Capítulo 15

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Meus pais já haviam ido embora a bastante tempo, e no fundo eu sabia que eles não iriam voltar. Apesar de toda a tristeza, eu estava estranhamente feliz. Feliz por não ter mais que dar satisfação a ninguém, por poder ser feliz com quem eu amo. Eu não conseguia distinguir ao certo meus sentimentos naquela momento, mais eu estava confusa, confusa demais.

Me deitei no sofá com um travesseiro entre as pernas e Kate logo entrou pela porta.

- Jenny me disse que seus pais estavam aqui, o que houve? - sua voz soava trêmula e nervosa.

- Tá tudo bem, agora eles já sabem de tudo pelo menos -  uma lágrima escorreu pelo meu rosto, Kate levou suas mãos até minhas bochechas e a enxugou.

- Ei, nada de chorar - me repreendeu ela - Tudo vai se acertar no final. Vamos sair, tomar um ar e fumar alguma coisa.

Kate estendeu sua mão para me ajudar a levantar, eu a segurei com firmeza e em um solavanco eu estava de pé bem a sua frente. Ela me beijou com ternura, e após eu colocar uma roupa mais decente que um pijama, saímos.

O primeiro sinal já havia tocado e os corredores da Cornell estavam lotados de alunos que aguardavam o início da segunda aula. Kate e eu continuamos caminhado e fomos até a fraternidade beta para pegarmos alguns cigarros com Dakota.

No caminho tivemos o gigantesco azar de cruzar com o  águia, que estava sentado debaixo de uma árvore em uma cadeira branca. Ele estava um pouco afastado dos prédios de dormitórios e em seu terno impecável observava os alunos entrarem para suas devidas aulas. Segurava em uma das mão uma garrafa de água, o que me fez pensar a quanto tempo ele estava sentado alí, na outra mão ele segurava um binóculo, que me pareceu mais que desnecessário.

Kate me puxou para o canto da parede e nos caminhamos em sentido contrário por trás da multidão, o águia não nos viu e eu respirei aliviada. A última coisa que faltava pra tornar meu dia ainda mais fodido era me meter em confusão.

Chegamos até a fraternidade beta que estava cheia de gente, aquelas pessoas realmente não estudavam? Nossa. Subimos as escadas e fomos até o quarto de Dakota, no caminho passamos em frente a outros quartos e eu pude ouvir gemidos, corei no mesmo instante, que situação desagradável.

- A coisa aí dentro deve tá boa - comentou Kate.

Batemos na porta do quarto e ouvimos a meiga voz de Dakota que dizia:

- Entra porra!

O quarto estava uma bagunça, o que não me espantou em nada. Havia uma pilha de bebidas alcoólicas de vários tipos no canto da parede e  maços de cigarro em cima da cama. Dakota estava jogada no chão lendo um livro de filosofia, e isso conseguiu me espantar mais que qualquer bagunça.

- O que vocês querem? - perguntou ela sem retirar seus olhos do livro.

- Nossa Mafiosa, a leitura parece muito interessante - disse Kate com seu casual tom de irônia.

- Vai se ferra, e se não tiverem dinheiro sumam da minha frente.

- Um maço de cigarro - disse Kate que jogou o dinheiro em cima de Dakota. Ainda sem nos olhar ela apontou para cima da cama onde estavam os cigarros, eu caminhei até lá e peguei um maço.

(...)

Já era fim de tarde e eu e Kate já havíamos fumado todo o maço de cigarros. Bem, pra falar a verdade eu só havia fumado dois dos doze cigarros que vem dentro da caixa. Kate tinha um leve problema de vício com cigarros e eu ainda não entendia qual sua paixão por aquilo.

Nos havíamos passado o resto da manhã e toda a nossa tarde sentadas na área verde  do campos, em um lado um pouco mais afastado dos prédios dos dormitórios. Kate me mostrava como as nuvens podem ter formas diferentes e engraçadas se olharmos bem para ela. Kate conseguiu ver várias formas como a de um bebê, um golfinho e até mesmo um sorvete, porém eu apenas via nuvens. Nada mais que isso.

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