulher começar a que ainda não tinha feito. — Na capital era mais difícil.

— Difícil quanto?

— Hmmm… na verdade, eu não gosto muito do que ele faz. - sua expressão não era das melhores e continua sussurrando, como se fosse um segredo. — Posso te contar uma coisa? Promete não falar pra ninguém?

Concordo com a cabeça, isso poderia realmente ser um segredo quando ela conversa numa casa cheia de escutas do governo?

— Meu marido… - a mulher torce o nariz, acho que estava em dúvidas sobre isso. Depois de alguns segundos ela chacoalha a cabeça, continuando. — Na época em que ele morava aqui, ainda era um novato no exército e cuidava do campo de concentração aqui de Kaesong.

— Sério? - pergunto sem entender o porquê dela ter me dito isso. — Ele cuidava dos registros?

— Não, na verdade cuidava dos que tentavam escapar. - Jung suspira soltando minha mão. — Cuidar não é bem a palavra certa, mas é que… bom, ele machucava e até matava pessoas que estavam presas lá.

Eu não precisava ouvir mais nada para entender que essa casa não está mais grampeada, apenas por saber algo ruim sobre seu marido já era de se notar que agora era seguro falar as coisas aqui.

Isso era bom, se algum dia precisarmos entrar aqui, vai ser bem mais seguro sabendo que pelo menos não saberão sobre nós ou sobre o que estávamos fazendo.

— Então… ele voltou pra trabalhar lá?

— Voltou pra mandar nos que estão lá. - Jung suspira derrotada e murmura: — Eu não aguento vê-lo, é tão torturante saber as coisas que ele faz lá e não poder fazer nada.

— Pro seu próprio bem, é realmente melhor não dizer nada. - digo mesmo que contra minha vontade. 

— Sim, tem razão. Só achei que seria agonizante dividir isso com alguém, mas parando pra pensar, fui muito egoísta porque agora você vai saber disso também. Me desculpe, Yoomi.

— Pode terminar minha unha se quiser se sentir menos mal. - brinco fazendo-a rir um pouco e ela volta a lixar. 

— Hmm, Yoomi? - a encaro e percebo que de repente ela parecia envergonhada, depois de pigarrear, a mulher diz: — Há quanto tempo é casada com seu marido?

— Há três anos. - minto qualquer data. — Por quê?

— É só que ele parece cuidar muito bem de você, devem ser uma família bem feliz.

— Você não é feliz? - seguro a almofada em meu colo ao perceber que ela tinha acabado de fazer minha unha. — Quer dizer, eu percebo algo estranho entre você e seu marido, não sei se é só impressão minha.

— Não é impressão - um sorriso forçado se forma em seus lábios ao mesmo tempo em que o brilho em seus olhos se perde, demonstrando o quão triste era para a mesma falar sobre isso. —, você sabe, foi um casamento arranjado… e ele não é muito receptivo comigo, bom, com ninguém.

Between Red and Blue | Hwang Hyunjin |Onde histórias criam vida. Descubra agora