Mother.

76 8 10
                                    

Mãe.

Katherine Romanoff

É uma noite fria, eu posso ver pelas nuvens os raios de luzes que se formavam no céu. Apesar de estar devidamente agasalhada com meu casaco de pelos, touca e luvas de frio.
as minhas bochechas e a ponta do meu nariz estão levemente vermelhas, por causa da ventania que está fazendo aqui fora. O calafrio que percorre pelo meu corpo está longe de ser pelo frio, é uma noite estranha.

– Katherine! – Minha mãe me gritou, me chamando pela terceira vez dês de que entrou em nossa casa.

Olhei para a porta e lá estava ela, com os braços cruzados, se tremendo de frio, apenas me esperando para entrar. Caminhei até ela com certa pressa e assim que entrei percebi o silêncio na casa. Tudo está silencioso demais.

– Alison não está? – Perguntei, olhando para todos os cantos possíveis na esperança de ver minha irmã.

– Ninguém está aqui, acredito que seu pai tenha a convencido a morar com ele agora. – Ela me responde com certa tristeza em sua voz, engolindo um seco.

Faz dois dias que minha mãe descobriu a traição de meu pai, e dês de então, ela não tinha forças para nada mais. O verdadeiro motivo de eu estar com ela é a culpa, eu descobri o caso do meu pai a alguns anos, ele teve apenas um momento com uma mulher desconhecida e isso gerou um filho, Richard. Quando ela teve o bebê, não aguentou e faleceu, meu pai cuidou da criança e não contou a ninguém. Quando eu descobri eu até mantive contato com meu irmão, mesmo achando que ele se magoou muito nessa história. Eu me mantive em silêncio todo esse tempo por medo de perder o que eu já tinha: os meus pais juntos. E por medo de perder um novo amor pra mim, um amor de um irmão mais velho.

Nossa família está longe de ser uma família tradicional e todos os momentos que tive com o meu Big Brother, eu pude me sentir uma adolescente normal. Toda a minha adolescência eu consegui fugir de qualquer assunto que me colocasse na máfia, eu gostava da adrenalina apenas, mas eu nunca quis enfrentar a morte todos os dias. Não como eles fazem. E agora aos 19, eu tenho uma grande decisão pela frente.

– Vamos subir. – Ouço a voz de minha mãe e a veja voltando da cozinha. Nem se quer percebi sua ausência. Ela me olha com um sorriso de canto ao segurar minha mão e um barulho repentino me assusta, fazendo eu me afastar dela.

– O que foi isso? – Questionei em um sussurro.

Em questão de segundos eu ouvi um barulho de uma arma destravando e por reflexo agarrei o braço da minha mãe. O mundo pareceu ter pedido sua gravidade quando eu olhei para trás, vendo a porta da entrada ser arrombada e tiros vieram em nossa direção. Eu gritei devido ao susto e coloquei a mão na cabeça, soltando a minha mãe e me jogando no chão.

Ouvi um barulho de mesa arrastando no chão e olhei para o escudo na minha frente, a minha mãe fez minha proteção. Eu me ajoelhei para puxá-la e logo vi ela com sua arma na mão, atirando para o andar de cima. Então o desespero no meu corpo aumentou ao saber que estamos cercadas. Minha mãe me fitou brevemente e continuou a atirar de volta
tentando se proteger. Mas foi tudo muito rápido. Quando os tiros pararam, eu vi minha mãe cair.

– Mãe! – Gritei entre as lágrimas que eu mal percebi que caíam pelo meu rosto. Levantei correndo e fui até o seu corpo, ela estava com sua mão perto da cintura, pressionando o sangue.

– Filha, ache o seu pai. – Ela diz com dificuldade. Rodiei o seu corpo tentando achar alguma saída, alguma saída dessa casa, alguma saída dessa situação.

– Não! Mãe, por favor, não! – Eu soluçava, segurando em sua mão.

Quando seus olhos fecharam, eu senti uma imensa falta de ar e a segurei. Aninhei ela em meu colo, envolvendo meus braços em sua volta de uma forma bem forte, com o sentimento que a traria de volta. Mas foi em vão, sua respiração eu mal posso sentir e dei um beijo em sua testa, vendo seu rosto pálido.

Sons de freio me assustaram e olhei para a entrada, mas uma parte de mim sossegou ao ver meu pai e sua equipe saindo dos carros. Eles vieram apressadamente, com as armas apontadas, analisando o local.

Alison foi a primeira ao entrar na sala, seu olhar ficou preso em nós e então ela começou a chorar. Suas pernas falham e ela cai no chão, colocando aos mãos no rosto enquanto chora compulsivamente. Meu pai se aproxima e olha para mim em choque. Olhei para ele com meus olhos já inchados de tanto chorar e as lágrimas quentes começaram a surgir de novo em meu rosto. Eu sei que além de Alison, só tem uma pessoa que sente muita culpa agora, essa pessoa é ele.

– Josie. – Ele diz com a voz falha, seus olhos estão marejados. Ele se ajoelhou ao meu lado e pegou minha mãe dos meus braços.

Aquela cena foi o fim do mundo para mim. Meus braços, meu vestido e o chão da casa sujos com o sangue da minha mãe. Meu pai chora baixinho enquanto sussurra diversas coisas para minha mãe. Olho para as minhas mãos e não consigo acreditar, não consigo acreditar que ela apagou aqui, nos meus braços.

Jason Romanoff

6 meses depois.

Perdi a noção de quanto tempo estou preso nesse escritório. As paredes rústicas me enjoam e o whisky no meu copo já está quente. Sinto minha cabeça latejar e vejo a hora no relógio em meu pulso. Já são 22:30 e agora eu entendo o motivo do meu corpo gritar por descanso. Estou no escritório dês das 09:00.

– Jason. – Olivia me chama pela segunda vez por trás da porta do meu escritório. Eu ouvi o barulho dos seus saltos se aproximando e também ouvi quando ela chamou pela primeira vez, apenas escolhi ignorar. – Jason, é sobre a Katherine.

Já faz 6 meses que eu não tenho notícias da minha filha. A última vez que tive sinal dela foi em Londres, quando uma câmera de segurança pegou ela andando de Mercedes por lá. Eu não consigo trabalhar direito, todas as minhas áreas estão sendo cuidadas pelo restante da equipe. Eu só vivo trancado no escritório pensando em algo, algo que no final se torna em nada. Escuto Olivia bufar, e quando penso que ela foi embora, ela bate mais duas vezes.

– Katherine está no telefone. – Olivia avisa e eu sei que ela está impaciente.

Sinto meu coração acelerar, estimulado pela alegria de ouvir a voz da minha filha após 6 meses. A adrenalina faz eu levantar correndo e abrir a porta em segundos. Olivia respira fundo e logo me entrega um celular, sumindo no corredor logo depois.

Entro no escritório e fecho a porta, colocando o celular no meu ouvido e escutando a respiração de quem eu achei que nunca mais ia ouvir.

– Minha filha! – Digo com tanta felicidade que chego a gaguejar.

– Oi pai. – Ela responde em um tom calmo. – Estou ligando para avisar que vou voltar.

------ Vanilha

Esse capítulo é curtinho mesmo, apenas com o intuito de mostrar o comecinho da história. Espero que tenham gostado! Comentem o que acharam :)

I AM THE GANGSTER Onde histórias criam vida. Descubra agora