[2] prólogo

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música do capítulo: cry - cigarettes after sex

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O esplendor estabelecido logo em frente seus olhos mal podia ser captado com exatidão de detalhes por suas orbes soturnas, essas que outrora brilhantes e lustrosas no momento se mantinham opacas mesmo que diante de tal magnificência. Ironicamente, ainda que a paisagem se mostrasse exuberante, naquele dia em especial o Sol não parecia à vontade para se exibir desavergonhadamente, muito pelo contrário, sua opulência se mantinha escondida por nuvens espessas e acizentadas que entregavam a tristeza dos céus naquela data.

Alguns relâmpagos sinalizavam uma revolta do clima, tal amotinação se mostrava contida no entanto. As luzes bravejantes não pareciam querer travar um guerra declarada contra o mar, e por isso, os raios se contentavam em se perder meio as nuvens após se estralarem. O mesmo se aplicava ao barulho, não haviam gritos de batalha vindos do céu, apenas as incessantes ondas que quebravam forte próximo a orla.

O homem de pé na areia cristalina da praia encarava o mar sem expressar qualquer emoção facilmente decifrável. Seu olhar se mantinha longe e obstinado de forma que nem mesmo seus fios de cabelo dourado o fazia perder o foco quando batiam sob seus olhos por conta dos ventos fortes que vinham do leste. Seu corpo torneado e muito bem pincelado pelos raios solares de Anuí, era protegido apenas pela bermuda vermelha que caia perfeitamente sob seu quadril; seu tronco, em contrapartida, era vestido apenas pelas incontáveis tatuagens pretas que eram uma verdadeira mistura entre significados e passa-tempo. Os pés se mantinham descalços como sempre, e apenas a tornozeleira que o prendia á prancha decorava a parte abaixo de seus joelhos.

Havia uma certa simetria entre aquele cujo pensamentos se equiparavam as nuvens nebulosas que decoravam o céu e as ondas revoltas que batiam raivosas assim como os sentimentos indiscerníveis que lhe atormentavam o peito. Era sabido por todos e era feito por muitos a analogia de que Jeon Jungkook era o mar; naquele momento, encarando o local que parecia mais o seu lar do que sua própria moradia física, Jungkook entendeu o que diziam.

Jeon não sabia se as traiçoeiras correntes de água estavam piores naquele trecho da praia ou será um unanimidade do mar naquele dia. A questão é que aquele local em específico era o seu ponto secreto. Um pequeno trecho meio á grutas de pedra realmente grandes que ele havia descoberto quando ainda pequeno. Para Jungkook, a parte mais importante daquele lugar era sem sombra de dúvidas o silêncio.

Uma mudez que ele obtinha longe das pessoas.

Longes das câmeras, longe dos fãs, longe do seu agente, longe do seu rival e especialmente, longe do seu pai.

Ainda sim, não poderia chamar a falta de barulho e multidão como quietude ou calmaria, ao menos, não quando estava preso com sua própria mente. Não havia paz em seus pensamentos.

O surfista respirou fundo. Balançou a cabeça na tentativa falha de afastar tanta ventania mental, e então caminhou à passos lentos até as águas cristalinas de Anuí. A temperatura gelada do mar não o fez vacilar mesmo que por segundo, há muito tempo havia se acostumado com o choque de temperatura entra o mar a água, não era um problema para ele se adaptar rapidamente.

Não era difícil se deixar ser levado pela corrente.

Jungkook remou com os braços enquanto mantinha seu tronco colocado na prancha branca que era uma de suas favoritas. Principalmente quando os desenhos do topo se mostravam à vista e era possível contemplar um emaranhado de rabisco desconexos que o próprio Jeon havia feito.

Em certo momento, o rapaz tatuado sentou-se no objeto e colocou a esperar pela onda perfeita.

Enquanto sentia o balançar das ondas jogando-o para cima e para baixo, Jungkook se sentiu estranho. Sentiu uma náusea demasiada tomar-lhe a boca do estômago e o embrulho em sua garganta se mostrou incômodo. O que era aquela sensação exatamente? Vertigem do mar? Não, claro que não poderia ser. Como poderia ter vertigem daquele que o fez?

Como poderia ele, se sentir adoecido por aquele que o tornou? Como poderia ele se sentir enojado com aquele que o manteve até o momento? Como poderia ele? Com que audácia poderia ele sentir qualquer aversão contra aquele que lhe chamavam de filho? Tal monólogo mental ainda era sobre o mar. Certo?

"Jeon! Jeon! Jungkook!"

Sua perda de consciência momentânea foi interrompida pelo que ele achou ser seu nome sendo chamado ao longe, muito longe. Quando o surfista piscou os olhos e focou a visão para a realidade, ele se assustou ao ver que não estava próximo a orla como antes. Sua prancha havia sido arrastada até o meio da corrente marítima onde corais se mantinham próximos. Jeon se virou minimamente para olhar a areia, porém as ondas fortes o impediam de discernir as silhuetas na areia.

— Ok, vamos remar de volta. - Sua voz grave disse pra si mesmo na intenção de se auto acalmar. Assim, Jungkook começou a fazer. Deitou de bruços na prancha outra vez e começou a bater os braços contra a correnteza.

Ao mesmo tempo, na orla da praia, uma figura mediana que usava moletons largos e um coque no cabelo, gritava em plenos pulmões para que o medalhista retornasse para a praia. Seu celular na mão direita apitava avidamente assim como o de Jeon sob o chinelo na areia. O alerta nacional de tempestade berrava tão alto quanto o próprio rapaz que olhava para Jungkook no mar de forma angustiada.

— Por que ele não sai? - A voz melodiosa soou com temor. — O que ele está fazendo? Por que não sai?

Jungkook queria sair. Queria muito sair da correnteza forte que lhe jogava de um lado pra outro, a questão é que ele não possuía força o suficiente para lutar contra.

— Merda. - Jeon ralhou sentindo o braço direito paralisar por conta da câimbra. — O que eu faço? O que eu faço? - Desesperou-se pela segunda vez na vida diante o mar.

Naquele momento, seu corpo foi suspendido á uma distância alta, seus olhos se arregalaram ao se ver tão alto em relação ao mar. Foi inevitável não olhar para trás, e quando o fez, o desespero foi instantâneo. Aquela onda perfeita que ele esperava havia chegado, no entanto, com ela vinha toda a fúria de um mar. Ao mesmo tempo, pedras consideráveis de gelo começaram a cair do céu, e Jungkook então se deu conta de que a batalha da natureza havia começado, e ele estava exatamente no meio dela.

— Merda, merda, merda. - Seu mantra desesperado foi acompanhado pelo embrulho no estômago e o frio na garganta quando a gigantesca onda o engoliu como um titã recém acordado. Não havia compaixão da água com o seu filho.

Jungkook foi engolido como Cronos engoli seus filhos na mitologia grega. Foi consumido como um pássaro sem asas por seu progenitor. Foi consumido como vinha sendo por toda a sua vida por seu pai.

Então se afirmavam que ele, Jeon Jungkook, havia nascido pelo mar, nada mais justo que morrer por ele também, certo?

Então se afirmavam que ele, Jeon Jungkook, havia nascido pelo mar, nada mais justo que morrer por ele também, certo?

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N/A: Oi.

Começamos bem, uh? Um pouquinho de adrenalina para compensar a calmaria quem vem por aí.

Espero que não me matem!

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Obrigada pela sua leitura e carinho.

ILY.

O beijo do Sol • jjk + pjmWhere stories live. Discover now