32. Ondas - Heitor

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Compreender a fundo de onde surgiu o olhar de cobiça do melta em Briseis não foi um dos meus top 10 momentos naquela noite.Porém, o que veio depois...

Quando a garota inclinou o rosto em minha direção e me beijou, eu já nem era capaz de lembrar o nome do maldito. A única coisa que meu cérebro captava era o cheiro da sua pele misturado ao mar, invadindo minhas narinas e me deixando inebriado. Seus lábios sob os meus estavam quentes, e precisei me esforçar para acalmar o ritmo, alternando os beijos intensos com outros mais leves. Ela soltou um pequeno grunhido de frustração em resposta. E só aquilo já foi mais que o suficiente para me fazer jogar tudo pro alto.

Como Briseis poderia supor que apenas a magia nos aproximou? Como ela não conseguia ver que eu largaria todo poder, reinos e impérios, só pra estar ao seu lado e garantir aqueles beijos para sempre?

Meus pensamentos foram interrompidos quando seus dedos apertaram meus ombros e ela me arrastou para si, ditando o ritmo que queria seguir. Aprofundando o beijo, puxei-a pela cintura, encostando meu corpo no seu e prendendo-a com firmeza entre mim e a amurada. Por um instante, temi que ela se desse conta da imensidão de água atrás de si e ficasse assustada. Contudo, os sons que Briseis emitiu enquanto eu explorava seu lábio inferior deixavam claro que ela não estava muito preocupada com mar sem fim. Pressionei meu quadril contra o dela, deixando que se tornasse ciente do quanto eu a queria. Em resposta, suas mãos se entrelaçaram em minha nuca, meio me guiando, meio me prendendo, até que o resto do mundo desaparecesse.

Só consegui voltar a respirar com regularidade quando Briseis se afastou algum tempo depois.  Tinha os lábios ligeiramente inchados e as bochechas tingidas naquele maravilhoso tom vermelho-terra. Ela era a coisa mais linda que eu já vira em toda minha existência, e estava ali, bem nos meus braços.

— Vão nos pegar aqui — sussurrou, mas sua voz ainda era um misto de desejo e excitação.

— E quem se importa?

— Sua majestade imperi...

Antes que Briseis ousasse continuar, me inclinei para beijá-la de novo. O barulho das ondas  contra o casco do navio fundiu-se aos nossos suspiros abafados.

— É sério, Heitor! — ela insistiu, minutos depois, conseguindo me afastar ao estender a mão em meu peito.

— Relaxa — pedi. — Nossas auras estão bem escondidas.

Eu vinha ocultando-a  desde que toquei em sua pele pela primeira vez naquela noite. Precisava me certificar de que nenhum curioso nos detectaria e se aproximaria para saber o que fazíamos madrugada a dentro.

— Odeio como você pode trapacear com toda essa magia — resmungou.

— Olha só quem fala...

Segurei sua mão que me empurrava, levando-a até a boca e beijando a extensão da cicatriz ao redor do pulso, lentamente. Observei enquanto cada um dos seus poros se arrepiava sob meus lábios. 

— Vamos sair daqui agora — implorou com a voz entrecortada. — Ou Karen vai me prender para mais um interrogatório.

— Não acredito que ela fez isso — falei, soltando seu pulso com delicadeza. 

Precisei me esforçar para fingir surpresa. Jamais admitiria que estava bisbilhotando mais cedo.

— Achou mesmo que a imperatriz iria deixar passar após o jeito que nos flagrou no castelo?

— Que jeito?

Dei um sorriso torto, deslizando a mão até sua bunda.

— Heitor! — Suas bochechas estavam em um tom vermelho ainda mais intenso. — Juro que vou surtar se tiver outro papo com a imperatriz sobre contracepção em terras hanarianas.

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Ventos do Outono - Livro 2Where stories live. Discover now