Prólogo

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Prólogo

Anne Shirley Cuthbert era uma menina muito inteligente e atrevida. Adorava um conflito, e quando alguém a incomodava, recebia como retribuição uma resposta à altura.

Era uma sexta-feira, quando estava sentada na sala de aula, escrevendo uma de suas ideias de poesia. Ter criatividade era uma dádiva, entretanto, não em uma aula de física. Estava concentrada, olhando com firmeza para os trechos de seu poema, quando uma voz curiosa adentrou os seus ouvidos com grosseria:

— Anne Shirley Cuthbert — falou o ilustre e odiado Sr. Phillips — o que eu disse?

Imediatamente, Anne buscou em seus colegas de classe uma ajuda, e sua amiga Diana, apontou no livro o que o professor estava dizendo.

Habilmente, Anne respondeu, de forma totalmente surpreendente a pergunta do professor, o deixando completamente sem graça diante de todos os alunos.

— Sente-se e já adianto — ele falou rispidamente — só entrará em minha aula segunda-feira com um de seus responsáveis! Quero falar com seus pais.

Anne engoliu a seco sua raiva, certamente suas bochechas coraram instantaneamente ao ouvi-lo. Odiava profundamente a injustiça, e além de tudo, seus pais novamente brigariam com ela, principalmente porque aquela seria a terceira vez que seriam chamados, na semana.

Quando o sinal tocou, ela juntou seus materiais e antes de sair completamente da sala, o Sr. Phillips a avisou mais uma vez.

— Que droga! — murmurou alto o suficiente para que Diana escutasse.

— Acho que dessa vez ele está irredutível — considerou a amiga — sinto muito, Anne.

— Ele ficou bravo porque eu respondi certo! — falou com indignação — isso é totalmente injusto.

— Você responder certo o envergonhou diante de todos os outros alunos — Diana considerou — mas não ligue para isso, tenho certeza que seus pais irão compreender, afinal, eles não são como os meus.

Anne arfou, enquanto procurava em sua mente uma forma menos desesperadora de contar aos seus pais.

— Acho que tenho uma ideia — ela sorriu, vitoriosa.

Antes que Diana pudesse perguntar qual era a nova estratégia que ela iria usar, Anne correu para fora do colégio disparada, tinha um plano genial, claro, se seu irmão concordasse em ajudá-la.

O caminho inteiro de volta foi tomado pela ansiedade, queria muito ver seu irmão, não só porque estava com saudade, mas também porque sua ajuda seria irrecusável… se ela o convencesse.

Seu coração bateu acelerado quando viu o carro do irmão na porta de casa, animada entrou e cumprimentou a mãe apressada… subiu as escadas rapidamente, enquanto sua mãe dizia alguma coisa que naquele momento era inaudível.

— Filha seu irmão trouxe…

Anne abriu a porta e se deparou com o seu irmão, de costas para ela, olhando para o vídeo game.

— Irmão! Você pintou o cabelo — ela correu até ele e lhe deu um tapinha leve na cabeça, logo em seguida pulou nas costas dele.

Aquele de fato não era o perfume que seu irmão usava de costume, e aquele cabelo, bom, não parecia com o do…

— O que está fazendo em cima do Gilbert?

Anne se afastou imediatamente, e fora constrangida por um olhar amigável e curioso do jovem rapaz…

— Ah…

Ela ficou sem palavras, enquanto o seu pobre coração imaturo batia descompassado em seu peito.

— Você não sabe falar? — perguntou o estranho.

— Anne, peça desculpas! — Ethan falou.

— Eu sinto muito — ela o encarou, sentindo o rosto quente como se tivesse engolido um vidro de pimenta.

O garoto se levantou e andou em direção a ela. Naquele momento, Anne perdeu todos os sentidos ou possibilidade de falar, ele era o garoto mais lindo que já vira em toda sua vida.

— Meu nome é Gilbert Blythe — ele estende a mão, mas logo em seguida balança os cabelos dela, como se ela fosse apenas uma criancinha.

— Anne — ela responde vergonhosamente — por favor, pronuncie Anne com E no final.

— Vaza daqui pirralha, e pare de encará-lo, ele nem é tão bonito assim.

Anne sai imediatamente do quarto, só desejando uma coisa, nunca mais sair de lá.

Amor oculto - Shirbert Where stories live. Discover now