Parece patético um homem crescido de vinte e cinco anos com medo de uma mulher demente. Mas pensei sobre ela a vida toda, minha mãe adotiva sempre me disse o quanto parecia que ela me amava de verdade e que não queria se desfazer de mim mas que fez isso pro meu bem.
— Vamos Victor..está tudo bem..
Freya segurou minha mão mas eu não queria entrar estava sem coragem, antes de abrir a porta eu a beijei com toda vontade que tinha tentando encontrar a coragem para fazer isso. Ela sorriu contra minha boca voltando a me beijar com mais intensidade me fazendo sentir o que ela estava sentindo.
— Meu pai faz isso com minha mãe quando precisa de coragem..
— Desculpa não queria parecer estranho.
— Eu gosto... pode tomar coragem quantas vezes quiser.
Eu não posso descrever o quanto eu amo essa garota...
Segurando sua mão eu abri a porta e lá estava ela, bem mais velha, muito magra, e olhando pela janela. Ela nem mesmo notou quando entramos no quarto e eu me aproximei dela tocando seu cabelo grisalho e só então ela me notou mas ainda não me conhecia.
— Ela entende?
— Algumas vezes, mas só em russo..
Me abaixei a sua frente olhando em seus olhos que eram iguais aos meus, segurei suas mãos e ela parecia não estar entendendo, ela com toda certeza não está louca só está debilitada e precisa do seu próprio tempo.
— Minha mãe adotiva ficou louca pouco antes de morrer, ela não conseguia me ver... ela não sentia os toques e ignorava a presença de qualquer pessoa.. essa mulher aqui não está louca, ela só não quer falar com ninguém..
Eu a entendia, ela passou vinte e três anos da vida dela presa em um quarto escuro o que teria pra dizer? A encontraram e foi isso... sua vida nunca mais será a mesma mas eu ainda tenho uma chance de fazê-la feliz com minha presença.
— Privet, Yeva... vozmozhno, ty menya ne pomnish', potomu chto s proshlogo raza proshlo mnogo vremeni.
(Olá Yeva... talvez não se lembre de mim porque faz muito tempo desde a última vez.)
Ela olhou pra mim ainda mais curiosa me encarando como se tentasse me reconhecer mas era impossível por mais que ela se lembrasse do bebê que teve.
— Menya zovut Viktor, ya tot rebenok, kotoryy rodilsya u vas dvadtsat' pyat' let nazad...
(Meu nome é Victor, eu sou o bebê que você teve vinte e cinco anos atrás...)
Ela franziu o cenho confusa e quando se deu conta seus olhos se encheram de lágrimas e ela segurou meu rosto como se eu fosse uma miragem bonita.. sem que eu esperasse porisso ela me abraçou e começou a me ninar em seus braços chorando desesperadamente.
Aquilo também me fez chorar porque mesmo que eu nunca tenha tido vínculo com ela eu consigo imaginar quantas vezes ela quis me ver de novo, talvez deva ter imaginado que eu estava morto ou algo assim... Era bom trazer conforto ao coração dela.
— moy rebenok..(meu bebê..)
Me assustei ao ouvir ela falar pela primeira vez e Freya sorriu confirmando que ela estava mesmo bem, como pensei ela não está louca..
— Ne plach', mama, pozhaluysta... vse v poryadke, teper' ty v bezopasnosti.(Não chore mãe porfavor... já esta tudo bem, você esta segura agora.)
Ela estava muito abalada e tinha medo que passasse mal, suas mãos estavam tremendo enquanto ela me abraçava e me beijava. Fiquei ali por um tempo conversando com ela mas já estava ficando tarde e ela precisava descansar.
A fiz se deitar na cama, a cobri e segurei sua mão garantindo a ela que voltaria no dia seguinte até que a mesma foi vencida pelo cansaço e acabou dormindo.. a observei por um tempo tão abatida até que decidi sair dali para poder respirar um pouco e absorver tudo isso.
— Como se sente?
— Preciso de um momento pra saber...
— Eu vou tomar banho, pode pensar o tempo que precisar e se quiser conversar eu vou estar no quarto te esperando.
Ela me deu um beijo me deixando sozinho ali no meio do corredor e era exatamente isso que eu precisava.. desci as escadas pensativo até a sala e me sentei no sofá sentindo o peso de tudo isso cair em cima de mim.
Eram muitos pensamentos, mais do que eu deveria pensar, Vladimir destruiu nossas vidas.. tudo o que ele fez pode levar anos para se resolver e talvez não resolva tudo. Estava com o rosto entre as mãos apenas pensando sobre tudo quando ouvi uma voz que me fez assustar.
— Então foi você quem engravidou minha filha.
O pai da Freya era imponente e me assustava, ele estava parado me observando com os braços cruzados e cheio de músculos com uma expressão séria. Acho que ele não gostou muito de saber que a filha dele está grávida pelo jeito como bateu no Ivan hoje mais cedo com certeza ela é a garotinha dele e isso me assustava ainda mais.
— Oi... senhor..
— Não tivemos tempo pra conversar, pode ser agora?
—...cl..claro..
Ele riu notando meu nervosismo pelo seu tamanho e se sentou ao meu lado batendo no meu ombro como se fossemos amigos... mas eu sei que ele só está tentando não me assustar mais.
— Não me agradou minha filha engravidar tão cedo.. muito menos que Thomas engravidasse aquela garota.
— A gente devia ter se protegido, eu sei...
— É deviam... mas agora que já aconteceu não podemos lamentar, a única coisa que me deixa sem saber o que fazer é a doença dela.
— Thomas me contou, eu quero ajudar mas eu não sei como senhor, eu estou desesperado eu... não quero que nada de ruim aconteça com ela nem com meu filho.
— Vi o que fez com Ivan hoje, gosto de saber que quer protegê-la mas ela é minha filha e é forte o suficiente pra se proteger sozinha... mas isso não significa que não tenha que fazer sua parte.
— Ela é a pessoa mais incrível que eu já conheci...
— Eu sei, e é porisso que tenho certeza de que essa doença não vai acabar com ela...
Ele me entregou um papel com um número de telefone e um endereço.
— Isso é o número e o endereço de uma clínica especializada nesse tipo de doença, Freya não quer ir ela tem medo de hospitais, convença ela esse é seu trabalho agora.
Ele tinha noção do que estava me pedindo? Convencer Freya Clark de fazer alguma coisa é impossível principalmente quando ela ja está decidida. Ele riu notando que já sabia que tinha me dado uma tarefa impossível e segurou minha mão me cumprimentando.
— Bem vindo a família garoto.
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Obsessão parte II
УжасыEu sou o Thomas Clark Parker. E eu sou a Freya Clark Parker. Somos os filhos gêmeos dos dois maiores psicopatas mafiosos da Europa e essa é a nossa própria história. Até onde podemos ir pelas nossas obsessões? Quais consequências podem cair sobre nó...
