(Ato I) Cap. 4 - Medo do Escuro.

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Baela despertou em seu antigo castelo, a luz da lua filtrando pelas janelas de rochas. Seus olhos encontraram o espelho antigo, e lá estava ela, refletida na superfície gasta. Não a Baela envelhecida e cansada que ela conhecia, mas a Baela de seus vinte e seis anos, com a pele suave e os olhos cheios de esperança.

Uma voz infantil e feliz ecoou pelos corredores sombrios. "Mamãe! Mamãe!" O chamado veio de algum lugar próximo, e Baela se virou, o coração acelerando. Seu pequeno menino estava ali, parado na soleira da porta, com os cabelos castanhos desalinhados e os olhos brilhantes. Ele era a imagem dela mesma quando criança, tão parecido, tão feliz e inocente. Seu menino.

"Estava te procurando, mamãe!" disse ele, a voz doce como mel. "Eu tenho medo do escuro."

As lágrimas encheram os olhos de Baela. Seu menino estava ali, tão real quanto o reflexo no espelho. Ela estendeu os braços trêmulos, e ele correu para ela, abraçando-a com força. O cheiro de terra e grama fresca envolveu-os, e ela apertou-o contra o peito.

"Venha cá, meu menino," sussurrou ela. "Eu vou te proteger do escuro."

Ele riu, uma risada que fez os cabelos de Baela se arrepiar. "Você não conseguiu, mãe," disse ele, e sua voz já não era de um garotinho, mas a de um homem. "Eu estava lá, no escuro. Eu vi tudo."

Agora, ele tinha a aparência de um homem, vestindo a roupa de montaria dos Velaryon's. Seu rosto estava ensanguentado, metade da cabeça devorada. Os olhos vazios encararam Baela, e ela soube. Ela não o protegera. O escuro o havia alcançado, e agora ele estava ali, entre os vivos e os mortos, clamando por justiça.

"Você não conseguiu me proteger do escuro," repetiu ele, e sua voz ecoou pelos corredores vazios do castelo. "Agora, mãe, é a sua vez de enfrentá-lo." O vento uivou lá fora, e as sombras dançaram nas paredes de pedra. Damon foi para cima de sua mãe a derrubando com força no chão.




Baela acordou ofegante, agora em seu quarto moderno. Aquele maldito sonho a atormentava todas as noites, como um espectro que se recusava a partir. Ela voltou a ter seus dezesseis anos, a juventude que se esvaía como água entre os dedos. Seus olhos, outrora cheios de esperança, agora refletiam apenas tristeza e desespero.

Ao lado da cama, a porta se abriu. Baelon estava ali, seu irmão mais novo, com os olhos sonolentos e o rosto marcado pelo cansaço. Ele se aproximou, choramingando, coçando os olhos como uma criança assustada.

— Bels, eu não consigo dormir... — sussurrou, a voz embargada. — Eu "tô" com medo do escuro.

Baela sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros. O mesmo sentimento que a arrastava para o chão TODA SANTA VEZ. Ela olhou para o irmão, tão pequeno, tão inocente. Como seu filho, que ela havia perdido para sempre.

— Venha, eu vou te proteger do escuro. — prometeu, os olhos marejados. Não era apenas uma promessa para ele; era uma promessa para si mesma. Não perderia mais ninguém na escuridão.

O menino correu para os braços dela, buscando abrigo e conforto. Ela o envolveu com carinho, sentindo o calor do corpo dele contra o seu.

— Conta-me uma história. — pediu, deitando a cabeça no busto dela.

Baela suspirou. Sua mente estava uma confusão, assombrada pelo sonho que a atormentava. Um sonho com seu amado filho, um filho que ela não conseguia salvar.

— Há muito tempo, existiu um príncipe. Ele era o primeiro filho da rainha, mas não era filho do rei. — começou, a voz trêmula. — O pai dele era um homem cruel, e a mãe não queria mais filhos com ele. Então, ela teve um filho com um homem digno. Esse menino foi nomeado Daemon.

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