Eles crescem rápido

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Enquanto as crianças faziam suas malas, Castiel os observava atentamente. Temia que se desviasse o olhar por um segundo, os  filhos do pecado aparecessem e levassem os dois, por isso permaneceu ali enquanto entrava em contato com Dean mesmo sabendo que levaria uma bronca por não ter selado a casa.

- Você não consegue ficar sem mim não é? – O Winchester mais velho debochou. – Saiu a pouco daqui. O que você quer? Que eu apare suas penas?

- Dean. – Castiel pigarreou constrangido. – Temos um problema.

E assim foi: Castiel contou aos rapazes sobre a invasão. Sobre não terem selado a casa e avisou que precisavam de abrigo. Dean não hesitou em responder sim para apoiar e proteger os três, mas também não se calou para a falta de atenção de Castiel. "Você não pode achar que está tudo bem quando não está". O anjo revirava os olhos enquanto o rapaz questionava mas sua atenção fora roubada por um pequeno detalhe.

- Dean... – Castiel pausou a fala do homem que não cessava há minutos.

- Eu ainda não acabei...

- Eu selei a casa. – Disse o anjo quando olhou para o símbolo quase que imperceptível marcado na parede. "Os outros" haviam apagado os selos de proteção.

- E como é que eles entraram? Você simplesmente deixou a porta aberta?

- Não... – Castiel tocou no sigilo e quando olhou os dedos, a poeira da marca ficou sob suas digitais.

- Então o que aconteceu Castiel? Nós não estamos entendendo. – Sam se aproximou do auto falante para se comunicar.

-Eles apagaram.

- Apagaram tipo apagaram? – Dean questionou confuso.

- Sim. Acho que eles conseguiram desfazer os sigilos. – Castiel passou um dedo ao outro e tombou a cabeça. – Eles queimaram a proteção.

-Isso significa que não bastam selos contra demônios. – Sam afirmou. – Precisamos selar contra os anjos também. Mas isso impediria de vocês usarem os poderes no bunker. Vocês estarão protegidos. Essa é a notícia boa.

-E a má notícia? – Dean perguntou.

- Pode não funcionar... – Castiel respondeu.

E por fim decidiram que Castiel iria dirigir levando Kline e a pequena Winchester  até o Bunker.

Pouco tempo passou até que os dois Nephilins estivessem se despedindo do lugar onde passaram parte da vida. As camas iluminadas ficando para trás, as fotos antes penduradas agora  em uma pequena caixa de madeira, o baixo que Cassie ganhou de presente do pai com uma corda arrebentada devido ao esforço para colocar as coisas na caminhonete. A ruiva não pôde conter as lágrimas quando escutou o som metálico e sentiu o fio bater em sua mão. Talvez não fosse só uma corda instrumental rompida, mas dois corações quebrados  por precisarem dar adeus à memórias que ficariam ali naquela casa para sempre. Como fantasmas. Cassie e Jack correndo juntos pelas escadas, Castiel preparando o chocolate quente dos dois, Sam trazendo a coleira acreditando que Cassie era um cachorro, as playlists nos fones de ouvido,  Dean e Castiel conversando na mesa enquanto planejavam caçar... A corda de um contrabaixo era apenas uma metáfora. Naquela tarde, tudo iria mudar. "Eles crescem rápido" nunca foi tão verdadeiro como fora para Castiel quando fechou a porta e se despediu da casa.

Cassie e Jack não estavam como normalmente eram. Quando entraram no carro, não disseram uma palavra sequer. Os dois sentaram no banco de trás e a ruiva apenas deitou a cabeça no ombro do garoto que apoiou sua cabeça sob a da menina enquanto segurava sua mão. Os dois não sabiam o que estava por vim, mas sabiam nos gestos mais singelos que estavam ali um pelo outro. Jack acariciava os dedos da amiga enquanto sentia seu coração acelerado. Era medo, mas o garoto sabia que não era apenas esse sentimento que ocupava sua alma. O medo lhe gerava aflição, o fazia querer não respirar. Cassie o fazia querer estar vivo, querer ser melhor e se seu coração acelerava, o motivo era únicamente o amor que pouco a pouco Jack sentia crescer dentro de si. A ruiva permanecia de olhos fechados, tendo flashs dos momentos na casa onde cresceram. Lembrou das brincadeiras, dos potes de cereal, dos pirulitos de coração que ficavam para trás e já nem lhe importava tanto porque o que ela mais sentia saudade era de uma única memória: Quando Jack abriu a porta entregando o sobretudo de Castiel para a garota se vestir. O sorriso gentil deKline, a pureza em sua magnitude transformando pouco a pouco a garota que saiu do outro lado da cidade. Desde quando nasceu até chegar o mais próximo de Jack a primeira vez, ela já buscava por luz. Já buscava por Jack Kline. E por tê-la tornado tão doce, a garota sentia pouco a pouco o quanto as borboletas no estômago representavam o que sentia pelo Nephilim.

Filhos da luz | Volume um - Em andamento Where stories live. Discover now