A estratégia

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Rodolffo e Juliette apareceram em casa dele.  Agradeceram à empregada e dispensaram-a Domingo, segunda e terça.

- Descansaram meninos?

- Sim.

- Então vamos jantar fora.  Laurinha,  a mamãe trouxe roupa para ti.

- Mostra.
Olhou para a roupa e torceu o nariz.

Que chatice ter duas casas.  Nem vou poder escolher a minha roupa.

- Mas essa não é bonita?  Não gostas?

- Gosto.  Mas eu queria uma a condizer com o Rafael.

- Então o Rafael que escolha uma a condizer com a tua.

- Mas o Rafael só gosta de camisa e jeans quando vai sair, e eu também queria.  Agora, trouxeste um vestido às flores.  Isso não combina.

- Combina sim.   São flores azuis como os jeans.

Veste uma roupa do Rafael.   Vocês são do mesmo tamanho.  Até parecem gémeos, disse Rodolffo.

- Vem Laurinha.   Vamos escolher uma roupa igual à minha.

- Quando desceram, Rodolffo soltou uma gargalhada.   Os dois estavam exactamente iguais.  Diferiam nos sapatos e nos cabelos.  Ah!  E na maquilhagem,  porque a menina Laurinha não sai sem bâton e blush.

- Eu posso com isto, diz Juliette.   Daqui para a frente só tem tendência a piorar.

As crianças comeram rápido e foram brincar no parque exclusivo do restaurante que tem sempre um funcionário para estar de olho neles.

Juliette e Rodolffo ficaram a conversar e traçar o rumo das suas vidas.

- Tens noção que vai ser difícil mantê-los afastados?  Hoje foi a roupa, amanhã vão inventar outra coisa.

- Sei, Rodolffo.   E que fazemos?

- Vem viver comigo?

- Ainda não me sinto preparada.

- Porquê?

- Não  sinto.  Amanhã vou começar a fazer terapia.

- Se te faz sentir melhor , deves fazer.

De manhã cedo saíram após o café da manhã e foram passar o dia na praia.

Fizeram caminhada,  tomaram banho de mar e de sol e comeram coisas gostosas.

Laurinha e Rafael tinham uma conexão incrivel.  Enquanto construíam o castelo de areia, estavam numa conversa  bem animada e uma vez por outra olhavam para nós.

- Aqueles dois estão a tramar alguma, disse Juliette.

- Já percebi,  respondeu Rodolffo.

- Rafael,  tu gostavas de viver na minha casa? perguntou Laurinha.

- Sim, mas só se o papai também viver.

- Então temos juntar a mãe e o pai.

- Como.  Eles não são namorados!

- Sabes que vai ajudar a gente?  A professora Nini.

- Como? 

- Amanhã na escola eu conto-te e pedimos a ajuda dela.

- Vocês dois.  O que tanto conversam?

- Estávamos a falar se hoje também vamos dormir juntos?

- Hoje cada um dorme na sua cama e casa. - disse Juliette.

- Vês, Rafael?   Eu tenho razão.

- Razão de quê,  Dona Laura?

- Razão que não podemos ser família.   Família dorme juntos.

- Mas nós somos sim uma família.

- Família não tem duas casas.  Família fica toda na mesma.

- Quem disse?  Tem famílias assim com duas casas.  Um dia fica numa e depois na outra.

- Não gosto.   Tu gostas Rafael?

- Não.   Eu quero ficar sempre contigo.

- Agora tem que ser assim, disse Juliette.
Vamos encerrar esta conversa aqui.

Rodolffo assistia  calado à conversa dos três.

No fundo ele concordava com eles, mas  não ia pressionar, ia esperar a pressão vir das crianças.

Na manhã seguinte Rodolffo foi buscar Laurinha e deixou-os no colégio.

- Professora Nini, nós precisamos da sua ajuda.

Nini já estava ao corrente do parentesco entre ambos.

- Digam lá crianças.   O que precisam?

- Nós queremos escrever uma carta aos nossos pais para eles namoraram e vivermos todos na mesma casa, mas como não  sabemos escrever muito bem,  precisamos de ajuda.

- Está bem.  Mas vocês é que dizem o que eu vou escrever.

- Sim.  Nós dizemos.

- Então no intervalo maior vamos escrever.  Preparem-se para o que querem dizer.



Escravo da saudadeWhere stories live. Discover now