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Capitulo 12
INESPERADO

DIÁRIO DE ELISABETH JONES

18 de dezembro de 1838
Hoje completa três meses desde de que estou hospedada nesse ainda enigmático castelo passei algum tempo sem fazer minhas anotações, sinto um pouco de culpa por me andar tão distraída ultimamente mas ter um companheiro como o conde me exige passar maior parte do tempo com a cabeça nas nuvens. E mudanças chegam sem que percebemos, sejam elas muito boas ou ruins.

A cada dia em que se passa Drácula e eu temos construído uma ótima relação, aproveitando a companhia um do outro em criar nossa própria rotina, tive que fazer uma readaptação em trocar o dia pela noite, passando inúmeras madrugadas lendo livros juntos na biblioteca enquanto comentamos sobre diversos assuntos, as vezes dançávamos valsa pelo salão principal enquanto o conde cantar cantava, improvisando uma trilha sonora e me fazendo rir junto com ele. Dias em que preferimos passar a noite toda na cama, suprindo nossos desejos e saciando a nossa fome de prazer. As vezes em que me permitir pela primeira vez passear sozinha pela vila mais próxima para observar as pessoas, algumas muito receptivas e educadas, já outras... bom ultimamente tenho notado que certos tipos de boatos ronda sobre o vilarejo, isso porque percebi que quando me aproximava alguns moradores faziam o sinal da cruz em si mesmos enquanto cochichavam me chamando de "a mulher do diabo", e eu seria hipócrita se tentasse desmentir isso, infelizmente ou — felizmente — esses meses em parte vêem de certa forma sendo um aprendizado. As vezes me pego pensando em como era antes disso tudo acontecer, uma mulher que quase nunca tinha visto o mundo lá fora porque sempre ficou o tempo todo debaixo das asas do próprio pai, por ele precisar trabalhar eu passava minha eu passava minha maior parte do tempo sozinha não tive oportunidade de fazer amigas para ouvir histórias sobre casos, idealizações de como o amor seria, de como seríamos ótimas esposas com belos maridos, ou uma mãe para me dar conselhos quando precisasse, onde podíamos passar um tempo juntas enquanto conversaríamos sobre as coisas da vida. Agora tive que aprender a lidar com meu eu interior, meu templo, meu mural, meu céu, e todas as noites eu o espero na minha porta como se eu fosse só uma criança.

A saudade do meu pai aperta no peito todos os dias, mandando cartas sempre que posso, contando sobre o meu dia a dia e como tenho passado meu tempo, mas ainda temo em revelar sobre meu relacionamento com o
conde, e apesar de sentir sua ausência tenho medo do dia em que ele voltar e tudo isso acabar como um passe de mágica diante dos meus olhos, seria doloroso demais voltar pra própria realidade.

"BEM VINDO AO NOSSO LAR"

De: John willian
Para: Conde Drácula

"querido amigo, provavelmente quando receber esta carta, estarei prestes a entrar numa estação de trem rumo a sua terra natal, e apesar do único assunto para me deslocar até a Transilvânia seja sobre tratar de negócios com sua pessoa. Fico contente em que esteja me recebendo em seu lar.

- atenciosamente.

Fecho a carta, o papel fino repousando nas minhas mãos que depois me ponho a colocar na mesa.
— mal posso esperar senhor John. — pensei alto, ideias tamborilando na minha mente agora, será uma noite perfeitamente agradável, olho para a minha esquerda e Elisabeth estava sentada numa poltrona justamente no mesmo lugar aonde havia uma brecha da cortina aberta, deixando uma faixa de luz solar grande pairar no piso, estava tão concentrada em suas anotações que mal me ouviu chama-la.
— querida? — chamei mais uma vez, ela levanta a cabeça e coloca seus pés no chão. Seu olhar se direciona até mim.
— sim?— respondeu fechando a capa do pequeno bloco.
— teremos uma visita hoje a noite. — sorri de canto.
— visita? — suas sobrancelhas se franziram duvidas escarrando em seu rosto.
— um, ou pelo menos era um dos principais pilares que financiam a empresa aonde seu pai trabalha. Ele irá se juntar conosco para discutir sobre finanças.
— parece sério — ela responde enquanto fecha as cortinas, deixando o cômodo apenas com a iluminação interna.
— e realmente é, mas esse não é o meu foco — a mesma caminha até mim ficando na ponta dos pés e repousa seus braços por cima dos meus ombros. — minha intuição diz que vai...
— mata-lo? — completei, seus olhos verdes se iluminando pra mim. — bom, ele está falido não é mais útil para a empresa, ele está vindo aqui pessoalmente porque quer tentar me fazer convencer aos investidores de deixa-lo ficar.

Se implanta um valor em um comercio, você recebe em dobro, mas se não estiver mais, esse ciclo se acaba. — Elisabeth refletiu por um tempo mas permaneceu calada.
— faremos um jantar para recepciona-lo pela noite. — puxei seu braço e pousei um beijo no seu pulso, sentindo o cheiro agradável da sua pele, isso a fez sorrir.
— mesmo assim não me sinto muito confortável, mas se é a única forma de você continuar se mantendo.. — ela olhou para o chão. — não se preocupe, se servir de descarrego para sua consciência John não é uma das melhores pessoas para chamar de bom homem — segurei seu lindo rosto em minhas minhas mãos e selo em seus lábios aquecidos.
— vai ficar tudo bem meu amor. — ela abre um sorriso toda vez que chamo assim — você sabe que a minha prioridade sempre é deixa-la confortável. — peguei sua mão e tateio o anel que a dei de presente recentemente, um belo anel com pequenas pedras cravejadas e uma esmeralda exposta no topo, exatamente como a cor do seus olhos, os olhos em que me afoguei desde da primeira vez que vi. — use aquele outro vestido que lhe dei, você fica divinamente linda quando usa. — sorrio exibindo meus caninos, hoje irei fazer uma ótima refeição.

Meu doce vampiroWhere stories live. Discover now