Epílogo

32 1 0
                                    

hora de soltar as correntes e correr com os gigantes."

Jonathan Vitteri

Há 17 anos atrás...

Quando um desconhecido morre, mesmo sem ter familiaridade alguma, sentimos a dor das pessoas próximas a ela. Eu já vivenciei muitas vezes essa dor, já reconfortei algumas pessoas, até me disponibilizei para qualquer coisa que precisassem. Mas quando a dor e o familiar é seu, tudo muda.

A vida na máfia, seja como for, te ensina a não ser vulnerável. Nunca mostre o seu ponto fraco.

Nunca seja um homem que demonstre amor, seja sempre a porra do soldado que você foi obrigado a ser!

Era oque o meu pai dizia, era oque ele ensinava. E hoje é ele que está sendo velado.

Mesmo com todos os cuidados, todas as restrições, ele estava ali.. morto.

Eu não conseguia ouvir nada ao meu redor, nem se quer me preocupava com as pessoas presentes.

Minha mãe estava chorando no colo de alguém, meus dois irmãos estavam em casa sem entender exatamente oque aconteceu de fato. E eu.. eu estava aqui, parado em frente ao caixão preto feito sob medida que descia lentamente até a cova.

Era o meu pai ali dentro.

Levi Salvatierra o meu pai está morto.

Morto, morto, morto.

—Ei, Jonathan.- uma mão pousou sobre meus ombros me fazendo olhar para cima onde Giulia me observava com atenção- Vamos para casa.

Sinto raiva. Não dela. Raiva de saber que hoje tudo irá mudar. Raiva das responsabilidades que terei de ter, afinal serei o homem da casa. Raiva por meus irmãos que irão crescer sem pai porque a porra dessa famiglia era tudo para ele. Raiva pela minha mãe que passará agora a viver sem o amor de sua vida.

Andava ao lado de Giulia que me guiava até o carro.

—Não! Por favor não!- ouvi o grito de minha mãe, quando os coveiros estavam prontos para jogar terra na cova que agora abrigava o homem que me deu a vida.

—Por favor meu amor, não me deixe aqui. Lutamos tanto, não pode acabar assim.- ouvia o som de socos. Acreditava que era ela mesma, tentando expulsar a dor que sentia.

Não conseguia encara-la, nem ajuda-la, eu só queria sair daqui e voltar para casa. Meus irmãos precisavam de mim.

—Vamos.- puxei Giulia que tinha as mãos nos meus ouvidos para que eu não escutasse os berros de minha mãe.

Ao entrar no carro olho pela última vez a multidão que viera demonstrar suas condolências. Todos com termos azuis, como é a nuestra ley.

Seriedade e principalmente a verdade conduzem essa máfia, nuestra famiglia. Eu honrarei cada um, como meus parentes e amigos mais próximos. Serei a vinganca para com os nossos ancestrais e para com o homem que tirou a vida de meu pai.

—Não se assuste Jonathan, logo chegaremos em casa.- avisou Giulia.

O Rei do crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora